05/09/2025
✨ A terapeuta suficientemente boa e a gestação ✨
Estar grávida enquanto exerço a clínica é viver, junto com meus pacientes, a presença de um terceiro real: o bebê. Ele não está apenas na fantasia, ele existe, e isso transforma a relação terapêutica.
📖 Winnicott nos fala da mãe suficientemente boa. Na clínica, podemos pensar também na terapeuta suficientemente boa: aquela que não promete perfeição, mas sustenta o processo mesmo nas falhas inevitáveis. A gestação traz ausências, cansaços, limites… e, ao mesmo tempo, abre espaço para que o paciente possa simbolizar a experiência da falta e da reparação.
📖 Bion lembra da função de continente: a capacidade de acolher e dar forma ao que é vivido. Na gestação, continuo sendo continente para meus pacientes, mas também preciso conter a mim mesma e ao bebê. Isso convida o paciente a tolerar uma realidade importante: a de que o analista também é humano, atravessado pela vida.
📖 Ferenczi nos fala da elasticidade da técnica: a possibilidade de criar, junto com cada paciente, formas de atravessar as mudanças sem perder o vínculo essencial.
Cada paciente dá um contorno diferente a essa experiência. Para alguns, pode despertar sentimentos de exclusão ou rivalidade; para outros, pode abrir espaço para participar simbolicamente de um processo de criação e cuidado.
No fim, o que a gestação ensina é que a análise não se apoia na perfeição, mas na suficiência. Suficientemente boa, suficientemente presente, suficientemente humana. 🌷
🍁 Que você possa sentir!