14/06/2024
Alzheimer é assim...
Todo ano, em todo o mundo, são diagnosticados quase 8 milhões de novos casos de demência, ou 1 a cada 3 segundos;
- Brasil tem a quinta maior população idosa do mundo, com mais de 28 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Isso representa 13% da população do país;
- Hoje no Brasil mais de 1,5 milhões de pessoas são diagnosticadas com demência;
- Estima-se que de 5% a 8% da população de maiores de 60 anos sofra demência e que o número total de pessoas atingidas pela doença supere os 82 milhões em 2030 e os 152 milhões em 2050.
Para quem nunca ouviu falar disso, vou tentar dar algumas informações básicas, que não aprendi em nenhum tratado de medicina, mas durante o período em que eu cuidei dos meus pais.
Só para lembrar sou arquiteta, e nunca tive nenhuma proximidade com a área de saúde.
A causa é desconhecida, a cura ainda não existe mas, existem duas boas notícias – a primeira é que há medicamentos que conseguem retardar o avanço da doença; a segunda é que através de pesquisas, já existem exames que conseguem identif**ar a probabilidade de alguém desenvolver essa doença.
Meus pais tiveram Alzheimer – ai que medo. Não é necessariamente hereditária e ainda não se sabe se é decorrência de estilo de vida, genética ou sei lá o que.
Como perceber os primeiros sinais?
A primeira característica é a perda de memória, principalmente a memória recente; depois vem a confusão mental, dificuldade para se expressar, agressividade, delírios... tudo isso está bem explicado em inúmeros sites e grupos de apoio e pesquisa. É bom dar uma olhadinha e buscar informações.
Às vezes o Alzheimer é confundido com estresse e depressão, mas aos poucos ele começa a mostrar sua face mais cruel.
Algumas atitudes são fundamentais para manter a segurança do paciente, entre elas:
- Nunca deixe o paciente sozinho, nem por um minutinho;
- Não se esqueça de desligar a válvula do botijão de gás, sempre que não estiver usando;
- Esconda as chaves da casa e armas ou objetos cortantes;
- Esconda a chave do carro, de preferência o carro;
- Não medique sem a prescrição de um médico, nem todo corpo tem a mesma reação ao medicamento;
- Quando não conseguir controlar e oferecer qualidade de vida ao paciente busque profissionais, seja em hospitais públicos, ou clinicas especializadas, caso você possa pagar;
- Durante os delírios não tente racionalizar, isso só vai irritar o paciente e piorar e estado de saúde dele.
O Alzheimer sempre produz duas vítimas, no mínimo - o paciente e o cuidador.
O paciente/cuidador não é muito estudado, e nem tem nenhum tipo de apoio do Sistema de Saúde, ou Leis que o amparem.
Geralmente o cuidador é Mulher (87%) uma filha, esposa, nora ou alguém que assumiu a responsabilidade por cuidar de algum parente, quando todo o resto da família o abandonou.
Esse cuidador será mais afetado pela doença do que o portador do Alzheimer. É ele que vai parar sua vida, abandonar trabalho, lazer, cursos, compromissos; é ele quem vai f**ar acordado durante meses seguidos, é ele quem vai participar dos delírios, fazer curativo nas escaras, vai assistir aos surtos de violência e é ele quem vai conviver com alguns sintomas pós Alzheimer, por alguns anos depois que o paciente morrer.
Sim. O paciente vai morrer, o cuidador também, aliás todos nós vamos morrer, de Alzheimer ou atropelamento.
Quais os sintomas da Síndrome do cuidador?
- Exaustão emocional, despersonalização e diminuição da realização pessoal.
- Estresse e depressão;
- Dívidas e sem condições para reintegrar ao mercado de trabalho;
- Dores insuportáveis nas juntas, coluna, braços (carregar, ou mover o paciente não é muito fácil)
- Isolamento social – cadê todo mundo?
- Insônia por remorso, culpa, lembranças, medo, saudade...
- Vazio e Ansiedade
- Burnout, Pânico, Frustração, Medo, Exaustão...
E tudo isso temperado com a mágoa e a revolta, por assistir a morte lenta de alguém amado que esperou por aqueles que o abandonaram, até o último suspiro.
Míriam Morata, com dor nos braços, costas e na Alma desde 2007, esperando o trem da felicidade passar.