
12/10/2025
Na Gestalt-Terapia quando falamos que um relacionamento não termina no grito, mas no silêncio, podemos ir além da ideia de que o silêncio é ausência de palavras: ele também pode ser ausência de presença! O grito, na maioria das vezes, nos dá a sensação de que carrega força vital, ou seja, ainda há investimento, ainda há contato, mesmo que em forma de conflito. O silêncio, ao contrário, pode representar o rompimento do fluxo da relação, a desistência de se arriscar no encontro com o outro.
Do ponto de vista gestáltico um relacionamento se sustenta no campo relacional: eu e você estamos em contato, nos afetamos e nos transformamos mutuamente. Quando, no entanto, esse campo se empobrece, o diálogo se esvazia e os ajustamentos criativos perdem espaço, levando à instalação de um vazio de contato. O silêncio passa a ser, nesse sentido, não apenas falta de fala, mas interrupção do ciclo de troca.
E é interessante pensar que, em muitas das vezes, esse silêncio começa de forma quase imperceptível: pequenas desistências em dizer o que incomoda, pequenas renúncias em compartilhar o que alegra. Aos poucos, o “nós” que sustentava o vínculo vai se desfigurando e quando o encontro não se sustenta, a relação já não encontra mais solo fértil para se expandir.
O inédito aqui é perceber que o fim não está apenas na ausência de voz, mas no colapso do contato. O silêncio, então, é menos sobre não falar e mais sobre não estar e talvez a pergunta mais fecunda não seja “quando paramos de gritar?”, mas “quando paramos de nos encontrar?”.