Hegle Dias - Psicologia e Neuropsicologia

Hegle Dias - Psicologia e Neuropsicologia Gente que cuida de Gente. Acompanha o caminho. Psicoterapeuta. Gestalt-Terapeuta. Arteterapeuta. O QUE FAZ O NEUROPSICÓLOGO? O QUE É AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA?

Especialista em Psicologia Clínica Neuropsicologia e Reabilitação Neuropsicológica. O QUE É PSICOTERAPIA?
É um espaço que permite a pessoa (interessada, ou que foi encaminhada) encontrar e conhecer aspectos próprios ou vivenciados em situações diversas, que possam estar lhe trazendo sofrimento emocional, dificuldades de relacionamento, profissionais ou sociais. Muitas vezes é considerada como méto

do de tratamento, isoladamente, ou em parceria com um tratamento médico. O QUE É NEUROPSICOLOGIA?
É uma área da psicologia e das neurociências que estuda as relações entre o sistema nervoso central, o funcionamento cognitivo e o comportamento. Suas principais atuações abrangem o diagnóstico complementar e intervenções clínicas voltadas para os diversos quadros patológicos decorrentes de alterações do Sistema Nervoso Central, bem como pesquisa experimental e clínica na presença ou não de afecções. (MIOTTO: 2012)
No contexto clinico, realiza Avaliação Neuropsicológica a fim de auxiliar no diagnóstico diferencial de quadros neurológicos e transtornos psiquiátricos e, planeja programas de Reabilitação Neuropsicológica, voltados para as alterações cognitivas, comportamentais e de vida diária dos pacientes. Consiste em um processo que busca examinar e analisar as funções cognitivas tais como, atenção, memória, pensamento, linguagem, funções executivas e outros, indicando que funções estão preservadas ou comprometidas. Investiga as alterações de humor, alterações comportamentais e o impacto destas, na vida diária, ocupacional, social e pessoal das pessoas. QUEM PRECISA FAZER ESSE TIPO DE AVALIAÇÃO? A avaliação é indicada para investigar o grau de alterações cognitivas e comportamentais. Além disso, monitora a evolução de quadros neurológicos e psiquiátricos, durante tratamentos clínicos medicamentosos ou cirúrgicos. Geralmente ela é indicada por médicos de diversas especialidades para auxiliar no diagnóstico e tratamento de seus pacientes. É mais comumente solicitada, por Neurologistas, Psiquiatras, Geriatras, Cardiologistas e Pediatras. Algumas vezes é solicitada por professores ou familiares de pessoas com alterações comportamentais. Alguns exemplos de indicações para Avaliação Neuropsicológicas são:
- Déficits cognitivos: pós acidente vascular cerebral (AVC), pós lesões cerebrais decorrentes de traumatismos (TCE); pós tumores, pós meningo-encefalites; nas desordens psiquiátricas; no alcoolismo e abuso de outras substancias químicas;
- Déficits cognitivo na epilepsia; Déficits cognitivos na esclerose múltipla e em outras desordens neurodegenerativas; dificuldades escolares e transtornos do aprendizado;
- Déficit de memória (esquecimentos) associado à idade e em quadros demenciais; Diagnóstico diferencial entre depressão e demência; Déficit atencional no Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH); dentre outros. O QUE É REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA?
É um processo que envolve um conjunto de procedimentos e técnicas que promovem o restabelecimento do indivíduo incapacitado em sua adaptação física, psicológica e social a fim de superar, enfrentar ou conviver melhor com as dificuldades cognitivas resultantes de uma lesão cerebral ou quadro neurológico. Este trabalho tem como objetivo planejar e programar intervenções junto aos pacientes, familiares, cuidadores junto às equipes multidisciplinares (fisioterapeutas, médicos, fonoaudiólogos, psicoterapeutas, terapeutas ocupacionais, etc.) com o propósito de melhorar a qualidade de vida de pacientes e seus familiares. Entre os recursos utilizados neste trabalho se incluem técnicas de Treino ou Reabilitação Cognitiva com a finalidade de estimular, preservar ou minimizar o comprometimento das funções cognitivas. QUAL A DIFERENÇA ENTRE UM PSICÓLOGO E UM NEUROPSICÓLOGO?
É a formação acadêmica e a prática clínica. Dentro da psicologia há vários campos de trabalho e várias correntes teóricas que a embasam. Nem todos os psicólogos atuam nesta área de conhecimento. Muitos escolhem outros campos e diferentes formas de trabalhar, portanto, não são todos que buscam a Especialização em Neuropsicologia enfatizando-a em sua prática clínica. QUAIS ATIVIDADES SÃO DESENVOLVIDAS NO CONSULTÓRIO?
- Psicoterapia de jovens, adultos e idosos;
- Avaliação Neuropsicológica;
- Treino Cognitivo (prevenção e reabilitação)
- Há possibilidade de atendimento domiciliar para Avaliação Neuropsicológica em caso de encaminhamento médico para pessoas idosas, pessoas hospitalizadas ou pessoas com dificuldades de locomoção. A Reabilitação Neuropsicológica ocorre em parceria com outros profissionais.

Nem todo cuidado nasce do amor, uma vez que também podem surgir por necessidade de adaptação. Nesses casos, a adaptação ...
18/08/2025

Nem todo cuidado nasce do amor, uma vez que também podem surgir por necessidade de adaptação. Nesses casos, a adaptação se dá de forma tão precoce e silenciosa que a gente nem percebe que passou a vida inteira cuidando dos outros para continuar sendo amado.

Na infância, por exemplo, quando o afeto vem condicionado à obediência, ao bom comportamento ou à supressão de emoções a criança não questiona, mas se molda. E esse moldar caracteriza a melhor forma que ela encontra, naquele contexto, para continuar pertencendo, sendo vista ou, ao menos, tolerada. É nesse sentido que talvez você tenha aprendido a manter a paz ao seu redor em detrimento de partes suas… para garantir a permanência das relações você se molda às necessidades alheias mesmo que isso signifique esconder suas próprias dores.

Isso, inclusive, influencia na repetição desse padrão em suas relações atuais. Você continua sendo aquela pessoa que oferece apoio mesmo quando está exausta, que escuta sem ser escutada, que não reclama, que não diz “não”, que perdoa rápido e que acolhe até quem machuca… tudo isso para evitar o risco de ser deixada de lado.

O cuidado, no entanto, quando se torna obrigação deixa de ser afeto para ser sobrevivência! E o problema não está apenas no que você faz pelos outros, mas na forma como aprendeu a se excluir da equação, já que na maioria das vezes quem cuida de todo mundo é quem menos sabe cuidar de si.

Na tentativa de preservar vínculos você pode estar mantendo vivos padrões de autoabandono. Além de haver algo ainda mais delicado: a culpa que aparece quando você tenta romper com essa lógica. Dizer “não posso” ou “não quero” parece uma afronta, priorizar-se soa como egoísmo e o medo de decepcionar os outros é tão grande que você continua sustentando relações que te adoecem só para não desagradar.

Na Gestalt-Terapia falamos da importância de se incluir no campo da relação, não apenas como a pessoa cuidadora, mas como alguém que também precisa ser cuidada. Afinal, você não precisa continuar repetindo antigas lealdades que foram criadas no medo… agora é possível escolher relações onde o amor não seja barganha, mas presença.

Você não precisa merecer o descanso.Essa frase pode parecer óbvia, mas ela desafia uma lógica profundamente enraizada: a...
15/08/2025

Você não precisa merecer o descanso.

Essa frase pode parecer óbvia, mas ela desafia uma lógica profundamente enraizada: a de que só quem rende tem direito a pausar. Que descanso é privilégio de quem “deu conta”, de quem se esforçou ao máximo, de quem produziu exaustivamente, como se o corpo, a mente e a alma só pudessem parar quando alcançam o limite.

Mas essa ideia carrega um tom de perversidade porque nos ensina a vincular o cuidado de si ao desempenho. Acreditamos, nesse sentido, que repouso é um prêmio e não uma necessidade. Nos desconectar do nosso próprio ritmo e internalizamos que o valor da nossa existência está no quanto entregamos, e não no quanto sentimos.

Na lógica da produtividade, portanto, descansar se torna sinônimo de culpa, já que a pausa vira um intervalo a ser justificado. É como se estivéssemos sempre devendo algo, de modo que a sensação de dívida nos impede de simplesmente ser.

Apesar disso, na Gestalt Terapia reconhecemos que o descanso é parte do fluxo saudável da vida. Ele não é uma interrupção do viver, mas um dos seus gestos mais essenciais, pois é preciso retornar ao corpo, ao fôlego e à escuta. É no momento em que não fazemos nada que podemos, inclusive, nos reorganizar.

E é aqui que encontramos um ponto importante: não é o descanso que deve ser merecido, é a produtividade que precisa ser questionada. Por que acreditamos que só temos valor quando estamos sendo úteis? De onde vem essa crença de que só depois da exaustão é que o cuidado é legítimo?

Essa forma de existir — que se apoia em metas, listas, agendas e resultados — é sustentada por um tipo de urgência crônica que sabota qualquer tentativa de autocuidado. E pior: ela mascara o adoecimento. Porque quando o corpo dá sinais, preferimos medicá-lo para que ele siga funcionando, ao invés de escutá-lo, como se o corpo fosse uma máquina e não a nossa casa mais íntima.

Não espere chegar no limite para descansar, nem mesmo ficar doente para se permitir parar.

Muitas vezes, ao preparar a mala para viajar, carregamos mais do que roupas. Levamos, também, uma bagagem invisível, fei...
01/08/2025

Muitas vezes, ao preparar a mala para viajar, carregamos mais do que roupas. Levamos, também, uma bagagem invisível, feita de culpas, preocupações e pressões internas que teimam em não ficar para trás. É aquela voz interna que diz: "Será que eu mereço?", "E se eu deixar algo pendente?", "Será que vou conseguir desligar de verdade?".

Ao contrário do que se possa imaginar, no entanto, a culpa não se trata apenas de um “sentimento ruim”, mas um mecanismo complexo que tem raízes profundas no modo como nos relacionamos com nós mesmos e com as expectativas externas.

Enquanto a Gestalt Terapia tem como noção central a ideia do contato, ou seja, o estar presente no aqui e agora, em conexão consigo e com o ambiente, a culpa na mala simboliza, justamente, o contato interrompido. Parte da sua atenção está presa no passado - nas obrigações, nas cobranças e demandas que você deveria ter cumprido - e parte no futuro - na ansiedade do retorno, no que “vai acontecer se eu não estiver presente?” ou “se eu deixar algo passar?”.

Diante dessa dispersão da atenção e da falta de presença, o descanso se torna superficial, e o que deveria ser um período de renovação se transforma numa extensão da exaustão.

Além disso, a culpa tem uma função que raramente é reconhecida: ela age como um guardião do sistema interno e social, dizendo que você precisar estar sempre disponível, produtivo e responsável, mesmo quando seu corpo pede por pausa. E é justamente essa “vigilância interna” que te impede de se entregar genuinamente ao descanso e à recuperação.

Mas, a pergunta que precisamos fazer é: “de que parte minha essa culpa realmente vem?”. Será que ela é sua ou você a herdou? Ela está tentando te proteger do quê? Quais partes do seu ser ela tenta manter sob controle?

Aprender a reconhecer a culpa dentro da mala é o primeiro passo para não mais carregar esse peso de forma desnecessária. Já que ela entrou para a sua mala, que tal testar colocá-la pra descansar também?!

Nem todo ato que aparenta acolhimento, cuidado e amor está, de fato, comprometido com o bem estar do outro. É comum, fre...
27/07/2025

Nem todo ato que aparenta acolhimento, cuidado e amor está, de fato, comprometido com o bem estar do outro. É comum, frente a isso, confundirmos intensidade com presença, controle com cuidado e dependência com afeto e é a partir desse ponto que o “amor” começa a adoecer.

O amor não vigia. Não sufoca. E não se impõe como regra ou dívida.

Nos acostumamos a ver determinados comportamentos como demonstrações amorosas mas que, na verdade, mais denunciam insegurança do que vínculo verdadeiro. Isso acontece frente ao ciúmes, ao excesso de atenção, à cobrança disfarçada de zelo. Na prática clínica, por exemplo, encontramos quem se sinta amado quando está sendo vigiado, testado ou colocado à prova… E o mais doloroso: muitos só se sentem dignos de amor quando estão se anulando para manter o outro por perto.

Na Gestalt Terapia não buscamos respostas prontas e isso já foi falado aqui algumas boas vezes. Ao contrário disso, a busca é por formas mais presentes de estar em relação, pois pode ser, que aquilo que chamamos de amor, seja apenas o velho medo de ser deixado de lado. Devemos nos perguntar “como isso acontece entre nós?”, “o que essa dinâmica que aparenta amor está sustentando?”

O amor, por sua vez, é espaço onde é possível respirar junto. Onde há encontro, mas também liberdade, escuta sem invasão, e afeto - mas não às custas do nosso silêncio.

Se você acha que é amor, mas envolve autonegação, então não é amor. Se parece amor, mas está sendo sustentado pelo medo, então talvez seja apego. E se pra existir o amor for necessário se anular, então talvez você esteja fazendo um esforço repetitivo para não perder o outro à custa de si mesmo.

Nem tudo que é chamado de família é, de fato, vínculo. E esse talvez seja um dos aprendizados mais difíceis de se encara...
25/07/2025

Nem tudo que é chamado de família é, de fato, vínculo. E esse talvez seja um dos aprendizados mais difíceis de se encarar, porque nos confronta com uma idealização muito enraizada: a de que laços familiares são sagrados, inquestionáveis e incondicionais.

Acontece que o simples fato de alguém ser da sua família não garante, por si só, afeto, respeito ou segurança. Muitas vezes acaba que a exigência de manter certos vínculos vem carregada de culpa, cobrança e uma lógica relacional adoecida, onde o indivíduo deixa de existir para manter a “harmonia” de um sistema.

Na clínica, especialmente pela lente da Gestalt Terapia, olhamos para os vínculos familiares com a seguinte pergunta: essa relação, no aqui e agora, é vivida como encontro ou como sofrimento?

Porque você não é obrigada a manter
- Contatos constantes que ao invés de te nutrirem, te ferem emocionalmente.
- Diálogos que repetem violências disfarçadas de opinião, como frases passivo agressivas, julgamentos sobre suas escolhas, seu corpo, sua sexualidade e seus afetos.
- Tradições que te relembram e reforçam a sensação de desconforto, como almoços aos domingos, rituais religiosos, festas de fim de ano e outras datas comemorativas.

Na Gestalt Terapia acreditamos que o contato só é verdadeiro quando permite presença mútua. Quando, no entanto, um vínculo exige que você se anule para continuar nele, o que está sendo sustentado já não é relação, mas um padrão.

Reconhecer isso não é falta de amor, mas a chance de reconstruir o que for possível e necessário, com verdade, limite e consciência. Porque laço que adoece, mesmo que tenha o nome de “família”, também pode (e deve) ser transformado.

Você se acostumou tanto a não incomodar que nem percebe quando está se anulando e isso não começa de uma vez…. Na maiori...
20/07/2025

Você se acostumou tanto a não incomodar que nem percebe quando está se anulando e isso não começa de uma vez…. Na maioria das vezes é um gesto pequeno que vai se ampliando. Você deixa de fazer uma pergunta pra não parecer insistente, evita um pedido pra não parecer carente, engole a frustração pra não parecer “difícil de lidar” e quando vê está pisando em ovos dentro da sua própria vida.

Na perspectiva da Gestalt Terapia isso tem menos a ver com um traço fixo de personalidade e mais com um modo de funcionar no campo relacional, ou seja, um jeito específico de se comportar que foi aprendido e repetido até se tornar automático. Não é, portanto, apenas sobre o que você sente, mas como você age com aquilo que sente.

Essa evitação do conflito ou da presença ativa no mundo é, inclusive, uma forma de se proteger. Algo que nasceu lá atrás, num ambiente em que ocupar espaço emocional causava tensão, rejeição ou punição, onde era mais seguro calar do que expressar, mais aceitável ceder do que se frustrar e mais inteligente sumir do que incomodar.

O que acontece, no entanto, é que esse modo de estar vai se enrijecendo e o que foi defesa vira prisão. Você começa a se afastar não apenas das pessoas, mas de si mesmo. Suas vontades se tornam silenciosas, sua raiva vira culpa e o seu limite vira concessão, de modo que o seu modo de viver passa a ser uma espécie de neutralidade afetiva: sem explosões, sem ruídos, mas também sem verdade.

Escolher fazer diferente, entretanto, não significa dizer “agora vou me impor”. Ao contrário, a transformação acontece a partir de uma construção e isso se dá através de microescolhas, por exemplo:
— dizer o que você realmente quer comer.
— admitir que está cansado.
— não rir de algo que te machucou.
— ficar em silêncio, mesmo quando esperam que você salve o ambiente.

É sobre resgatar o centro de onde as escolhas partem.

Você não precisa ser pequeno pra ser aceito e nem precisa se apagar pra amar ou ser amado. A vida te pede presença e não obediência.

A psicóloga também se transforma no contato com os seus clientes!Essa, talvez, seja uma das verdades mais silenciosas da...
19/07/2025

A psicóloga também se transforma no contato com os seus clientes!

Essa, talvez, seja uma das verdades mais silenciosas da prática clínica e, ao mesmo tempo, extremamente transformadora.

Muita gente acredita que, no setting terapêutico, há apenas um movimento: o cliente chegando com sua dor, seu enigma, sua bagagem… e o psicólogo, já pronto, oferecendo ferramentas, acolhimento, escuta. Mas quem vive a clínica de dentro sabe: o encontro terapêutico é uma via de mão dupla.

Na Gestalt Terapia compreendemos que a relação entre terapeuta e cliente não é neutra, e nem deve ser. Somos afetados. Somos tocados. E, sobretudo, somos humanos em presença com outros humanos. Cada sessão, portanto, é um campo vivo onde duas histórias se entrelaçam por instantes e, nesse entrelaçamento, algo novo nasce, tanto para quem chega quanto para quem escuta.

A dor do outro acaba nos lembrando da nossa… E não como um espelhamento narcisista, mas como uma lembrança de que a condição humana é feita de vulnerabilidades. O sofrimento do outro pode tocar feridas nossas que já foram esquecidas, adormecidas ou, às vezes, ainda abertas. E o desafio ético e afetivo da clínica é justamente reconhecer esses atravessamentos sem colocá-los à frente da escuta — mas também sem ignorar que eles existem.

Ser psicóloga, no fim das contas, é ter a coragem de estar em contato com a dor e a potência do outro, reconhecendo que não saímos ilesas e que, talvez, nem devamos sair. Afinal, como diz a própria Gestalt: "Somos seres em relação. E é na relação que nos tornamos."

A ideia da aceitação costuma ser confundida com rendição passiva, como se apenas os fracos fossem capazes de ceder. Como...
12/07/2025

A ideia da aceitação costuma ser confundida com rendição passiva, como se apenas os fracos fossem capazes de ceder. Como se aceitar significasse baixar a cabeça, cruzar os braços e "deixar estar". Mas, para a Gestalt Terapia aceitar se trata muito mais de uma forma de posicionamento ativo diante do real e, justamente por isso, significa um movimento de presença, responsabilidade e potência.

Quando dizemos “aceitar”, estamos falando sobre parar de gastar energia tentando anular aquilo já é. Porque sim, existe um sofrimento que nasce daquilo que acontece, mas há outro, ainda mais corrosivo, que nasce da nossa recusa em permitir que aquilo tenha acontecido.

É preciso reconhecer, no entanto, que muito do que nos adoece não é o fato em si, mas o quanto lutamos contra ele. A morte, o fim de um relacionamento, a falência de um projeto, a frustração de um desejo, o cansaço crônico, tudo isso são experiências humanas que, quando negadas, nos desorganizam ainda mais. Aceitar, então, é uma forma de fazer contato pleno com aquilo que está posto.

Como agir com clareza se estamos em guerra com o próprio terreno onde pisamos? Na lógica da Gestalt, não se trata de entender por que sofremos, mas como sofremos. Como lidamos com a perda, com o fim, com a não resposta do outro? Como se estrutura nossa resistência? Em que parte do corpo ela se enrijece? Quais emoções são abafadas para manter a ilusão de controle?

Há, nesse sentido, uma sabedoria selvagem na aceitação: ela nos reconecta com a impermanência, com os limites da nossa vontade, com o mistério que é existir. Ao aceitar, reconhecemos que há dores que não são para serem superadas, mas para serem integradas. E que há finais que não significam derrota, mas encerramento de ciclos para a chegada de outros.

A aceitação é, assim, um ritual de passagem. Um rompimento com a ilusão de controle e um retorno ao próprio corpo, que muitas vezes já sabe da verdade antes que a mente permita reconhecê-la.

Aceitar costuma ser uma forma de honestidade radical com a vida.

Às vezes o retorno ao processo terapêutico não começa com um colapso evidente, mas com pequenas pistas que vão se acumul...
08/07/2025

Às vezes o retorno ao processo terapêutico não começa com um colapso evidente, mas com pequenas pistas que vão se acumulando no cotidiano: o sono que já não descansa, a paciência que se esgota rápido demais, as relações que voltam a doer de formas conhecidas, os vazios que reaparecem, mesmo com a vida aparentemente "nos trilhos".

Ao contrário do que se possa imaginar voltar para a terapia não significa “regredir” ou “ter falhado”. Significa, na verdade, que você continua em movimento e que, para seguir crescendo, precisa novamente de um espaço seguro de escuta, presença e elaboração.

Na Gestalt Terapia entendemos que a vida é feita de ciclos e que cada novo ciclo traz demandas, rupturas e desafios que nem sempre conseguimos dar conta com os recursos que já temos. A terapia, então, volta a ser uma travessia, não porque você está quebrado, mas porque está em processo.

Alguns sinais podem te ajudar a perceber que esse momento chegou, como:

1.Você sente que está “funcionando”, mas não vivendo.
Você dá conta do trabalho, da rotina, das obrigações… mas nada disso te toca. Os dias passam como uma sequência automática e emocionalmente distante.

2.Suas emoções têm aparecido de forma desproporcional.
Choros inesperados, explosões de raiva, ansiedade constante, crises de angústia ou um estado de apatia que parece não ter motivo claro.

3.Você voltou a repetir padrões que achava superados.
Seja em relacionamentos, no trabalho ou na forma como se trata, certos comportamentos que pareciam resolvidos voltam a aparecer e isso não significa que você “voltou à estaca zero”, mas que um novo nível da mesma dor está emergindo, pedindo para ser revisitado com mais profundidade.4.Você se sente desconectado de si.

Há uma sensação de estranhamento em relação ao que você quer, sente, precisa ou valoriza.Voltar não é começar do zero.

É retomar um caminho com novos olhos, novas perguntas e novas histórias. Na Gestalt dizemos que a experiência se completa quando é vivida com presença e talvez seja justamente isso que você esteja buscando: não apenas dar conta da vida, mas realmente vivê-la.

Essa pergunta dói porque denuncia que quem aprendeu a se criticar demais geralmente não foi acolhido o suficiente no dec...
04/07/2025

Essa pergunta dói porque denuncia que quem aprendeu a se criticar demais geralmente não foi acolhido o suficiente no decorrer da vida.

Muitas vezes, essa voz crítica foi construída com pedaços das vozes que mais importavam na sua infância. Ela pode ter nascido de olhares de reprovação, de exigências silenciosas, de elogios que vinham sempre com uma condição. Pode, também, ter vindo daquela comparação constante com irmãos, colegas ou com um “ideal” que você nunca conseguiu atingir. Mas acontece que essa voz crítica que, hoje, parece tão sua pode, na verdade, nem ser.

Na Gestalt Terapia, não tratamos essa crítica interna como uma patologia isolada, mas como um modo de funcionamento que nasceu em algum contexto. Ela é figura de uma experiência mais ampla, relacional e quando olhamos pra isso com mais presença, entendemos que o problema não é "ter uma voz crítica", mas como ela atua sobre você e o quanto ela te separa de si mesmo. Essa autocrítica, em muitos casos, é uma tentativa de se proteger da dor do julgamento externo. Como se, ao apontar seus próprios defeitos antes de todo mundo, você pudesse evitar a dor de ser exposto.

A questão é que viver sob esse olhar constantemente avaliativo mina o afeto próprio, engessa a espontaneidade e sufoca o processo criativo, porque nada nunca parece suficiente. Nem mesmo você.

Com o tempo, essa crítica deixa de ser um pensamento isolado e vira um filtro: tudo o que você faz, sente ou planeja passa por ela, de modo que você vai deixando de confiar nas próprias escolhas. Ou pior: passa a se relacionar com o mundo inteiro a partir da desconfiança de que, no fundo, você não vale o bastante.

O movimento terapêutico, nesse caso, não é silenciar a crítica à força, mas criar espaço interno para outras vozes também existirem. Vozes que digam:
você pode tentar sem precisar ser perfeito,
você errou, mas isso não te faz menor,
você é digno de existir mesmo quando não acerta tudo.

Durante muito tempo você tentou se proteger se criticando, mas é importante reconhecer quando a autocrítica já não lhe serve mais, escolhendo se acolher de formas diferentes.

O conflito pode ser um convite ao CONTATO.Ele revela necessidades, dores e desalinhamentos.Pode ser uma forma de dizer: ...
30/06/2025

O conflito pode ser um convite ao CONTATO.

Ele revela necessidades, dores e desalinhamentos.
Pode ser uma forma de dizer: “Ei, algo precisa de cuidado!”.

O que machuca não necessariamente é a briga, mas a maneira como se lida com ela.

Existiu falta de escuta? Falta de responsabilidade afetiva? Houve desejo real de compreensão?

Há quem brigue com o objetivo de vencer. Quando, na verdade, a briga pode existir para se encontrar. Escolher por uma ação ou outra muda completamente os rumos do conflito.

É possível sair de uma briga com o vínculo ainda mais fortalecido. Não pela briga em si... Mas pelo seu atravessamento com maturidade.

Olhar para a briga como um convite para o encontro e não para a separação contribui pra que ela deixa de ser inimiga e se transforme em professora. É claro que até mesmo no conflito deve existir respeito, não violência e responsabilidade afetiva, e quando ele é vivenciado dessa forma é possível descobrir limites, vulnerabilidades e, inclusive, a coragem de se mostrar imperfeito. Quando nos esforçamos para acolher a briga com curiosidade e cuidado, o vínculo pode encontrar caminhos antes desconhecidos.

Quantas vezes a nossa porção criança grita por carinho e a gente sequer escuta, não é mesmo? É que ela não desaparece co...
28/06/2025

Quantas vezes a nossa porção criança grita por carinho e a gente sequer escuta, não é mesmo? É que ela não desaparece com o tempo… Apesar de, agora, sermos adultos, ela segue dentro de nós, sentindo muito, mesmo quando a vida exige pressa e força o tempo inteiro.

Ela chora cada vez que a gente se abandona. Mas também nos oferece um conjunto de possibilidades que a gente achava ser impossível inventar ou imaginar.

Na Gestalt Terapia a gente entende que o passado não mora lá atrás. Ao contrário disso ele se manifesta no agora, nos gestos, nas falas interrompidas, nas defesas, nas dores que se repetem, nas potencialidades descobertas… Portanto, é no aqui e agora que a nossa criança está o tempo todo se manifestando também.

É preciso investir, constantemente, no reconhecimento da nossa porção criança… não exatamente como um “trauma a ser superado”, mas como uma parte viva da nossa história que busca por expressão e colo.

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