23/11/2023
Suportar: verbo transitivo direto; resistir; aguentar algo doloroso; manter-se firme diante de uma situação desfavorável: suportar o inesperado.
O sofrimento é uma travessia a ser percorrida para a passagem à alegria ou para que haja mudança psíquica. Para Nietzsche, por exemplo, a dor pode ser liberadora e via de transformação para a alegria, ao se conceber que dor e alegria não podem ser separadas uma da outra.
No cotidiado da clínica psicanalítica a dor ocupa seu espaço: não há como conceber um processo de análise que não seja uma travessia pela dor. A dor, nesse caso, para usar uma linguagem simples, funciona como um alicerce para o prazer e o desprazer.
Num processo de análise o analisando (paciente) precisa viver um encontro necessário com o próprio sofrimento para uma possível mudança. A clínica psicanalítica tem como condição a experiência da perda: perda da ilusão de completude, perda do eu idealizado e alienante, perda de (certa) parcela de satisfação produzida pelo sintoma, perda do suposto amparo que se atribui ao outro, perda do apego às formas ideais impostas a si mesmo ou pela cultura.
A capacidade de suportar depende de uma dose de frustração e aponta como o nascer, o crescer e o viver são experiências dolorosas na sua essência. O processo analítico é uma representação desse viver: não é água com açúcar, pois nos coloca exatamente numa posição de consciência de nós mesmos. Por outro lado, o processo de saber sobre nós, nos permite maior flexibilidade diante da vida, no sentido de desfazer nós e angústias que nos paralisam e aprisionam.