22/06/2025
Marta sempre teve orgulho da sua independência.
Filha de professora, foi a primeira da família a fazer mestrado. Aos 33, virou coordenadora do curso.
Era admirada pela inteligência, pela clareza, pela presença.
Mas nos últimos tempos, sentia que estava desaparecendo — devagar, sem aviso.
Começou com o corpo.
Os vestidos deixaram de servir. O rosto parecia mais cansado, mais opaco.
Depois, foi a mente: esquecia palavras durante as aulas, perdia a concentração, tropeçava no raciocínio.
No fundo, ela se perguntava:
“Será que estou perdendo minha luz?”
O silêncio dos alunos doía mais do que qualquer crítica.
Eles não a olhavam mais do mesmo jeito.
E dentro de casa, os filhos adolescentes também pareciam olhar para ela como se algo tivesse se apagado.
Marta procurou ajuda.
Ouviu de um médico:
“É assim mesmo. Hormônio é coisa perigosa. Melhor aceitar a nova fase.”
Saiu da consulta com um receituário de antidepressivo.
Rasgou no banco do carro.
Foi numa palestra sobre saúde feminina que sentiu algo acordar.
Não era só sobre hormônios.
Era sobre não aceitar que o valor de uma mulher expire com a juventude.
Era sobre não aceitar que, depois dos 40, o mundo pare de escutá-la.
Marta buscou outro caminho. Um espaço onde pudesse ser ouvida sem ser reduzida.
Com tempo, escuta, exames e escolhas feitas com ela — e não por ela — começou a reconstruir sua potência.
Não foi imediato.
Mas, pouco a pouco, voltou a ocupar os espaços com presença.
Um dia, ao terminar uma aula, uma aluna se aproximou e disse:
“Professora, obrigada por existir.”
Marta sorriu.
Não por vaidade, mas por gratidão.
Aquela mulher que ela achou que havia se perdido… estava ali o tempo todo.
Só precisava ser vista.
Hoje, ela diz com firmeza:
“Meu tempo não acabou. Ele só mudou de forma.”
E é assim que ela floresce — do seu jeito, no seu tempo, com toda a força de quem se recusou a apagar com a ajuda da WHIM 🌸