31/07/2025
Ser… ou não ser – para agradar ao outro?
Ser é um verbo que nasce de dentro.
É escolher a própria voz, mesmo quando o mundo se ergue em coro a cantar outra melodia.
Não ser, porém, é ceder ao aplauso alheio – vestir a pele que nos oferecem, sempre à medida das expectativas de quem nos rodeia.
Entre estes dois pólos vive a pergunta antiga: ser, ou não ser?
Só que hoje ela veste novas roupas: sou por mim, ou para agradar ao outro?
Quando vivemos apenas para agradar:
transformamos a nossa essência num espelho, reflectindo o que os outros desejam ver;
recebemos aprovação… mas à custa de um silêncio interno que aumenta a cada concessão;
confundimos harmonia com ausência de conflito e confundimo‑nos a nós próprios nesse disfarce.
Quando escolhemos simplesmente ser:
desvendamos a nossa verdade, ainda que imperfeita;
aprendemos que nem todos aplaudirão – e, mesmo assim, aplaudimos‑nos de pé;
descobrimos que agradar não é objetivo, mas consequência eventual de uma existência autêntica.
Ser não exclui cuidar dos outros; pelo contrário, quem se aceita, aceita melhor o mundo.
O desafio é encontrar o ponto onde o respeito próprio encontra a empatia – onde agradar deixa de ser renúncia e passa a ser partilha.
Que fazer, então?
Escutar‑se primeiro. Antes de perguntar “Gostam de mim?”, perguntar “Gosto de mim assim?”.
Dizer “sim” com intenção e “não” com serenidade. Cada resposta molda a nossa fronteira.
Celebrar a imperfeição. É na rachadura que entra a luz; a autenticidade mora nas falhas que aceitamos mostrar.
Recordar que o valor não depende de aplausos. A plateia muda, o palco também – mas quem habita o palco somos nós.
No fim, ser e agradar não precisam de ser rivais.
Quando somos inteiros, quem deve f**ar connosco permanece – não porque os tentamos agradar, mas porque lhes oferecemos a verdade de quem somos.
E a verdade, ainda que discreta, brilha mais do que qualquer máscara polida para agradar.
Escolhe, pois, ser.
Quem realmente importa encontrará beleza nesse acto de coragem – e, se não encontrar, que a tua paz seja aplauso suficiente.