15/09/2022
Dizemos muitas vezes que não temos tempo para tudo o que gostaríamos de fazer.
Isso porque recordamos o que nos tocou emocionalmente, positiva ou negativamente, de uma forma muito dolorosa ou comovente, e tudo o resto se esvai nos dias corridos.
Até porque temos uma memória selectiva e seria impossível recordar tudo.
A nossa memória está intimamente ligada às nossas emoções e, se pensarmos um bocadinho, facilmente concluímos que recordarmos mais o que nos afectou negativamente, tornando-se uma memória sofrida, do que tudo o que foi bom, mas já passou…
Umas férias de duas semanas não passam de umas dezenas de fotos e uma recordação boa, mas só isso; aquele fim de semana com a família em que só nos recordamos bem do calor ao fim da tarde…
Concorda? 🙂
A memória do tempo
Então também irá concordar que se recorda muito bem do primeiro castigo na escola primária, ou a proibição de ir ao cinema no fim de semana por ter má nota a matemática…ou de como o seu superior promoveu o seu colega, quando considerava a sua promoção inquestionável. E aqui verificamos que a memória não tem a ver com a duração, mas sim com o impacto: o sofrimento!
O sofrimento marca, transforma, e a sua memória muitas vezes parece tornar-se amarga, com o passar do tempo, em vez de nos fazer esquecer ou torná-lo menos sofrido.
Porém mais tempo nem sempre significa uma melhor qualidade de vida.
É comum constatarmos que quem tem mais afazeres se organiza melhor, para fazer tudo o que precisa e o que quer fazer, e que quem tem menos afazeres se enrola no decorrer de dias a fio, sem foco e sem aproveitar o que poderia fazer.
Ter tempo é viciante: ter tempo para fazer toda uma série de actividades que quer fazer e lhe dão prazer, é um luxo, e daí os organizados planejarem seu tempo ao extremo para dele poderem usufuir. A isto chama-se criar tempo!
E sabe qual o segredo? É que não estamos a querer reviver uma memória do passado, estamos a falar de projecção de prazer das lembranças no futuro! 🙂
Já tinha pensado nisto?