Marear Andanças, respiros, descobrimentos & travessias ⚓
Psicologia Clínica 🍃
Abordagem Centrada na Sempre o foi; sempre o tive. Tenho aprendido muito sobre.

Há muito tenho pensado um espaço onde pudesse depositar minhas indissoluções filosóficas. Nada de mais, uma vez que não há muita fartura artística; tão somente um espaço para dar azo a este movimento contínuo em mim para a escrita. Não que o faça com primor, mas porque simplesmente me é de grado - e tenho zelo. Este ávido declínio à expressão, que antes me trouxera a oportunidade do autoconhecimento, hoje me é uma vontade nova e há nela um desejo muito sincero não só de exercício, mas, finalmente, de execução. Este blogue é um ensaio para um póstero livro. Pois que pretendo ir organizando aqui, lenta e calmamente, alguns poemas, delírios, alguns surgimentos, estas coisas que me ocorrem subitamente enquanto a vida passa e me perfura, que emergem! Nada muito determinado, tampouco apressado, mas seguindo o próprio fluxo do rio. Esta tem sido uma ideia que me restitui um parte esquecida de mim e muito me alegra poder exercê-la. Ao decorrer da vida, sob os trâmites da graduação e as preocupações todas advindas daí, pouco me reservo a estas elucubrações, que, mais do que importantes, são necessárias. É também este um espaço para o saudosismo literário e para a fuga da cientificidade acadêmica. Por alguns anos escrevi no Choros de um Palhaço e de tão útil, o tive como uma autoterapia (que aos poucos se conclui como um resultado inclusive muito positivo, existencialmente falando). De fato a escrita, como toda a Arte, contempla também a cura, ou, dito de outra forma, a aceitação da loucura. O fato de não continuá-lo (ao antigo blogue) parte da crença absoluta que tenhamos nos cumprido, tanto eu (eu=aquele) quanto o blogue: nós. Não que tenha eu fugido agora da possibilidade tão humana de vir a ser triste. Não me insensibilizei à vida, não abandonei a condição de humana - sempre exposta aos riscos -, mas é que minha dores agora são outras dores. Eu apenas não posso negar que sendo carne, eu tenha aprendido a me recompor, cicatrizar e sarar para me dispor novamente ao mundo. É a tendência atualizante! Acredito, por fim, que agora, sob novas circunstâncias, a escrita me apresente perspectivas outras, que já não aquelas de procura interior, mas, ao contrário, de execução e exploração do que se foi achado cá dentro. Talvez que esta experiência faça-me bem, que escrevo, como o tem feito desde sempre e também a outros, que talvez leiam e compreendam, ou, ainda, sintam-se compreendidos. Talvez que possa ser um novo capítulo de minha vida ganhando novas formas... Pois que seja! Boas vindas, dispa-se!

Desde que comecei a fazer mestrado e a me interessar verdadeiramente por pesquisas, tenho me perguntado constantemente a...
06/11/2025

Desde que comecei a fazer mestrado e a me interessar verdadeiramente por pesquisas, tenho me perguntado constantemente a que serve a ciência. Não é novo para ninguém o fato de que o discurso científico é endereçado a um público muito específico. Ele tem cor, tem gênero, classe social e opera para um fim também muito determinado.

Ao mesmo tempo, escrevendo minha dissertação sobre o silenciamento de pessoas LGBT+ na clínica contemporânea, por exemplo, tenho percebido que ocupar esse lugar é muito mais do adquirir um título. Tem também a ver com poder colocar a minha voz e as minhas ideias em lugares que não foram feitos para minha voz e as minhas ideias estarem. É neste ponto que vira e mexe me sinto fazendo política.

Rogers foi um excelente pesquisador. Conseguiu, através da ciência (e de todos os privilégios que gozava, claro) fazer uma certa revolução no modo de pensar de uma época. Seus estudos contribuíram com legitimar, por exemplo, a psicoterapia como um lugar para nós, profissionais da psicologia.

Tenho pensado, atualmente, que talvez seja possível ocupar a academia a partir de uma outra lógica. Que não seja para controlar o comportamento das pessoas, nem reafirmar a hegemonia de alguns padrões. Não sei se estou sendo utópico ou esperançoso demais, mas eu realmente tenho pensado a respeito disso.

Será que podemos ocupar o lugar científico para dizer e validar outras experiências historicamente apagadas da nossa cultura? Será que podemos fazer outra rota, ainda que a academia seja apenas uma bolha de privilégios? Será possível fazermos alguns furos no grande muro que separa a ciência da realidade concreta das pessoas na nossa sociedade? É possível pensar a ciência como afirmação ético-política também? Se a ciência retém o discurso de poder, poderíamos nós, vindo das margens, dizer alguma coisa através delas? São muitas perguntas e reflexões. E poucas respostas. Mas será que ciência não tem mais relação com a pergunta do que de fato com a resposta? O que temos perguntado, sobretudo nós, psicólogas e psicólogos humanistas? Do que temos nos ocupado nos espaços acadêmicos? Sabemos nós, da clínica, realmente ler fenômenos sociais e históricos??? (…)

O processo de escuta está mais para um tornar-se íntimo da proximidade do que a execução de um saber. Requer, portanto, ...
16/10/2025

O processo de escuta está mais para um tornar-se íntimo da proximidade do que a execução de um saber. Requer, portanto, uma espécie de abertura para tatear no escuro junto com alguém em sua travessia experiencial tão única e singular. Sem esforço para definir, rotular ou chegar a um ponto de certeza(s).

Gadamer tem me ajudado a compreender que as minhas opiniões (e eu sou tão cheio delas) impedem a arte de perguntar. Deixar, por um instante, que alguém se diga a si mesmo, se mova internamente no estado de procura, se a-presente. Perguntar é querer saber, é interessar-se por. É ir ao encontro de.

A psicoterapia me parece assim a arte de perguntar a cada instante até que algo possa se desvelar. Algo que não se desvelaria não fosse pela força que tem o encontro onde ninguém se empurra, se atropela, nem se dá repostas. Mas segue perguntando…

Todos os dias são dias para falarmos sobre ética & justiça. Todos os dias são dias para revisitarmos nossas práticas, re...
01/06/2020

Todos os dias são dias para falarmos sobre ética & justiça. Todos os dias são dias para revisitarmos nossas práticas, reajustarmos nossos discursos e dar ao nosso silêncio alguma palavra e, às nossas palavras, alguma ação concreta. Todos os dias são dias para reconhecermos que não vivemos em um mundo justo e igualitário e que é preciso uma mudança radical de ponto de vista e de posicionamento. Todos os dias sao dias para pensarmos uma psicologia humana independentemente da área ou abordagem. Todos os dias são dias para pensarmos a nosso lugar na sociedade, nosso papel no mundo. Todos os dias são dias para nos lembrarmos de que a nossa profissão não é NEM PODE SER uma profissão neutra. Todos os dias são dias para revivermos a consciência de que a nossa profissão vislumbra um ser humano livre, responsável e com TODOS OS SEUS DIREITOS HUMANOS garantidos!

@ Marear

A psicoterapia é o lugar da experiência. É lá, às vezes, que conseguimos, por meio da fala, acessar algo do nosso “silên...
27/05/2020

A psicoterapia é o lugar da experiência. É lá, às vezes, que conseguimos, por meio da fala, acessar algo do nosso “silêncio primordial”. Quando nos expressamos sobre nós mesmos, ou seja, quando realizamos aquilo que estava emudecido em nós, seja por meio da palavra, do choro ou mesmo de um silêncio consciente, damos origem a algo completamente novo na nossa experiência subjetiva.
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A palavra, neste sentido, gesta um movimento existencial diferente e nos reposiciona no mundo. Falar não é simplesmente eliminar o silêncio, mas realizá-lo. O silêncio está cheio de experiência e sentido, ele não é apenas uma ausência de ruído, mas há nele algo “de embrionário no plano das significações”. O silêncio enquanto um lugar anterior à fala, é a nossa própria presença em movimento, é nossa existência se mobilizando, procurando um lugar de sentido para se realizar.
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Uma nova pessoa emerge quando todas as palavras já faladas são reorganizadas e reutilizadas para se dizer alguma coisa que nunca havia sido dita antes. Ouvir isto, num movimento de compreensão, é, para Amatuzzi, “participar do sentido”.
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É mais ou menos nessa direção que uma psicoterapia opera, nesta dimensão-aí. A escuta clínica, atenta, propicia uma atmosfera possível para que as coisas ganhem palavras e as palavras significados e, por consequência, os significados viram comportamento/ação no mundo.
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Quando eu falo, eu aconteço.
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Estes foram alguns rabiscos que fiz lendo Amatuzzi em suas compreensões sobre Merleau-Ponty (as partes do texto marcadas por aspas são citações diretas ao autor) no livro “Por uma Psicologia Humana” , mais precisamente no capítulo 2, intitulado “Palavra e Silêncio”. Um texto lindíssimo! F**a aí a sugestão para vocês!
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@ Marear

De repente maio. As coisas têm passado tão estranhamente... De repente, se foram aí algo em torno de cinquenta dias de q...
05/05/2020

De repente maio. As coisas têm passado tão estranhamente... De repente, se foram aí algo em torno de cinquenta dias de quarentena e aquela lógica de levantar sempre às sete horas para passar um café e ir trabalhar definitivamente acabou. O almoço às doze de sempre foi, gradativamente, perdendo também seu sentido. De repente, não tendo mais um sistema de organização externo regulando todo o meu dia, eu venho então aprendendo algo sobre escutar meu organismo. Lembro que quando tudo isso começou eu vinha sentindo culpa quando acordava mais tarde, mesmo nos dias em que não tinha absolutamente nada para fazer pela manhã. É estranha essa sensação de “dever” que às vezes se forma tão rigidamente dentro da gente sem necessidade. Também é estranho abraçar essa coisa de “devir” e ir acolhendo, agora após agora, a Vida Presente. Aos poucos tenho percebido me autorizando mais a seguir o meu próprio fluxo. Comer quando sinto fome, dormir quando tenho sono, ligar quando vem saudade. Algumas rotinas tenho mantido, como a de cozinhar, por exemplo. Tem sido gostoso preparar as frutas pela manhã e fazer algumas coisas para o almoço ou jantar de vez em quando. O cheirinho das batatas cozinhando... de repente um pássaro cantando na janela do meu quarto ou uma chuva molhando as roupas que pus para secar. Às vezes acordo cedinho e é lindo ver o sol entrar pela brecha da cozinha... às vezes durmo até mais tarde e me sinto: descansado. Parece bobo, mas essas coisas vêm me ajudando muito a atender, por exemplo. Tem sido mais fácil para mim estar presente, estar atento aos movimentos do outro, sem o desejo de guiá-lo ou apressar qualquer coisa de seu processo. Como diria Rogers, a vida no que tem de melhor é fluida e segue oscilando, sempre. É o que esses tempos têm me pedido, uma abertura maior às mudanças, um abraço melhor nos meus medos... De repente, maio. E tudo mudou... e continua mudando. A gente não sabe o rumo das coisas. O tempo vai cuidando em cumprir seu exercício, levando o que tem de levar e eu, no meio disso tudo, de repente, tenho me sentido suave. Acho que Matilte estava certa. Esta coisa de ternura, talvez, ainda pode dar certo. 🍃

Conheçam um pouquinho dessa mulher INCRÍVEL e do que ela está dizendo sobre o amor (enquanto ato político) num mundo tão...
01/05/2020

Conheçam um pouquinho dessa mulher INCRÍVEL e do que ela está dizendo sobre o amor (enquanto ato político) num mundo tão conturbado.

A place where words matter

"(...) Em algumas ocasiões, ouço, por trás de uma mensagem que superficialmente parece pouco importante, um grito humano...
27/04/2020

"(...) Em algumas ocasiões, ouço, por trás de uma mensagem que superficialmente parece pouco importante, um grito humano profundo, desconhecido e enterrado muito abaixo da superfície da pessoa. Assim, aprendi a me perguntar: sou capaz de ouvir os sons e de captar a forma do mundo interno desta outra pessoa? Sou capaz de pensar tão profundamente sobre o que me está sendo dito, a ponto de entender os significados que ela teme - e ao mesmo tempo gostaria de me comunicar -, tanto quanto ela os conhece?" (Rogers, 1987)


Você lembra de algum momento em que alguém esteve muito disponível e presente com você e isso foi extremamente tocante na sua experiência? 🍃

Tornar-se pessoa tem um significado muito grande na minha vida por ter sido o primeiro meio pelo qual eu fiz verdadeiro ...
22/04/2020

Tornar-se pessoa tem um significado muito grande na minha vida por ter sido o primeiro meio pelo qual eu fiz verdadeiro contato com a Abordagem Centrada na Pessoa. Eu me recordo muito vividamente do dia em que o peguei na biblioteca da Universidade. Era antes do almoço e havia um tipo de curiosidade muito específica dento de mim. Não era qualquer curiosidade, era uma muito peculiar, eu quase posso senti-la agora. Não sei explicar. Lembro que eu comecei a ler e fiquei extremamente mobilizado com o tópico "Algumas coisas fundamentais que aprendi" logo no início. Eu vinha de certo modo abrindo algumas coisas em minha vida e não tive como naquele momento não entender que era sobre mim aquilo tudo (e continua sendo). Sobre a minha pessoa. Mais especificamente sobre as minhas máscaras, sobre uma parte minha que precisava tanto ser escutada e compreendida por alguém. Acho que nunca li tão intensamente um livro como eu li esse. Era uma sensação constante de que eu estava sendo convidado a algo que eu não sabia exatamente o que era (mas que eu sabia também) e de que eu precisava, ao passo em que lia, elaborar algumas coisas que pareciam ainda tão confusas por dentro. Fui lendo cada capítulo com afeto e cuidado, olhando para mim e para as coisas que iam se abrindo e era quase possível visualizar um caminho ganhando corpo à minha frente... "Uma mão que acolhia e outra que me frustrava", era mais ou menos assim. Foi entre esses dois pontos que fui construindo uma travessia em busca de alguma coisa sobre sobre a minha liberdade, sobre a minha existência no mundo. Tudo que que andei até hoje me faz lembrar desse comecinho, tão difícil, mas ao mesmo tempo tão verdadeiro e significativo. Rogers descrevia tão delicadamente os processos dele que de certa forma cabia muito ir olhando para os meus. Sempre um pouquinho mais. Até hoje me emociono muito ao lê-lo, porque me leva para o meu lugar de procura por mim mesmo e me faz desejar, cada vez mais desdobrar e atualizar os sentidos disso. Para mim, é um livro sobre todo mundo e feito para tocar cada um naquilo que é mais seu. 💙

O Plantão Psicológico é um serviço voluntário, voltado para as trabalhadoras e os trabalhadores que não têm como estarem...
21/04/2020

O Plantão Psicológico é um serviço voluntário, voltado para as trabalhadoras e os trabalhadores que não têm como estarem cumprindo quarentena em virtude da profissão que exercem. É um espaço de escuta e acolhimento para estas pessoas que estão atravessando com dificuldade este momento que estamos vivenciando.

TODA SEGUNDA-FEIRA, DAS 16h às 21h.

Inscrições aqui: http://www.mariofrs.com/p/plantao-psicologico.html

Algumas dicas de espaços virtuais para enfrentarmos essa quarentena. :)
07/04/2020

Algumas dicas de espaços virtuais para enfrentarmos essa quarentena. :)

Psicólogo Clínico. Atendimento a crianças, jovens e adultos.

Psicólogo Clínico graduado pela Universidade Federal da Paraíba (2019). Sou terapeuta no NIC (Núcleo de Intervenção Comp...
06/04/2020

Psicólogo Clínico graduado pela Universidade Federal da Paraíba (2019). Sou terapeuta no NIC (Núcleo de Intervenção Comportamental) (2018) onde realizo avaliação & intervenção em crianças com autismo. No consultório atendo jovens e adultos sob a perspectiva da Abordagem Centrada na Pessoa.
A Clínica foi um encontro muito bonito na minha vida com algo meu que sempre esteve comigo, mas que não tinha ainda nem nome nem lugar. Através dela eu pude aprender um pouquinho mais sobre mim mesmo (só um pouquinho) e continuo aprendendo, todos os dias. Também a partir dela construí esta intenção de estar, na vida, sempre procurando. Estar com o outro, nas travessias dele, cheias de dor ou medo, às vezes, cheias de insegurança e receio, bem como cheias de alegrias e amor também, faz parte e dá sentido à minha travessia. Facilitar o processo de uma pessoa consigo mesma me coloca em contato com algo que é quem eu sou e como eu quero estar na vida.

Contato: (83) 9 9900-9332

Marear: dispor as velas de um veleiro de acordo com a direção do vento. Fazer um percurso no mar. Navegar.Este é um proj...
06/04/2020

Marear: dispor as velas de um veleiro de acordo com a direção do vento. Fazer um percurso no mar. Navegar.
Este é um projeto sobre travessias e atravessamentos.
[...] E tinha o mar que às vezes era turbulência e medo pra depois ser calmaria e aconchego. E tinha o farol, que acolhia no escuro e dava luz para seguir... E tinham as ondas, as pequenas e as grandes que quebravam e voltavam e nunca mais seriam as mesmas. E tinha o barco, que era corpo e atravessava as águas e dentro do barco, se lançando em alto mar, tinha um menino ⚓

Endereço

R. Empresário João Rodrigues Alves, 125. Sala 1206-B
João Pessoa, PB
58051-022

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Segunda-feira 19:00 - 20:00
Quarta-feira 07:00 - 12:00
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