Há muito tenho pensado um espaço onde pudesse depositar minhas indissoluções filosóficas. Nada de mais, uma vez que não há muita fartura artística; tão somente um espaço para dar azo a este movimento contínuo em mim para a escrita. Não que o faça com primor, mas porque simplesmente me é de grado - e tenho zelo. Este ávido declínio à expressão, que antes me trouxera a oportunidade do autoconhecimen
to, hoje me é uma vontade nova e há nela um desejo muito sincero não só de exercício, mas, finalmente, de execução. Este blogue é um ensaio para um póstero livro. Pois que pretendo ir organizando aqui, lenta e calmamente, alguns poemas, delírios, alguns surgimentos, estas coisas que me ocorrem subitamente enquanto a vida passa e me perfura, que emergem! Nada muito determinado, tampouco apressado, mas seguindo o próprio fluxo do rio. Esta tem sido uma ideia que me restitui um parte esquecida de mim e muito me alegra poder exercê-la. Ao decorrer da vida, sob os trâmites da graduação e as preocupações todas advindas daí, pouco me reservo a estas elucubrações, que, mais do que importantes, são necessárias. É também este um espaço para o saudosismo literário e para a fuga da cientificidade acadêmica. Por alguns anos escrevi no Choros de um Palhaço e de tão útil, o tive como uma autoterapia (que aos poucos se conclui como um resultado inclusive muito positivo, existencialmente falando). De fato a escrita, como toda a Arte, contempla também a cura, ou, dito de outra forma, a aceitação da loucura. O fato de não continuá-lo (ao antigo blogue) parte da crença absoluta que tenhamos nos cumprido, tanto eu (eu=aquele) quanto o blogue: nós. Não que tenha eu fugido agora da possibilidade tão humana de vir a ser triste. Não me insensibilizei à vida, não abandonei a condição de humana - sempre exposta aos riscos -, mas é que minha dores agora são outras dores. Eu apenas não posso negar que sendo carne, eu tenha aprendido a me recompor, cicatrizar e sarar para me dispor novamente ao mundo. É a tendência atualizante! Acredito, por fim, que agora, sob novas circunstâncias, a escrita me apresente perspectivas outras, que já não aquelas de procura interior, mas, ao contrário, de execução e exploração do que se foi achado cá dentro. Talvez que esta experiência faça-me bem, que escrevo, como o tem feito desde sempre e também a outros, que talvez leiam e compreendam, ou, ainda, sintam-se compreendidos. Talvez que possa ser um novo capítulo de minha vida ganhando novas formas... Pois que seja! Boas vindas, dispa-se!