24/08/2024
Tratamento para punho e mãos: Procure um Fisioterapeuta e um Terapeuta Ocupacional para ajudar com essa patologia.
Exercícios e alongamentos para punho, melhora da dor (analgesia), aumento de força muscular (FM).
Partes ósseas
Punho
Os ossos do punho são a região distal do rádio distal, escafóide, semilunar, piramidal, pisiforme, trapézio, trapezóide, capitato e hamato.
Mãos
Os cinco ossos metacarpais e as 14 falanges constituem a mão e os cinco dedos.
Articulações do complexo do punho e seus movimentos
A articulação do punho é multiarticular e constituída de duas articulações compostas. É biaxial, permitindo flexão (flexão palmar), extensão (dorsiflexão), desvio radial (abdução) e desvio ulnar (adução).
A articulação radiocarpal f**a envolta por uma cápsula frouxa, porém forte, reforçada por ligamentos compartilhados com a articulação mediocarpal. A superfície articuladora biconvexa é a combinação da superfície proximal do escafóide, semilunar e piramidal. Este articula-se primeiramente com o disco. Esses três ossos do carpo são unidos por numerosos ligamentos interósseos.
A articulação mediocarpal é composta por duas fileiras proximal carpais, essa articulação tem uma cápsula contínua com articulações intercarpais. As superfícies distais combinadas do escafóide, do semilunar e do piramidal, articulam-se com as superfícies proximais combinadas do trapézio, do trapezóide, do capitato e do hamato.
Os movimentos fisiológicos do punho resultam em um movimento complexo entre as fileiras proximal e distal dos carpais. Com os trapézios côncavos, deslizam dorsalmente sobre o escafóide e o capitato e o hamato convexos deslizam na direção palmar sobre o semilunar e o piramidal durante a extensão e o desvio radial, o movimento resultante é uma torção em supinação da fileira distal sobre a fileira proximal. A torção de pronação ocorre durante a flexão ou o desvio ulnar à medida que os trapézios deslizam na direção palmar e o capitato e hamato deslizam dorsalmente.
Articulações do complexo da mão e seus movimentos
As articulações carpometacarpais dos dedos 2 a 4 são uniaxiais e do dedo 5 é uniaxial, sendo suportados pelos ligamentos transversos e longitudinais. A articulação carpometacarpal do polegar é biaxial selar entre o trapézio e a base do primeiro metacarpal.
As articulações metacarpofalangeanas do 2º ao 5º dedo são condilóides biaxiais e cada articulação é suportada por um ligamento palmar e dois colaterais.
As articulações interfalangeanas são divididas em proximais e distais do 2º ao 5º dedo. O polegar tem apenas uma articulação interfalangeana.
Pronador Redondo: realiza a pronação do antebraço e flexiona o cotovelo;
Flexor Radial do Carpo: flexiona a mão na articulação do punho e a abduz;
Palmar Longo: flexiona a mão na articulação do punho e tensiona a aponeurose palmar;
Flexor Ulnar do Carpo: flexiona a mão no punho e a abduz;
Flexor Superficial dos Dedos: flexiona as falanges médias dos quatro dígitos mediais;
Flexor Profundo dos Dedos: flexão das falanges distais dos quatro dedos mediais. Também auxilia na flexão do punho;
Flexão Longo do Polegar: flexiona as falanges do primeiro dedo (polegar);
Pronador Quadrado: realiza a pronação do antebraço;
Braquiorradial: flexiona o antebraço no cotovelo;
Extensor Radial Longo do Carpo: estende e abduz a mão no punho;
Extensor Radial Curto do Carpo: estende e abduz a mão no punho;
Extensor dos Dedos: estende os quatro dedos mediais nas articulações metacarpofalangeanas. Também estende a mão na articulação do punho;
Extensor do Dedo Mínimo: estende o quinto dedo nas articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas;
Extensor Ulnar do Carpo: estende e abduz a mão no punho;
Supinador: supina o antebraço;
Abdutor Longo do Polegar: abduz o polegar e o estende na articulação carpometacarpal;
Extensor Curto do Polegar: estende a falange proximal do polegar na articulação carpometacarpal;
Extensor Longo do Polegar: estende a falange distal do polegar nas articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas;
Extensor do Indicador: estende o segundo dedo e ajuda a estender a mão do punho.
Patologias associadas :
Síndromes Compressivas
A compressão dos ramos neurais que se originam dos ramos infraclaviculares do Plexo Braquial pode ocorrer em múltiplos locais e as causas são as mais variadas como:
Processos inflamatórios;
Perda de elasticidade da musculatura;
Traumas, lesões ou patologias do punho que ocupem espaço (cistos, gânglios e hematomas);
Movimentos repetitivos.
Então, o que o paciente percebe como dor ou alteração sensorial na mão pode ser a lesão do nervo em qualquer parte do seu curso. Lesões decorrentes de trauma cumulativo ou repetitivo do punho e na mão levam a perda signif**ativa da função da mão e de horas de trabalho.
Os diagnósticos mais comuns de patologias do punho devido a estas causas incluem a Síndrome do Túnel do Carpo, Dedos em Gatilho, Doença de Quervain e Tendinite.
Síndrome do Túnel do Carpo:
O túnel do carpo é um espaço entre os ossos do carpo na região dorsal e o retináculo flexor na região palmar. Os tendões flexores extrínsecos dos dedos e o nervo mediano movem-se através deste túnel.
A síndrome é definida pela perda sensorial e fraqueza motora que ocorrem quando o nervo mediano é comprometido no túnel do carpo e qualquer coisa que diminua o espaço dentro dele pode comprimir ou restringir a mobilidade do nervo, causando uma lesão por compressão ou tração, causando assim, sintomas neurológicos distais ao punho.
Os sintomas mais comuns incluem:
Dor na mão com uso repetitivo;
Fraqueza e atrofia muscular;
Perda sensorial no caminho do nervo mediano;
Diminuição na mobilidade do punho.
Todos estes sintomas podem acarretar em diminuição da preensão, principalmente em atividades que requerem coordenação motora fina e restrição de atividades que necessitam do movimento do punho como por exemplo digitação, uso de celulares e outros.
Síndrome do Canal de Guyon:
É a lesão ou irritação do nervo ulnar no túnel formado pelo retináculo flexor, ligamento palmar do carpo e osso pisiforme.
As causas mais comuns são a formação de cisto sinovial e em decorrência de processos inflamatórios recidivos; traumas, pressão sobre a região hipotênar, fraturas e alterações sistêmicas.
Os sintomas mais comuns incluem:
Déficits sensoriais com parestesia do 4º e 5º dedos;
Sintomas motores envolvendo eminência hipotênar;
Fraqueza e atrofia dos músculos;
Retração dos músculos flexores e extensores extrínsecos dos dedos;
Hipomobilidade do pisiforme.
Tenossinovite e Tendinite:
Essa patologia ocorre em decorrência a processos inflamatórios pelo uso contínuo ou repetitivo do músculo envolvido, dos efeitos da artrite reumatóide e sobrecargas na região.
Dentre o grupo de tenossinovites temos a de Quervain, lesão decorrente do acometimento dos tendões do abdutor longo e extensor curto do polegar, com espessamento da bainha. Movimentos repetitivos do polegar e punho com desvio radial forçado podem desencadear esta patologia como, por exemplo, pessoas que f**am horas escrevendo e digitando, manicures e outras profissões que utilizam o polegar e punho.
A Contratura de Dupuytren é uma inflamação e contratura da aponeurose palmar com incidência maior em homens em torno dos 50 anos. Com o tempo, a inflamação e o espessamento diminuem, formando uma faixa fibrosa que encurta e causa contratura muscular. Esta patologia possui três fases:
Proliferativa: formação de nódulos na superfície palmar e regiões fibrosas;
Involutiva: achatamento e contração dos nódulos com retração da pele e flexão dos dedos;
Residual: involução completa e desaparecimento dos nódulos, permanecendo as “cordas fibrosas” reacionais causando uma contratura em flexão palmar.
A Tenossinovite Estenosante provoca dedos em gatilho, causando uma inflamação no tendão flexor superficial sob a cabeça metacarpiana, impossibilitando a extensão completa dos dedos após a flexão máxima. As causas podem ser uma predisposição congênita, trauma por uso excessivo das mãos e pode também estar relacionada a doenças reumáticas.
Os sintomas de todas elas incluem:
Dor, principalmente quando há contração muscular;
Hiperemia, edema e sensibilidade à palpação na região inflamada;
Perda de força em atividades que utilizam a região comprometida;
Incoordenação dos movimentos.
A dor é exacerbada em atividades que utilizam os dedos, polegar e punho, podendo afetar a preensão ou os movimentos repetitivos com a mão.
Lesões traumáticas
Quando a pessoa sofre um golpe ou queda, uma força de alongamento excessivo pode distender o tecido ligamentar, podendo ainda ocorrer fraturas, subluxação ou luxação relacionadas.
Os comprometimentos comuns envolvem dor sempre que o ligamento é colocado sob tensão, hipermobilidade e instabilidade articular, podendo interferir no uso funcional da mão durante algum tempo. Em alguns casos de lacerações ligamentares, fraturas e grande instabilidade articular, a cirurgia será indicada.
Métodos de tratamento para as patologias do punho
Todos estes distúrbios podem ter um resultado muito bom com o tratamento conservador que incluem a fisioterapia, o uso de medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos e as seguintes condutas:
Analisar biomecanicamente os movimentos inadequados do punho e do membro superior que podem estar ocasionando a lesão;
Imobilização do punho em alguns casos para proporcionar repouso da atividade desencadeante;
Terapia manual para mobilização neural, mobilização da fáscia e mobilizações articulares;
Exercícios para fortalecimento muscular;
Educação e saúde e adaptação ergonômica.
Lembrando que todos estes cuidados e tratamentos deverão ser decididos pela equipe de saúde que acompanhará o paciente desde a avaliação até diagnóstico e traçará a melhor conduta de tratamento baseada nos sinais e sintomas de cada quadro clínico.
Conclusão
As patologias do punho e que envolvem as regiões das mãos são comuns na era tecnológica e conhecer a anatomia e cinesiologia destas estruturas torna-se importante na análise e conhecimento da fisiopatologia de cada lesão.
O papel do fisioterapeuta que entende dessa área é elaborar intervenções ef**azes para tratar os comprometimentos e limitações funcionais no punho e na mão, além de mostrar-se em constante crescimento, algo essencial no século XXI.
Referências
Blood TD, Morrell NT, Weiss AC. Tenosynovitis of the Hand and Wrist: A Critical Analysis Review. JBJS Rev. 2016 Mar 29;4(3):e7.
KAPANDJI, I. A. Fisiologia Articular. Volume 1. Ombro, cotovelo, prono supinação, punho e mão.6ª ed. Ed. Guanabara Koogan, 2007.
MOORE, Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2014.
NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 5ª.edição. Elsevier. São Paulo, 2011.
Prasad G, Bhalli MJ. Assessing wrist pain: a simple guide. Br J Hosp Med (Lond). 2020 May 2;81(5):1-7