18/07/2022
O Café com Freud #029 vem pensar o que em cada um dos nossos dias pode ser pensado como uma loucura, não no sentido patológico (do louco no senso comum), mas no sentido daquilo que fazemos individual ou coletivamente e que não faz sentido ser feito, que é um descabido, um desmedido, uma insensatez.
Um exemplo dessa loucura é dada por Marcelo Veras, com a história de uma paciente sua que acreditava ser Dona de Casa. Ela havia sido dona de casa durante muitos anos, como foram tantas mulheres, mas acreditava que ela não era “uma mulher que é dona de casa”, mas que a vida dela se resumia a ser “Dona de Casa”, como que uma essência e uma verdade sobre ela. Ela entrou em crise quando, na velhice, a família pensou que deveriam contratar uma outra pessoa para fazer os afazeres da casa. Essa senhora perdeu o lugar que acreditava ser o seu, entrou em sofrimento e foi levada até o hospital psiquiátrico.
Essa história ilustra o quanto podemos estar identificados (colados) a um lugar e a uma personagem que foi construída, individual e/ou coletivamente, e que quando somos deslocados desse lugar, adoecemos, achando que perdemos aquilo que éramos. Sendo essa uma das nossas loucuras. A repetição de algumas normas do nosso passado, esquecendo que elas não são o que somos, mas apenas uma das possibilidade de sermos.
Para quem quiser ouvir o programa completo com mais sobre essa reflexão, é só acessar o link no perfil para o site da SoundCloud que tem a playlist dos programas. O Café com Freud vai ao ar a cada 15 dias, nas quintas-feiras, às 13:30, na UnivatesFM.
Fotografia de André Kertész