Jung em palavras

Jung em palavras Página dedicada ao pensamento de C. G. Jung e à psicologia analítica em geral. Perfil criado e gerenciado por Eliane Moraes - Psicóloga Clínica.
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"Nietzsche era extraordinariamente sensível ao espírito da época; ele sentiu muito claramente que estamos vivendo, agora...
25/09/2025

"Nietzsche era extraordinariamente sensível ao espírito da época; ele sentiu muito claramente que estamos vivendo, agora, em uma época em que novos valores deveriam ser descobertos, pois os velhos estão decaindo. Pois, assim que uma dúvida se torna óbvia, o símbolo morreu. Mesmo se apenas um homem ouse confrontar a Igreja, argumentar contra a autoridade dela, uma pessoa sensível está acabada se não pode refutar esse argumento. Ele percebe, de uma só vez, que o sistema todo morreu, por haver uma fenda ínfima em sua autoridade. Se ele não funciona mais, Deus se tornou vulnerável, e toda a vida esvaiu-se dele. Nietzsche sentiu isso, e, instantaneamente, de forma natural, todo o processo simbólico que tinha chegado ao fim no exterior começou nele próprio. Assim, ele tinha esse inconsciente terrivelmente tenso, ameaçador, que começava a desgastar a parede divisória, a irromper aqui e acolá. E isso, é claro, perturba o sono, de modo que ele, naturalmente, olha para trás com um certo pesar por uma época em que podia dormir, em que não estava preocupado.
Certa vez, discuti determinados problemas psicológicos com um professor, um católico muito bom, e ele disse: "Não vejo por que você deveria se preocupar com essas coisas. Se alguma coisa é duvidosa ou problemática, eu simplesmente pergunto ao meu bispo, e ele me diz tudo a respeito, e se ele por acaso não sabe, escreve para Roma, onde lhe dirão o que ele deveria pensar a respeito. Eles têm ali a autoridade; por dois mil anos, as cabeças mais inteligentes do mundo estudaram esses problemas. Por que eu deveria imaginar que poderia resolvê-los? Não sou um especialista". E, assim, ele tinha, com certeza, um sono muito bom e uma digestão muito boa; ele não é perturbado, porque não há nem mesmo uma ínfima fenda na autoridade. Mas isso não era assim para o pobre Nietzsche."

Jung - O Zaratustra de Nietzsche págs. 461/462 Volume.1 - versão e-book.

“Faz parte do amor a profundidade e fidelidade do sentimento, pois sem elas o amor não seria amor, mas simples capricho...
21/09/2025

“Faz parte do amor a profundidade e fidelidade do sentimento, pois sem elas o amor não seria amor, mas simples capricho. O verdadeiro amor sempre pressupõe um vínculo duradouro e responsável. Precisa da liberdade para a escolha, não para a realização. Todo amor verdadeiro e profundo é um sacrifício. A gente sacrif**a suas possibilidades, ou melhor, as ilusões de suas possibilidades. Se não houvesse necessidade desse sacrifício, nossas ilusões impediriam o surgimento do sentimento profundo e responsável e, com isso, f**aríamos privados também da possibilidade de experimentar o verdadeiro amor.
(...) O amor só revela seus mais altos segredos e maravilhas àquele que é capaz de entrega total e de fidelidade ao sentimento. Pelo fato de isto ser muito difícil, poucos mortais podem orgulhar-se de tê-lo conseguido. Mas, por ser o amor devotado e fiel o mais belo, nunca se deveria procurar o que pode torná-lo fácil. Alguém que se apavora e recua diante da dificuldade do amor é péssimo cavaleiro de sua amada. O amor é como Deus: ambos só se revelam aos seus mais bravos cavaleiros."
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Jung - Civilização em transição § 231/232

"(...) todos os processos de iniciação que conhecemos pela história ou por experiência são a manifestação exterior de um...
19/09/2025

"(...) todos os processos de iniciação que conhecemos pela história ou por experiência são a manifestação exterior de um processo interior natural que está sempre acontecendo na mente. E nossos sonhos são como janelas que nos permitem observar, ou escutar, esse processo psicológico que está acontecendo continuamente em nosso inconsciente. É um processo de transformação contínua, que não tem fim se não interferirmos. É preciso nossa interferência consciente para levá-lo a uma meta - por nossa interferência nós fazemos uma meta. Caso contrário, é como a eterna mudança das estações na natureza: construção e destruição, integração e desintegração sem fim. Nenhuma colheita é trazida para casa pela natureza; só a consciência do homem sabe das colheitas. Ele recolhe as maçãs debaixo das árvores, pois elas simplesmente se desintegram se deixadas a si mesmas. E isso é verdade para nosso processo mental inconsciente; ele se resolve dentro de si mesmo. Constrói e destrói; integra e desintegra - e, então, integra novamente. É como as estações, ou o eterno nascer e pôr do sol, de que nada vem a não ser se uma consciência humana interferir e perceber o resultado. Talvez alguém, subitamente, veja alguma coisa e diga: "Isso é uma flor!" Agora, alcançamos alguma coisa. Mas, deixado a si mesmo, o processo não chegaria a nada. Podemos ver isso em casos de esquizofrenia. Se acompanharmos os sonhos de uma pessoa que é definitivamente insana, veremos o tesouro crescendo até a superfície, quase até a integração, e perceberemos que se, nesse momento, o sujeito pudesse colhê-lo, ou tão somente erguer um dedo, poderia tê-lo, e tudo f**aria bem. Mas, no momento seguinte, ele afunda de novo por nove anos, nove meses, nove semanas e nove dias, e acabou. Ninguém consegue alcançar isso. É exatamente o mesmo em uma pessoa normal; há as mesmas revelações sem nenhum desenlace se a consciência não interferir e colher o tesouro trazido na onda do inconsciente."

Jung - O Zaratustra de Nietzsche pág 396 volume 1 - versão e-book.

"A psicologia junguiana jamais pode ser reduzida a uma técnica de exercício profissional ou de manejo de transferência n...
17/09/2025

"A psicologia junguiana jamais pode ser reduzida a uma técnica de exercício profissional ou de manejo de transferência no 'setting' terapêutico, nem muito menos confinada a um código acadêmico, exatamente por ser um modo de observar, pensar e fazer no qual se fundem objetividade e arte, ciência e poesia, formação e iniciação. A objetividade que praticamos é e deve ser contaminada pela alma, pois sem sua mediação, o mundo tanto interior como exterior, nos é incompreensível. Nunca usaremos aventais brancos nem trabalharemos com instrumentos de precisão, sejam te**es ou diagnósticos - assim como nunca seremos neofreudianos.
Digo outra vez: sentimentos de inferioridade profissional podem ser uma defesa que impede o contato mais profundo com o 'Self'. Nós junguianos temos um complexo de herança - ainda não aprendemos a herdar com serenidade. Alarmamo-nos com a ideia de que a herança possa ocultar um problema paterno ou que ameace nossa liberdade criativa.
Ninguém é dono de Jung. Mas podemos coletar as pepitas de ouro que encontramos pelo caminho e nos tornarmos a árvore única que cada um, desde o começo, está fadado a ser."

Roberto Gambini - A voz e o tempo pág. 214

"SW: Uma vez você comentou algo sobre brincar com Jung no lago. Você fazia isso às vezes?""MLvF: Sim. Ele gostava de bri...
02/09/2025

"SW: Uma vez você comentou algo sobre brincar com Jung no lago. Você fazia isso às vezes?"

"MLvF: Sim. Ele gostava de brincar. Ele brincava com frequência e o fazia sozinho. Uma de suas brincadeiras favoritas era à beira do lago, na margem aonde a água chega. Ali tem uma grande área de cascalho, que às vezes f**a coberta pela água, mas, na primavera e no outono, f**a exposta. Nessas ocasiões, formam-se pequenas fontes naquela margem, fontes bem pequeninas, e, então, ele sempre pegava uma pequena pá e cavava removendo a areia. Assim, brincava com esses 'riozinhos'. Um dia, quando ele tinha 83 anos e estávamos brincando - geralmente me acocorava ao lado dele, observava-o e brincava um pouco com ele -, ele me disse: "Sabe, foi só hoje que, de repente, pensei: 'O que estou fazendo quando brinco assim?'. Isso é o que tenho feito ao longo da minha vida: escavar fontes!". Como você pode ver, realmente, ele nunca refletira sobre isso assim. Ele não refletia sobre o que estava fazendo. Era simplesmente divertido, e ele chamava de "trabalhos com a água". Antes de começar a escrever, ele sempre f**ava alguns dias, ou até mesmo semanas, nos "trabalhos com a água", até alcançar o estado de ânimo adequado. Então, começava a escrever. De algum modo, para o meu grande prazer, ele me permitia participar disso. De vez em quando, eu me sentava ao lado dele, horas a fio, apenas observando, nem falava. Uma vez um velho camponês se aproximou e me disse: "Este não é o professor Jung, um homem famoso no mundo todo? "Eu disse: "Sim, é ele!". E ele disse: "Vendo-o assim, não pensaria que fosse" [risos]."

Marie-Louise von Franz - Entrevistas com Marie-Louise von Franz, páginas: 43/44.

O autoconhecimento tem efeito curador e libertador? "A purif**ação, a contrição e a confissão dos pecados foram desde se...
30/08/2025

O autoconhecimento tem efeito curador e libertador?

"A purif**ação, a contrição e a confissão dos pecados foram desde sempre condições da salvação. Na medida em que a análise exige uma confissão, pode-se dizer que ela opera também uma espécie de renovação. Sempre de novo percebemos que os pacientes sonham com a análise como se fosse um banho refrescante e purif**ador, ou que seus sonhos e visões trazem símbolos de renascimento, indicando claramente que o conhecimento de sua psique inconsciente e de sua integração perfeita na vida psíquica lhes conferem nova força de vida. Isto lhes parece uma libertação de um desastre inevitável ou de serem enredados nas malhas indestrutíveis do destino."

Jung - A Vida Simbólica 18/2 § 1816.

"Possuindo a imagem de uma coisa, possuímos a metade da coisa. A imagem do mundo é a metade do mundo. Quem possui o mund...
27/08/2025

"Possuindo a imagem de uma coisa, possuímos a metade da coisa. A imagem do mundo é a metade do mundo. Quem possui o mundo, mas não sua imagem, possui só a metade do mundo, pois sua alma é pobre e sem bens. A riqueza da alma consiste de imagens. Quem possui a imagem do mundo possui a metade do mundo, mesmo quando seu humano é pobre e sem bens. Mas a fome transforma a alma em fera que engole o prejudicial e com isso se envenena. Meus amigos, é sábio alimentar a alma, senão criareis dragões e demônios em vossos corações"

Jung - O Livro Vermelho pág. 232 (versão com imagens)

Um feliz dia, a todos colegas psicólogos, que assim como eu, são nutridos diariamente por tão bela profissão.
Brindemos!
Tim Tim! 🥂

"(...) segundo o grau em que um relacionamento se baseia em projeção, o elemento do amor humano pode estar faltando. Qua...
18/08/2025

"(...) segundo o grau em que um relacionamento se baseia em projeção, o elemento do amor humano pode estar faltando. Quando nos apaixonamos por alguém que não conhecemos como pessoa, mas por quem somos atraídos porque reflete para nós a imagem do deus ou da deusa em nossas almas, é, num certo sentido, apaixonarmo-nos por nós mesmos, apaixonar-se cada um por si mesmo, e não pela outra pessoa. Não obstante a aparente beleza das fantasias de amor que costumamos ter nesse estado de apaixonados, podemos, de fato, encontrar-nos num estado de espírito profundamente egoísta. O amor real começa somente quando uma pessoa chega a conhecer a outra, para quem ele ou ela é realmente um ser humano, e quando começa a amar esse ser humano e a preocupar-se com ele.
Nenhum ser humano pode concorrer com os deuses e deusas em todo seu brilho e glória; e, antes de mais nada, ver a pessoa que amamos como ela ou ele é, e não em termos de projeções, pode parecer desinteressante e decepcionante, porque os seres humanos são, no seu todo, pessoas comuns. Por causa disto, muitos preferem estar passando de uma pessoa para outra, sempre procurando o relacionamento máximo, melhor possível, deixando sempre o relacionamento que está mantendo quando as projeções se desgastam e a paixão termina. É evidente que, com raízes tão pouco profundas, não pode desenvolver-se nenhum amor real e permanente. Ser capaz de um amor real signif**a amadurecer, estimulando expectativas realistas em relação às outras pessoas. Signif**a aceitar a responsabilidade por nossa própria felicidade ou infelicidade, sem esperar que a outra pessoa nos faça felizes e sem censurá-la como se fosse responsável pelas nossas más disposições ou frustrações. Naturalmente, isso torna o relacionamento real um problema difícil, em favor do qual devemos trabalhar; mas, felizmente, as compensações existem, porque somente através desse caminho nossa capacidade de amar amadurece."

John A. Sanford - Os Parceiros Invisíveis págs. 29/30.

"[...] Eu acho, que o afeto é muito importante. Porque, se não se estabelece uma relação afetiva entre o terapeuta, o mo...
14/08/2025

"[...] Eu acho, que o afeto é muito importante. Porque, se não se estabelece uma relação afetiva entre o terapeuta, o monitor e o internado, nada se consegue. Porque a regra psicanalítica é não se envolver. E com uma pessoa neutra você não se abre. Isso é o que eu chamo de afeto catalisador. [...]

Nise da Silveira em 'Nise da Silveira do Mundo da Caralâmpia à Emoção de Lidar - Parte II - na íntegra no canal Casa das Palmeiras

Feliz dia aos Psiquiatras!

"E então, no sonho, fui seguida por um homem alto e loiro que me envolveu em seu manto e me levou para sua caravana de c...
06/08/2025

"E então, no sonho, fui seguida por um homem alto e loiro que me envolveu em seu manto e me levou para sua caravana de ciganos."
Uma atriz inglesa

"A figura do amante demoníaco exerce uma espécie de fascínio divino ou diabólico sobre a mulher e a torna incapaz de se relacionar com um ser humano comum. Ele aparece personif**ado como Heathcliff no romance 'O morro dos ventos uivantes', de Emily Brontë. Neste livro, a autora mostra o poder da identif**ação fazendo a he***na dizer: 'Eu não amo Heathcliff. ... eu sou Heathcliff.' É interessante notar que a própria Emily Brontë achava que seu gênio, seu grande dom de escritora, a transformara numa trágica figura solitária. Em geral, ter um amante demoníaco acaba em tragédia. A mulher f**a incapacitada para viver e se relacionar com os outros; ela é arrastada para o mundo dos sonhos, para o inconsciente.
Há um grande perigo psicológico nas figuras que Jung denominou animus e anima. Esses elementos contra-sexuais podem alienar por completo um ser humano do seu contato com a realidade e a sociedade. O animus, assim como a anima, é uma figura interior muito ambígua e muito perigosa, que deve ser tratada com grande sabedoria."

Marie-Louise von Franz - O caminho dos sonhos pág. 170.

"Jung também comenta o que acontece com um homem que carrega em si uma projeção do animus. 'Quando alguém projeta o anim...
01/08/2025

"Jung também comenta o que acontece com um homem que carrega em si uma projeção do animus.
'Quando alguém projeta o animus sobre mim', afirma ele, 'sinto-me como se fosse um túmulo com um cadáver dentro, um peso morto peculiar; sou como um desses sepulcros de que Jesus fala, com toda espécie de vermes por dentro. E, além disso, positivamente o cadáver de mim mesmo, de modo que se torna impossível sentir a própria vida. Uma real projeção do animus é assassina, porque a gente se transforma no local em que o animus é sepultado; e ele é sepultado exatamente como os ovos de uma vespa no corpo de uma lagarta, e quando os filhotes saem começam a se comer por dentro, o que é muito nocivo' (¹)."

John A. Sanford - Os Parceiros Invisíveis págs. 25/26.

(¹) Jung - Os seminários das visões

"Recomendo que escreva seus pensamentos, emoções e sensações em um livro muito bem encadernado. Pratique a visualização,...
27/07/2025

"Recomendo que escreva seus pensamentos, emoções e sensações em um livro muito bem encadernado. Pratique a visualização, medite, relaxe e, então, seu poder será liberado…Quando essas coisas estiverem em seu querido livro, você pode recorrer a ele para olhar suas páginas, e será para você a sua igreja – sua catedral -, o lugar silencioso do seu espírito onde encontrará renovação. Se alguém disser que isso é mórbido ou neurótico e você lhe der ouvidos, você perderá sua alma, e esse livro será sua alma”.

Jung - Liber Novus

Carl Gustav Jung
* 26/07/1875 - 150 anos de nascimento

Endereço

Lauro De Freitas, BA

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