12/10/2025
Hoje, em comemoração pelo dia das crianças, o que você diria se você pudesse, se abraçar criança?
Se eu pudesse te abraçar, minha criança,
diria baixinho no teu ouvido curioso:
Você não era demais, nunca foi demais, você foi o exato tamanho do seu jeito de viver .
Tua fala, que tantos quiseram silenciar, era a linguagem do inconsciente querendo existir.
Te chamaram de levada, mas na verdade,
era a vida pulsando em ti, em pura sublimação.
Te olharam muitas vezes com dureza, quando o certo era te escutar.
A pressa dos teus passos com nove meses,
o canto aos dois anos, já eram sinais de uma criança que queria transformar a dor em criação, em transformação, em quebras de regras e rigidez vinda dos outros que não entendiam que ela só queria curtir, com toda a intensidade, um pouco da liberdade que lhe restava.
Sim, o mundo foi pesado demais pra quem era pura infância e leveza.
Mas você, mesmo muitas vezes ferida, fez do verbo sua defesa, fez do pensar um refúgio e da palavra uma ponte.
Hoje, adulta, te abraço, minha criança, com ternura e firmeza e te digo: sobrevivemos. E mais, florescemos.
Aquela menina inquieta ainda vive em mim, não mais como ferida, mas como força e resistência.
Ela me ensina a rir, a ousar, a não aceitar migalhas.
Hoje sei que o amor que procurei no olhar dos outros eu mesma aprendi a me dar.
Se fico, é porque há respeito.
Se amo, é porque há verdade.
Se escolho, é porque aprendi que o desejo só se sustenta onde há espaço para existir, e descobri na minha análise pessoal que eu somente "queria existir".
E então te abraço, minha criança, não para te calar, mas para te dizer: Agora você pode brincar em paz, porque eu estou aqui, inteira e livre pra nós!