15/07/2025
A autossabotagem nas relações não é um defeito de personalidade, nem uma escolha consciente. Ela surge como uma resposta emocional construída ao longo da vida, especialmente em contextos onde se vincular foi, em algum momento, uma experiência de dor, frustração, abandono ou instabilidade.
Quando o afeto está associado, na história emocional, a riscos como rejeição, crítica, desvalorização ou violência, o sistema aprende a se proteger. E essa proteção, muitas vezes, se manifesta justamente como uma dificuldade de confiar, se entregar ou permanecer nas relações.
O problema é que, na tentativa de não sofrer, esse padrão reproduz exatamente aquilo que se tentava evitar. A distância que você cria para não ser ferida é a mesma que impede a construção de vínculos seguros, consistentes e afetivamente nutritivos.
Romper esse ciclo exige, antes de tudo, entender que a dificuldade não está na sua capacidade de se relacionar, nem na ideia de que você é uma pessoa difícil, complicada ou problemática. Está nas feridas emocionais que te ensinaram que se aproximar do outro representa um risco.
E não há como transformar isso sem olhar para essa história, sem elaborar essas experiências e, sobretudo, sem reconhecer que o que hoje aparece como defesa já foi, um dia, o único caminho possível para sobreviver emocionalmente.