15/07/2023
O corpo humano precisa de uma quantidade muito pequena de sal da dieta para manter o equilíbrio de fluidos. Por milhões anos, a única fonte de sal para os ancestrais humanos era aquele encontrado naturalmente nos alimentos, abaixo de 0,5 g/dia (MacGregor, De Wardener, 1998)
Após a descoberta de que o sal tem propriedades conservantes há cerca de 5.000 anos, tornou-se a commodity mais tributada e comercializada do mundo, atualmente temos geladeira ( MacGregor, De Wardener, 1998).
A ingestão atual de sal é em média aprox. 10 g/dia na maioria dos países (Powles et al. 2013; Thout et al. 2019), aumento maior que 20x em um espaço curto na escala evolutiva. As repercussões em nossa saúde são múltiplas, pois a fisiologia humana não está adaptada para excretar essas grandes quantidades de sal, causando danos aos órgãos, resultando em problemas cardiovasculares e outras doenças crônicas (Ilustração Central). Em todo o mundo, aprox. 70 milhões de pessoas tem suas vidas prejudicadas por incapacidade, e 3 milhões de mortes em 2017 foram atribuídas a alta ingestão de sal, tornando-se um dos 3 principais riscos dietéticos fatores (GBD, 2017). (Veja a imagem 4)
São vários os estudos bem conduzidos apontando que a relação entre sal e pressão arterial, sendo a redução maior em hipertensos, negros e pessoas com mais idade. O sódio no sangue desempenha um papel importante na pressão arterial, com aumento da osmolaridade, movendo fluido intracelular para o sangue, mais sangue mais pressão. O pequeno aumento no sódio plasmático também estimula o centro da sede, levando a aumento da ingestão de águae secreção de arginina vasopressina, resultando em retenção hídrica (He et al. 2010).
Mais de 30 estudos de coorte relataram a relação entre a ingestão de sal e o risco de doença cardiovascular e/ou mortalidade, e as meta-análises que agrupam seus resultados mostram uma associação linear direta entre eles.
Há evidências claras de que uma alta ingestão de sal é associado a muitas outras condições de saúde incluindo doença renal, cálculos renais, osteoporose, câncer de estômago e obesidade (He et al. 2010),há também evidência emergente para uma associação com demência (Faraco et al. 2018). Sim, ingestão aumenta o risco de cálculos renais, com a excreção urinária de cálcio, uma vez que o cálcio é o principal componente da maioria dos cálculos urinários, além de levar a um balanço negativo de cálcio, que estimula mecanismos compensatórios para aumentar absorção intestinal de cálcio e, ao mesmo tempo, também mobilizam o cálcio do osso.
Cuide da sua saúde, cuidado com a açúcar, mas tbm com o sal.