
16/07/2025
O livro de Douglas Barros, assim como outros, traz um grande arcabouço histórico e teórico acerca do conceito de identidade, atravessado pelo movimento capitalista. O livro consegue descrever o movimento identitário que passa do ser ao ter, e posteriormente ao parecer, através da imagem. Douglas cita autores de diversas áreas, como: Hayek, ideólogo da economia; Freud, da psicanálise; Debord, da filosofia, etc.
Faz um percurso semelhante a Kohei Saito em "O capital no antropoceno". Pontua como foi através de movimento teóricos da economia que aspectos subjetivos de construção da identidade foram adentrando o discurso social e incutindo no processo de construção da personalidade termos que tratavam antes de empresas, empreendimentos. O homem como empreendedor de si mesmo o coloca como competitivo a todos, porém, sempre em busca de identificações entre iguais (e consequentemente, qualificando o diferente como passível de ser destruído, arruinado). Não só desconsidera-se a alteridade, o diferente; abomina-o.
Neste sentido, o Estado é considerado não como aquele que deve garantir as necessidades básicas da população, mas como aquele que deve interferir minimamente, permitindo que as pessoas sejam "livres" como o mercado, para competir no mercado. Trata-se de uma ilusão, uma vez que sob essa ótica as desigualdades permanecem intactas, e mais, são reforçadas.
É possível notar no desenvolvimento do livro, aspectos desse discurso somados a uma conceituação distorcida de liberdade, levando a ideias equivocas de, por exemplo, Estado mínimo. Nota-se claramente o ponto de convergência entre uma extremidade política e o neoliberalismo.
Costurando com as tecnologias atuais, Douglas Barros faz uma leitura do tempo gasto em telas como sendo desprovido de sentido para o indivíduo, ou seja, um tempo que se perdeu, "um tempo morto abrigado num arsenal de dispositivos on-line que agem no inconsciente do indivíduo, canalizando sua atenção através de imagens e dirigindo seu engajamento, mesmo que este se reduza a rolar com o dedo para a próxima cena.".
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