Cinthia Screpanti Psicóloga

Cinthia Screpanti Psicóloga Psicóloga Clínica

O livro de Douglas Barros, assim como outros, traz um grande arcabouço histórico e teórico acerca do conceito de identid...
16/07/2025

O livro de Douglas Barros, assim como outros, traz um grande arcabouço histórico e teórico acerca do conceito de identidade, atravessado pelo movimento capitalista. O livro consegue descrever o movimento identitário que passa do ser ao ter, e posteriormente ao parecer, através da imagem. Douglas cita autores de diversas áreas, como: Hayek, ideólogo da economia; Freud, da psicanálise; Debord, da filosofia, etc.

Faz um percurso semelhante a Kohei Saito em "O capital no antropoceno". Pontua como foi através de movimento teóricos da economia que aspectos subjetivos de construção da identidade foram adentrando o discurso social e incutindo no processo de construção da personalidade termos que tratavam antes de empresas, empreendimentos. O homem como empreendedor de si mesmo o coloca como competitivo a todos, porém, sempre em busca de identificações entre iguais (e consequentemente, qualificando o diferente como passível de ser destruído, arruinado). Não só desconsidera-se a alteridade, o diferente; abomina-o.

Neste sentido, o Estado é considerado não como aquele que deve garantir as necessidades básicas da população, mas como aquele que deve interferir minimamente, permitindo que as pessoas sejam "livres" como o mercado, para competir no mercado. Trata-se de uma ilusão, uma vez que sob essa ótica as desigualdades permanecem intactas, e mais, são reforçadas.

É possível notar no desenvolvimento do livro, aspectos desse discurso somados a uma conceituação distorcida de liberdade, levando a ideias equivocas de, por exemplo, Estado mínimo. Nota-se claramente o ponto de convergência entre uma extremidade política e o neoliberalismo.

Costurando com as tecnologias atuais, Douglas Barros faz uma leitura do tempo gasto em telas como sendo desprovido de sentido para o indivíduo, ou seja, um tempo que se perdeu, "um tempo morto abrigado num arsenal de dispositivos on-line que agem no inconsciente do indivíduo, canalizando sua atenção através de imagens e dirigindo seu engajamento, mesmo que este se reduza a rolar com o dedo para a próxima cena.".

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A negativa se faz necessária para presentificar a negação, que por sua vez, não é sinônimo de ausência. Presentifico a a...
20/02/2025

A negativa se faz necessária para presentificar a negação, que por sua vez, não é sinônimo de ausência. Presentifico a ausência, faço borda, dou contorno, digo onde está o lugar que não quero estar.

Este é o paradoxo: ele está lá. Ainda que negado. E precisa estar lá desta forma, na forma do não.

"Não quero, não posso, agora não é a hora."

Penso de quantos negativas se faz uma vontade…
É pela porta do “não" que se entram muitas possibilidades. Como uma impressão que vai se desgastando com o tempo, o não vai se apagando e deixando espaço para o vazio, para o "preciso pensar mais nisso”, para criar caminhos outros que deem lugar ao que antes era negado.

“Não! Imagina se uma coisa dessa acontece!
Não! Imagina uma coisa dessa!
Nã… na verdade, andei pensando, e se isso acontecesse?
Aconteceu, e agora preciso ver o que eu faço.”

na primeia vista: negação;
na segunda: questão;
na terceira: invenção/criação;

Longe de ser uma poesia com final feliz, a negação por vezes culmina numa nova invenção pra sofrer da mesma coisa, como digo algumas vezes, alguma coisa antiga de roupinhas novas.

Isso significa que nada se fez?
Ao contrário, signfica que do nada, muito se faz.
E que talvez, num dia desses, haja um tropeço e se descubra, que se fez feliz…

Uma re-leitura sobre a repetição... (?) 💭
05/02/2025

Uma re-leitura sobre a repetição... (?) 💭

Enquanto transcrevo esse trecho me pego pensando nos arranjos que a forma de vida produtiva força o profissional de saúd...
21/01/2025

Enquanto transcrevo esse trecho me pego pensando nos arranjos que a forma de vida produtiva força o profissional de saúde mental a fazer. Antes, precisava-se apenas que fosse um bom profissional, que agisse com ética. Agora, precisa ter redes sociais, ser especialista em algo, fazer milhões de parcerias, dominar o que o fala, “networking”, aceitar remunerações baixíssimas em detrimento de atendimentos mais curtos, etc. Mas pra quê tudo isso mesmo?

Nesse momento parece óbvio que venha à mente a resposta “para se sustentar”. Mas o que é que se sustenta num contexto de produção de saúde mental quando o próprio profissional que adere à uma lógica produtiva se vê tomado por tantas "exigências"?

A ironia dessa publicação vem quando meu intuito é relembrar que isso que vemos aqui é virtual. A demanda de que ela exista, é virtual. A suposta demanda que ela gera, na maioria das vezes, é virtual, quase não existe (pra maioria que aqui está). Não somente no estrito sentido da palavra, mas quando partimos para o sentido de que, na prática, no contexto material fora daqui, o que realmente importa não é publicável, não está aqui.

Me detenho mais especificamente à Psicanálise: à quem interessa que um analista tenha um perfil “exemplar” (o que é exemplar pra você? rs), que poste sua rotina de exercícios, análise, leituras? Veja bem, certa vez ouvi de um querido supervisor que: “se você aguenta a consequência, faça o que quiser, mas saiba que na transferência poderá haver interferências”.

Não se trata de uma crítica que recoloque o analista/psicólogo num quadrado fechado, mas que possamos pelo menos nos perguntar: a que interessa isso que faço nessa virtualidade? à que respondo, quando me coloco num lugar de super produtividade incessante, que muitas vezes é a causa do adoecimento daquele que chega ao tratamento?

Retomo o autor acima, como um lembrete para que não nos esqueçamos do nosso lugar fora e dentro dessa rede: “O cuidado e a comunicação requerem tempo. E, acima de tudo, quem recebe o serviço não deseja essa aceleração”.

O que o capitalismo produz, que não seja o excesso? Nos defrontamos com o imperativo do "produza!" e "goza!" cotidianame...
08/07/2024

O que o capitalismo produz, que não seja o excesso?

Nos defrontamos com o imperativo do "produza!" e "goza!" cotidianamente, numa articulação que visa sempre mais, à mais, mais-de-... .
Tudojunto,semseparaçãoeespaço,quépranãodartempoparanadaqueremetaàumintervalo.

Abreviamos o tempo de espera vendendo esse mesmo tempo à alguém que lucre com os desdobramentos de nossas decisões. Não é tão difícil entender. Se sua opinião sobre algo se forma à partir de 30 segundos de numa rede social (ainda sejam várias vezes de 30 segundos), certamente suas decisões acerca de algo não são só suas, como você imagina. Quantas compras não são feitas dessa forma?

Não se trata de ter ou não isso ou aquilo, se trata de saber o que está sendo feito daquilo que não percebemos. E principalmente, do que somos.

O capitalismo nos faz acreditar que podemos comprar aquilo que não podemos ser. À qualquer custo, custando muitas vezes à si mesmo.

O mercado conta com o propósito de que no momento de compra não haja escolha, mas apenas a satisfação de ter adquirido um produto que dê a ideia de mudar aquele que compra, inserindo-o na lógicada mercadoria sem fim.

Para tamponar a falta do não-ser, coloca-se a ideia da satisfação no fetiche de comprar alguma coisa. E alimenta-se essa engrenagem mercadológica levando esse mecanismo para outros muitos campos, como a saúde mental.

Logo, não se trata mais de reestabelecer uma funcionalidade, mas sim, de um aprimoramento que de a perspectiva do "ir além".

E como isso muda nosso cotidiano?

Cenas dos próximos capítulos...



Trechos retirados do livro "Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico"; organizado por Vladimir Safatle, Nelson ...
01/07/2024

Trechos retirados do livro "Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico"; organizado por Vladimir Safatle, Nelson da Silva Junior, Christian Dunker. Publicado pela editora Autêntica, 2020.


07/05/2024

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