09/09/2025
Fechar uma janela nunca é simples, principalmente quando a vista parece encantadora. Mas é justamente aí que mora a armadilha: nem toda beleza é saudável, nem toda intensidade é amor. Às vezes, insistimos em permanecer diante de paisagens que nos roubam a paz, acreditando que o brilho compensa a dor — e não compensa.
Na clínica, é comum ouvir histórias de quem se prende em relações que parecem “lindas por fora”, mas por dentro corroem a autoestima, desgastam a identidade e adoecem a alma. Relações com pessoas narcisistas, por exemplo, podem oferecer momentos de encanto, mas ao custo de silenciar quem você é. É como contemplar um pôr do sol maravilhoso de uma janela que, ao mesmo tempo, está cheia de cacos de vidro: você até tenta segurar, mas cada vez se corta mais.
A psicanálise nos convida a refletir: por que aceitamos permanecer onde dói? O que em nós ainda insiste em acreditar que precisamos pagar com sofrimento para merecer amor? E aqui entra o puxão de orelha: não adianta esperar que o outro mude, porque enquanto você espera, quem se desgasta é você.
Fechar a janela que machuca é um ato de coragem e amor-próprio. É entender que a vida oferece outras vistas, outras possibilidades, outras janelas — só que para enxergá-las, é preciso primeiro soltar aquela que te prende.
👉 Então, se a paisagem é bonita, mas te adoece: feche a janela. E abra espaço para respirar de novo.