28/06/2025
Quando o incompreensível toca nossa realidade
Nos últimos dias, tenho pensado muito sobre o quanto ainda é difícil, mesmo em 2025, falarmos com profundidade sobre saúde mental — sem rótulos, sem tabus, sem julgamentos apressados. O sofrimento psíquico ainda é tratado como algo que deve ser escondido ou superado em silêncio.
E, quando uma tragédia acontece onde tudo parecia tão normal, nosso primeiro impulso é buscar uma explicação lógica: “Como isso foi possível?”.
Talvez o mais importante seja refletir: “Quais sinais passaram despercebidos?”.
Nem sempre o sofrimento é evidente, e nem todo pedido de ajuda vem em forma de palavras. A dor pode estar escondida atrás das aparências — no esforço de mostrar uma vida feliz e organizada, na imagem de harmonia e sucesso que muitos mantêm, mesmo com o coração longe de estar em paz.
É preciso lembrar que transtornos mentais não escolhem classe social, aparência ou rotina. E depressão não é sinônimo de fraqueza, nem falta de fé ou de gratidão. É uma condição séria, que pode afetar a forma como a pessoa percebe a si mesma, os outros e o mundo à sua volta. E quando a dor não encontra acolhimento, escuta ou tratamento adequado, esse sofrimento pode se intensificar e desencadear comportamentos que desafiam a lógica.
Cuidar da saúde mental é um ato de responsabilidade consigo e com o outro. Tristezas ignoradas, traumas silenciados e medos guardados — lá, naquela gavetinha fechada a sete chaves, não vão desaparecer sozinhos. Eles se manifestam às vezes em forma de ansiedade, outras em isolamento ou reações emocionais desproporcionais. Por isso, é fundamental buscar apoio profissional e se permitir o direito de cuidar de si.
Antes de concluir, quero ressaltar que compreender e falar sobre o sofrimento não significa aceitar atitudes inaceitáveis, nem justificar o que não pode ser justificado. Significa reconhecer que é preciso levar a saúde mental a sério, antes que a dor se torne insuportável.
O fato é que ninguém está imune ao sofrimento psíquico, por mais “ajustada” que pareça a vida. Muitas vezes, quem mais precisa de ajuda é justamente quem menos aparenta estar mal.
E você, já parou para pensar como está sua saúde mental?