15/03/2025
A Meningite eosinofílica, uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal causada, na maioria dos casos, por parasitos como Angiostrongylus cantonensis, representa um desafio para a saúde pública brasileira. Diferente das meningites bacterianas ou virais, conhecidas por seu potencial epidêmico, essa forma da doença ocorre pelo contato humano com moluscos, como o caramujo-gigante-africano (Achatina fulica), introduzido no país na década de 1980. Transmitido por roedores, seu hospedeiro definitivo, o parasito alcança o homem de maneira acidental, muitas vezes por alimentos crus e mal higienizados, levantando questões quanto ao diagnóstico, tratamento e à vigilância epidemiológica.
Os primeiros casos associados ao Angiostrongylus cantonensis no Brasil datam de 2007. Desde então, notificações esporádicas foram registradas em estados como Amapá, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Um estudo de 2014, publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e liderado pelo Dr. Carlos Graeff-Teixeira, à época professor de parasitologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), revisou 34 casos até aquele ano, com um óbito confirmado. Atualmente a doença mantem sua relevância e importância clínica apesar de sua relativa raridade.
O diagnóstico depende da análise do líquido cefalorraquidiano (LCR), obtido por punção lombar. “Nos casos característicos da infecção por Angiostrongylus cantonensis, a quantidade de eosinófilos no liquor é muito grande, mas nem todos os profissionais de saúde conhecem essa possibilidade como causa de meningite”, explica o Dr. Graeff-Teixeira. Ele aponta barreiras e diz que muitos laboratórios não fazem a contagem diferencial das células no LCR, o que impede identificar os eosinófilos.
Leia a matéria aqui: https://sbmt.org.br/meningite-eosinofilica-risco-oculto-dos-parasitas-no-brasil/