25/12/2025
O Natal não ativa emoções iguais em todas as pessoas.
Para muitos corpos, ele marca a data de aniversário do trauma.
Mesmo sem lembranças conscientes, o sistema nervoso reconhece a época.
Cheiros, músicas, encontros familiares, expectativas de alegria, discursos de gratidão —
tudo isso pode reativar experiências antigas de dor.
E não estamos falando de um único tipo de trauma.
O Natal pode tocar traumas de infância e apego:
– negligência emocional
– rejeição, favoritismo, comparações
– violência verbal ou física
– humilhação travestida de “brincadeira”
– abuso, segredos, silêncios
– parentif**ação (crianças que cuidaram de adultos)
Pode tocar traumas relacionais da vida adulta:
– relações abusivas ou narcisistas
– traições, controle, gaslighting
– lutos não reconhecidos
– exclusões familiares repetidas
Pode tocar traumas de sobrevivência:
– acidentes, violência urbana
– perdas súbitas
– experiências médicas invasivas
– catástrofes e desastres
E pode, sim, tocar traumas de privação, como pobreza e passar necessidades —
quando o Natal foi marcado por escassez, vergonha, comparação, adultos angustiados,
ou pela necessidade de “ser forte” cedo demais.
O corpo não diferencia “já passou” de “está acontecendo”.
Ele reage ao que reconhece.
Por isso surgem, nessa época, sintomas como:
ansiedade, irritabilidade, cansaço profundo, choro sem nome, vontade de sumir, culpa por não sentir alegria.
Isso não é drama.
É memória corporal.
Você não precisa forçar emoção.
Não precisa performar maturidade.
Maturidade emocional é não se violentar para caber na festa.
🦋 O Natal amplia o que já existe dentro de nós.
E tudo o que emerge merece escuta, não julgamento.
Lucimara Batista de Morais
Psicóloga | Trauma & Regulação