13/06/2020
Na cultura ocidental moderna, x indivídux constrói-se psiquicamente a partir do olhar de outra pessoa, que x cativa.
Para as mulheres, x outrx mais próximx é o homem com quem (talvez) formará um par e, portanto, constroem sua autopercepção a partir do olhar do homem que a escolha para formar o par.
Daí resulta que, para grande parte das mulheres, Amor significa "ser escolhida", e a tradição tornou-o um fator identitário.
Neste mesmo sistema cultural, dual entre masculino e feminino, por um lado, o homem é ensinado a amar esportes, desafios, velocidade, liberdade, vitórias ou seja várias coisas e, por outro lado, as mulheres são ensinadas a amar o seu par os homens.
A professora *Valeska Zanello, no livro Saúde mental e seus dispositivos*, criou a metáfora *Prateleira do Amor*, em cujo topo estão as mulheres brancas, jovens, loiras e magras; que correspondem ao padrão estético a ser alcançado e, quanto mais longe deste ideal estético , mais difícil de ser *escolhida* e, portanto, mais difícil de ter um par conjugal.
Ao desejarem sair da prateleira, mulheres aceitam serem escolhidas por pares não muito bons, ou até mesmo muito ruins, embora elas é quem deveriam escolher seus pares naturalmente e, não desesperadamente para *não ficarem solteiras (no dia dos namorados)* como um enganoso sinônimo de fracasso por não constituir a própria família a la comercial de margarina, exibir o par como troféu - e não companheiro - por ter sido tirada da prateleira.
Neste dia dos namorados, *escolha* namorar, casar com quem realmente te faz bem. *Escolha* quem compartilha a melhor parte de você. *Escolha ao invés de ser escolhida* por medo da solidão, de não ser quista.
*Escolha* um relacionamento no qual queira estar e, acima de tudo, que seja saudável e te faça feliz.