23/10/2025
Pessoas trans ganham 32% menos no mercado formal, diz Ipea
Estudo inédito mostra que só 1 em cada 4 pessoas trans têm emprego formal no Brasil
Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que apenas 25% das pessoas trans têm emprego com carteira assinada, índice quase sete pontos percentuais abaixo da média nacional.
A pesquisa apresenta uma metodologia inédita para identificar a população trans em bases oficiais, cruzando dados do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) — registros que, até hoje, não informavam identidade de gênero.
Invisibilidade histórica e avanço metodológico
A técnica permitiu identificar 38,7 mil pessoas trans com idade entre 14 e 64 anos. Quase metade delas (47,6%) realizou a retificação de nome e gênero entre 2023 e 2025, e 45,8% possuem nome social registrado.
Segundo os autores, é um passo fundamental para tornar visível uma população historicamente apagada das estatísticas oficiais.
A maioria das pessoas identificadas está na faixa de 18 a 30 anos (59,8%), com maior concentração no Sudeste (51,1%), seguido pelo Sul (15,9%). As regiões Norte e Nordeste aparecem com menor representatividade.
Os números mostram que as desigualdades são mais acentuadas entre mulheres trans, cuja taxa de inserção é de apenas 20,7%, frente a 31,1% entre homens trans.
Mesmo nas regiões economicamente mais dinâmicas, como Sul e Sudeste, as barreiras à contratação e à permanência no emprego seguem elevadas.
Além disso, o estudo revela que os rendimentos médios das pessoas trans são 32% menores que os da população total. Enquanto a média nacional é de R$ 3.987, pessoas trans recebem cerca de R$ 2.707 por mês.
Mesmo entre quem tem ensino superior, a diferença permanece: 27,6% a menos em comparação a profissionais não trans com o mesmo nível de escolaridade.