27/06/2024
Eu sou Paulo de Ogum, conhecido no terreiro como Pai Paulo, e há 27 anos dedico minha vida à Umbanda, servindo como pai de santo. Minha jornada começou muito antes disso, no entanto, quando ainda era um jovem rapaz cheio de curiosidade e dúvidas sobre o mundo espiritual.
Nasci em uma pequena cidade do interior, onde as tradições religiosas eram fortes e variadas. Minha avó, uma mulher sábia e cheia de histórias, foi quem primeiro me introduziu ao universo da Umbanda. Eu a via preparando oferendas, fazendo preces, e acompanhando-a aos terreiros nas festas e rituais. Foi com ela que aprendi a respeitar e admirar a espiritualidade.
Meu chamado veio cedo, aos 15 anos, quando comecei a ter visões e sonhos vívidos. Inicialmente, não compreendia bem o que signif**avam, mas sentia uma força maior me guiando. Foi então que procurei o terreiro mais próximo para entender o que se passava comigo. Lá, conheci o Pai Benedito, um homem de grande sabedoria que se tornou meu mentor e guia espiritual.
Sob a orientação de Pai Benedito, comecei meu desenvolvimento mediúnico. Aprendi sobre os Orixás, sobre as entidades que nos assistem e protegem, e sobre os fundamentos da Umbanda. Lembro-me claramente do dia em que recebi meu primeiro guia, um Caboclo chamado Sete Flechas. A emoção foi indescritível, senti uma conexão profunda e soube que estava no caminho certo.
Aos 25 anos, já formado na faculdade e trabalhando, fui consagrado pai de santo. Foi um momento de grande responsabilidade e honra. A partir daí, meu papel no terreiro se expandiu. Passei a conduzir girações, realizar batizados, casamentos e trabalhos espirituais. Cada consulta, cada palavra de orientação, era dada com a certeza de estar servindo a um propósito maior.
Foram muitos desafios ao longo desses 27 anos. Já enfrentei intolerância religiosa, dificuldades financeiras para manter o terreiro e até mesmo questões pessoais que testaram minha fé. No entanto, cada obstáculo me fortaleceu e me fez valorizar ainda mais a missão que recebi. A cada cura, a cada conselho que ajudava alguém a encontrar seu caminho, sentia a confirmação de que estava no lugar certo.
A Umbanda me ensinou a importância da caridade, do amor ao próximo e do respeito às diferenças. Vi muitas vidas transformadas pela fé, pelo acolhimento e pela orientação espiritual. Aprendi que ser pai de santo é ser um eterno aprendiz, sempre aberto ao conhecimento e à evolução espiritual.
Hoje, olhando para trás, sinto gratidão por cada passo dessa jornada. A cada gira, a cada encontro com os Orixás e guias espirituais, renovo meu compromisso de servir com humildade e dedicação. Sei que ainda há muito a aprender e a compartilhar, e estou pronto para continuar essa caminhada, sempre guiado pela luz de Ogum e pelo amor de todos os Orixás que nos protegem.
Que Oxalá abençoe a todos nós e nos guie sempre no caminho do bem e da justiça. Axé!