Psicóloga Marta Grünwaldt

Psicóloga Marta Grünwaldt Psicoterapia para crianças, adolescentes, adultos e idosos.

Não é possível dobrar os momentos e guardá-los no bolso. Também não é possível voltar a eles, não há meios para resgatá-...
12/09/2025

Não é possível dobrar os momentos e guardá-los no bolso. Também não é possível voltar a eles, não há meios para resgatá-los.

Nenhum momento se rende à nossa tentação de retê-lo.

O momento atual é autoritário porque é efêmero e não se permite ficar. Não é possível segurar um momento.

Aos momentos, resta-nos abraçá-los ou devorá-los, já que não podemos amarrá-los.

E se os agarramos, o que sobra no ar é apenas a poeira do próximo momento.

“As horas do dia”, Leda Cartum (2012).

🛋️ Marta Luana Grünwaldt
Psicóloga Clínica
CRP-12/21.543

Escutar implica deixar o outro existir sem ser interrompido pela nossa própria narrativa. Isso significa que a escuta nã...
10/09/2025

Escutar implica deixar o outro existir sem ser interrompido pela nossa própria narrativa. Isso significa que a escuta não é passiva, mas um exercício ativo de presença.

Muitas vezes, ao ouvir alguém, já nos preparamos para responder, aconselhar ou relacionar a fala à nossa experiência pessoal.

No entanto, quando fazemos isso, retiramos do outro a chance de falar por inteiro, de habitar o espaço da palavra com sua própria verdade.

Escutar, de fato, exige suspender a voz interna que deseja completar, corrigir ou antecipar. É um gesto ético de reconhecimento: o outro não é extensão de nós, mas sujeito de sua própria história.

Na clínica psicanalítica, essa é a base do trabalho, mas no cotidiano também é um ato de generosidade. Quem é verdadeiramente escutado, sente-se acolhido e reconhecido.

Assim, escutar é abrir espaço para que o outro exista. E, nesse processo, também nos transformamos.

“Escutar para o outro existir”, Gisele Oliveira (2022).

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Para Lacan, o sujeito é atravessado por seu desejo e não pode ser reduzido a metas ou técnicas de “melhoria pessoal”.O p...
27/08/2025

Para Lacan, o sujeito é atravessado por seu desejo e não pode ser reduzido a metas ou técnicas de “melhoria pessoal”.

O psicólogo não promete soluções, mas escuta, acolhe e cria espaço para que o sujeito enfrente suas tensões, inclusive aquelas impostas pelo contexto social: desigualdades, opressões e estruturas que moldam a vida.

No Dia do Psicólogo, celebramos a escuta ética, o compromisso com a subjetividade e a responsabilidade de reconhecer tanto o desejo quanto as condições sociais que atravessam cada sujeito.

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A “paixão da possibilidade”, que Kierkergaard menciona nesse trecho de seu livro, é quase o oposto da estagnação. É um d...
11/08/2025

A “paixão da possibilidade”, que Kierkergaard menciona nesse trecho de seu livro, é quase o oposto da estagnação.

É um desejo de olhar para o mundo como se fosse sempre novo, com curiosidade e coragem para se lançar no que ainda não existe, e não apenas se contentar com o que já é.

Na mesma linha de raciocínio, o “olho eternamente jovem” não trata sobre idade, mas sobre preservar essa capacidade de se encantar e se mover em direção ao que é inédito, mesmo que arriscado ou incerto.

“Enten–Eller”, Søren Kierkegaard (1843).

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Quando Kundera escreve que o corpo desacelera diante de uma lembrança que escapa, ele toca num ponto crucial: o tempo do...
28/07/2025

Quando Kundera escreve que o corpo desacelera diante de uma lembrança que escapa, ele toca num ponto crucial: o tempo do inconsciente não é o tempo do relógio.

É o tempo da hesitação, da suspensão, do tropeço. Na teoria lacaniana, é justamente nesses momentos que o sujeito do desejo se revela.

O passo que hesita não é distração, é linguagem do inconsciente. É o corpo respondendo àquilo que ainda não foi simbolizado. É o desejo tentando se dizer, sem palavras.

Mas o que acontece com o desejo quando não há hesitação? Quando tudo é rápido, produtivo, contínuo?

Nessa lógica, não há tempo para a falta. Tudo precisa ser preenchido, resolvido, consumido. E o desejo, que se alimenta do vazio, não sobrevive nesse ritmo.

Desejar exige tempo. Pressa exige preenchimento.

O desejo não grita, ele sussurra no intervalo entre uma coisa e outra. E na pressa, não há intervalo, mas repetição.

Por isso, o passo que hesita é precioso: ele marca a brecha onde o desejo ainda pode emergir.
É no tropeço, na lentidão, na falha daquilo que é automático que o sujeito se reencontra com aquilo que verdadeiramente o move.

O desejo exija um furo, e a pressa é cheia demais de tudo.

“A lentidão”, Milan Kundera (1995).

“Seminário 11 – Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise”, Jacques Lacan (1964).

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Na visão lacaniana, a identidade não é algo pronto ou fixo. Não nascemos com um “eu verdadeiro” esperando ser revelado. ...
30/06/2025

Na visão lacaniana, a identidade não é algo pronto ou fixo. Não nascemos com um “eu verdadeiro” esperando ser revelado. Pelo contrário: somos marcados pela linguagem, pelas relações, pelas faltas e desejos que nos atravessam. É isso que nos torna sujeitos. Sempre em construção, nunca totalmente definidos.

Lacan dizia que o sujeito é dividido, feito de contradições. E a cada dia tentamos responder à pergunta: “Quem sou eu?”. Mas essa resposta nunca vem de forma completa. Estamos sempre nos reinventando, tentando dar sentido àquilo que sentimos, fazemos, desejamos.

Quando Galeano fala que “a identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine”, ele reforça essa ideia: não somos uma essência imutável, mas um processo em movimento.

Vivemos entre certezas e dúvidas, entre o que esperam de nós e o que desejamos ser. É nesse vai e vem que a nossa subjetividade se forma.

Portanto, talvez a identidade seja menos sobre encontrar quem somos, e mais sobre sustentar, com coragem, o caminho de nos tornarmos.

“O livro dos abraços”, Eduardo Galeano (2009).

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A psicoterapia infantil de orientação psicanalítica oferece um espaço de escuta verdadeira. Sem pressa, sem rótulos, sem...
10/05/2025

A psicoterapia infantil de orientação psicanalítica oferece um espaço de escuta verdadeira. Sem pressa, sem rótulos, sem receitas prontas.

Um espaço onde a criança pode ser ela mesma, e onde seu sofrimento é levado a sério — não como algo a ser corrigido, mas como algo a ser compreendido.

"A psicanálise na educação: o impossível em questão", Maria Cristina Kupfer (2001).

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O sintoma, na psicanálise, não é um erro a ser corrigido — é o jeito singular que cada um encontra de seguir vivendo, me...
02/05/2025

O sintoma, na psicanálise, não é um erro a ser corrigido — é o jeito singular que cada um encontra de seguir vivendo, mesmo quando nada faz muito sentido.

É fato que, sobre a vida, temos pouquíssimas certezas. Com frequência nos deparamos com a impossibilidade de um saber completo ou de um sentido pleno.

Lacan já dizia: “não há Outro do Outro”. Ou seja, não existe uma instância final que garanta sentido absoluto. A vida não se sustenta sobre verdades sólidas, mas sobre fendas, equívocos e mal-entendidos.

Na psicanálise, essa falta de garantias não é um problema a ser resolvido, mas uma condição estrutural do sujeito. E é justamente aí que surge o sintoma: não como um defeito a ser eliminado, mas como uma resposta única de cada sujeito diante do que escapa ao sentido (do que insiste mesmo sem explicação).

Diante do real (esse impossível de dizer), o que nos resta é dar um jeito. E esse “jeito” é o próprio sintoma: uma invenção singular, um modo próprio de seguir vivendo, mesmo sem compreender tudo, mesmo sem ter todas as peças de um quebra-cabeça.

Cada sujeito, a seu modo, encontra uma forma de lidar com o que falta — com tropeços, ajustes e criações que permitem seguir adiante.

“A vida é feita de poucas certezas e muito dar-se um jeito” nomeia com simplicidade algo muito profundo: a vida não se constrói sobre certezas, mas sobre os modos que cada um encontra para fazer com o que não se resolve.

E o sintoma, nada mais é, do que um modo de amarrar os fios soltos da existência, de dar forma ao que não tem forma, de sustentar-se diante daquilo que não se explica.

Na clínica, é justamente essa invenção (esse "dar um jeito") que se reconhece como a parte mais viva do processo analítico: o sujeito criando sua maneira de estar no mundo, mesmo sem todas as certezas.

Não faço ideia da autoria dessa frase 🫠, mas de resto "O seminário, Livro 23: O sinthoma", Jacques Lacan (2007) e "O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise", Jacques Lacan (1985).

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Na ética do desejo, o que é verdadeiramente ético não é o que é socialmente esperado, mas o que é autenticamente desejad...
24/04/2025

Na ética do desejo, o que é verdadeiramente ético não é o que é socialmente esperado, mas o que é autenticamente desejado.

"A ética da psicanálise", Jacques Lacan (1997).

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Vira e mexe, eu vejo essa frase por aí e, com frequência, ela me deixa bem pensativa. Essa semana, me permiti relacioná-...
18/04/2025

Vira e mexe, eu vejo essa frase por aí e, com frequência, ela me deixa bem pensativa. Essa semana, me permiti relacioná-la com leituras que fiz sobre a ideia de gozo e repetição e, daí, pensei que:

Quando alguém percorre um "caminho", ainda que ele seja doloroso ou disfuncional, há um certo gozo investido ali — uma satisfação inconsciente que sustenta a repetição.

O sujeito, ainda que diga querer mudar, se vê retornando sempre ao mesmo ponto, ao mesmo modo de se relacionar, de desejar, de sofrer.

Desaprender, nesse sentido, não é só uma questão racional, de querer ou saber que aquele caminho não serve mais. É um trabalho que implica tocar a estrutura do desejo, desfazer identificações, desmontar o sintoma (ou pelo menos ler o que ele diz).

E é por isso que "leva tempo": porque o inconsciente não muda por decreto (quem nos dera kkkk). A análise não ensina novos caminhos no lugar dos antigos. Ela tá mais para, algo do tipo, revelar as enrascadas do sujeito, e possibilitar um posicionamento diferente frente ao seu desejo.

Como dizia Lacan: "não se muda de desejo como se muda de camisa" 🫠.

Por fim, essa frase também carrega a ideia de que o inconsciente insiste, e que aprender a se orientar de outra forma exige tempo, escuta e, muitas vezes, luto do que se perde ao abandonar velhas trilhas.

Referências
Seminário 11 – Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise (1964).

Seminário 20 – Mais, ainda (1972–1973).

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Nem todo sofrimento infantil aparece em palavras. Às vezes, ele se mostra em gestos, silêncios, sintomas. Como escutamos...
16/04/2025

Nem todo sofrimento infantil aparece em palavras. Às vezes, ele se mostra em gestos, silêncios, sintomas. Como escutamos uma criança que ainda não sabe dizer?

"A criança e o saber inconsciente", Lefort (1981).

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Da série: músicas que me fazem pensar!A música "Culpa" da banda O Terno explora profundamente o sentimento de culpa, mui...
25/02/2025

Da série: músicas que me fazem pensar!

A música "Culpa" da banda O Terno explora profundamente o sentimento de culpa, muitas vezes infundado, que permeia a consciência do indivíduo em diversas situações cotidianas.

A letra revela uma luta interna com a culpa, mesmo na ausência de erros concretos, questionando a origem e a validade desse sentimento.

O refrão repetitivo e as interjeições que evocam a palavra "culpa" intensificam a sensação de um ciclo vicioso de autoacusação.

A música sugere que essa culpa pode ser uma internalização das expectativas sociais, onde o indivíduo se sente obrigado a se desculpar por emoções humanas naturais, como a tristeza ou o descontentamento.

Isso reflete uma crítica à sociedade que impõe padrões de felicidade e sucesso, muitas vezes inatingíveis ou irreais.

Além disso, a canção toca em como a culpa é manipulada em diferentes contextos, seja no sucesso, no fracasso, ou até mesmo em crenças religiosas, destacando como esse sentimento é frequentemente usado para controlar ou influenciar comportamentos e percepções pessoais.

A banda O Terno, conhecida por suas letras introspectivas e som indie rock, utiliza a música para questionar e desafiar essas normas sociais, promovendo uma reflexão sobre a autenticidade emocional e a liberdade individual.

Fonte: letras.mus.br

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