25/06/2025
Nem toda otite dá para evitar, mas algumas vacinas ajudam a reduzir o risco de infecções no ouvido — principalmente nas crianças pequenas, em que a incidência de otite média é mais alta devido à imaturidade anatômica e imunológica.
Isso porque algumas otites são causadas por bactérias contra as quais já temos vacinas ef**azes. Um exemplo importante é o Streptococcus pneumoniae (pneumococo), uma das principais causas de otite média aguda em crianças. A vacina pneumocócica conjugada — tradicionalmente a versão 10-valente (PCV10), usada na rede pública — mostrou reduzir signif**ativamente a ocorrência de otites, especialmente as mais graves e de repetição.
Mas hoje já estão disponíveis versões mais amplas, como a 13-valente (PCV13), a 15-valente (PCV15) e a 20-valente (PCV20), que oferecem proteção contra um número ainda maior de sorotipos pneumocócicos. Essas versões são utilizadas principalmente na rede privada e representam um avanço na prevenção de infecções respiratórias, incluindo as otites. Quanto maior a cobertura sorológica, menor o risco de que a criança seja infectada por uma cepa não incluída nas vacinas mais antigas.
Outro agente relevante é o Haemophilus influenzae tipo b (Hib), que também pode causar infecções nas vias aéreas superiores e, eventualmente, otite. Com o calendário vacinal completo — usando a vacina pentavalente nos postos ou a hexavalente nas clínicas — esse risco é consideravelmente reduzido. Além disso, essas vacinas protegem contra outras doenças sérias, como meningite, epiglotite e pneumonia.
Mas é importante destacar: a maioria das otites por Haemophilus influenzae hoje é causada pelas cepas não tipáveis, que não estão incluídas na vacina Hib. Esse Haemophilus influenzae não tipável continua sendo uma causa frequente de otite média, especialmente em crianças pequenas. Embora ainda não haja vacina específ**a disponível contra ele, manter as vias aéreas desobstruídas, tratar condições associadas como rinite e alergias, e evitar exposição à fumaça de cigarro, por exemplo, ajuda a reduzir o risco.
A vacina da gripe também tem um papel importante. O vírus influenza, ao comprometer as defesas da mucosa respiratória, facilita infecções bacterianas secundárias — inclusive no ouvido. Estudos mostram que a vacinação contra a gripe reduz a incidência de otites médias em crianças vacinadas, especialmente durante os surtos sazonais.
Vale lembrar que nem toda otite é causada por bactéria. Em muitos casos, o processo começa com uma infecção viral das vias aéreas superiores, que leva à inflamação da tuba auditiva — o canal que conecta o nariz ao ouvido médio. Isso prejudica a ventilação do ouvido e favorece o acúmulo de secreção atrás do tímpano. Às vezes, essa inflamação causa sintomas mesmo sem infecção ativa. Outras vezes, esse ambiente propício acaba permitindo a entrada de bactérias, levando à infecção secundária. Além disso, alergias respiratórias e alterações anatômicas da tuba auditiva também aumentam o risco de otites. Por isso, além da vacinação, é importante manter as vias aéreas saudáveis e acompanhar de perto as crianças com episódios recorrentes.
Por isso, manter a caderneta de vacinação atualizada não é apenas uma medida de proteção geral — é também uma estratégia ef**az para proteger a saúde auditiva das crianças, especialmente nos primeiros anos de vida, quando as otites são mais frequentes e, muitas vezes, mais agressivas.
Ah, e vale mencionar: existe também a vacina pneumocócica 23-valente (PPSV23), que amplia ainda mais a cobertura contra outros sorotipos, mas ela é indicada apenas em casos especiais — como em crianças com doenças crônicas, imunodeficiências ou condições que aumentam o risco de infecção grave. Nesses casos, ela entra como reforço, sempre em complemento às vacinas conjugadas.