Geisi Mara Rodrigues Casemiro - Psicanálise e Cultura

Geisi Mara Rodrigues Casemiro - Psicanálise e Cultura Geisi Mara Rodrigues Casemiro
Psicóloga CRP 08/15152
Psicanalista em formação
Mestre em Psicologia/UEM
Atua no CAPS AD - Maringá e
Clínica Ágalma

01/09/2025
23/06/2025
Um dos pontos que mais chama minha atenção no uso da Internet é a alteração da nossa relação com o tempo. Há mais de tri...
30/05/2025

Um dos pontos que mais chama minha atenção no uso da Internet é a alteração da nossa relação com o tempo. Há mais de trinta anos, eu acompanhava com curiosidade as cartas que minha mãe recebia de uma prima que morava distante e de uma amiga que mudou-se para uma cidade vizinha. Também recordo-me com nostalgia de aguardar meu pai em ligações na cabine de um posto telefônico.

Já na minha adolescência, lembro quando criei meu primeiro e-mail, a descoberta das salas de bate-papo e as primeiras páginas navegadas.

Em poucos anos, os meios de comunicação e as formas de nos comunicarmos foram radicalmente alterados. A espera pela resposta do outro que poderia vir de uma carta ou de uma ligação com hora marcada, até mesmo a resposta de um e-mail, foi suplantada quando passamos a carregar em nossas mãos, quase como uma extensão dela, os smartphones.

Como poderia alguém visualizar e não responder? Como poderia demorar alguns minutos para responder se o telefone estaria supostamente colado ao corpo?

Junto a isso vieram as redes sociais com um feed sem fim, com memes e trends sempre renovados que nos encharcam de estímulos.

Longe da nostalgia dos tempos antigos, e das dificuldades que aquela época impunha, trata-se de pensar como passamos a lidar com a espera, com o tempo. O tempo do relógio, mas também o tempo da subjetividade. O tempo necessário para crescer, aprender, produzir questões, elaborar lutos. O tempo para contemplar, descansar. Recordar. Pensar.

Se a nossa relação com o tempo se estilhaça, perdemos junto um tanto da nossa possibilidade de construir memória. Nossa constituição psíquica depende do tempo. Mas não qualquer tempo. É o tempo do intervalo, da alternância, que possibilita as inscrições psíquicas. Sem inscrição, não há memória. E sem memória, que possibilidade temos de refletir sobre o que acontece conosco e com o mundo?

Para o dia das mães. Porque é impossível não falar de mãe.
11/05/2025

Para o dia das mães. Porque é impossível não falar de mãe.

Há algumas semanas tive a grata surpresa de encontrar o Diário de Zlata em um sebo enquanto via livros infantis e infant...
07/04/2025

Há algumas semanas tive a grata surpresa de encontrar o Diário de Zlata em um sebo enquanto via livros infantis e infanto-juvenis com meus filhos. Este livro ocupava um lugar especial em minha memória das leituras feitas na adolescência. Recordo-me de ter lido logo após a leitura do Diário de Anne Frank e de comparar a vida de ambas, enquanto Anne estava às voltas com os conflitos com a mãe, Zlata era uma menina que crescia cercada de amor antes que a guerra lhe tirasse das "margens da infância". Era também chamada de Anne Frank de Sarajevo, comparação que lhe causava medo de ter o mesmo destino da verdadeira Anne.

Zlata vivia em Sarajevo quando em 1992 a cidade foi cercada por sérvios contrários à independência da Bósnia-Herzegovina da antiga Iuguslavia. Em pouco tempo, a vida com escola, aulas de piano e inglês, festas de aniversários e clipes na TV, foi tomada pelo terror. Chuva de granadas sobre a cidade e franco -atiradores acertando civis passou a fazer parte da rotina. Abrigar-se em um porão escuro e frio passou a ser a melhor opção nos momentos de ataque. Em seguida, veio a restrição de alimentos, água, energia e gás. A separação dos amigos e dos avós.

Enquanto os "senhores da guerra" "brincavam de desenhar mapas", milhares de pessoas perderam a vida, outras tantas tiveram a vida transformada para sempre.

Por diversas, vezes Zlata conta ao diário Mimmy sobre sua infância roubada, mas que também a velhice tranquila dos avós foi retirada, assim como a alegria e elegância dos pais. A possibilidade de experienciar o tempo também foi roubada, afinal, o tempo não passava mais, era uma sucessão de horrores que pareciam não ter fim. Uma experiência que pode-se qualificar de traumática de fato.

O contraponto entre a experiência de horror foi a vivência de solidariedade e amor com a pequena comunidade de vizinhos que se formou. Também as cartas de amigos e as guloseimas que hora ou outra Zlata ganhava.

Talvez escrever durante ou depois de uma experiência de horror seja uma forma de continuar vivo subjetivamente. E é justamente a subjetividade, as diferenças, que um genocídio tenta aniquilar.

⬇️

Um pouco da poesia de Cacaso para encerrar a semana.
04/04/2025

Um pouco da poesia de Cacaso para encerrar a semana.

Poeminha nonsense só para entrar na brincadeira da "trend" do momento. Confesso que gostei.  Muitas vezes, nossa neurose...
28/02/2025

Poeminha nonsense só para entrar na brincadeira da "trend" do momento. Confesso que gostei.

Muitas vezes, nossa neurose nos faz acreditar que, para começar algo novo, precisamos estar extremamente preparados, mas é no caminho que aprendemos. Tantas outras vezes, tememos as consequências de começar. E corremos o risco de uma vida na mesmice.

Que a nossa neurose não nos roube os começos por medo do fim.

Num momento histórico em que tantos "especialistas" se propõem a ensinar a viver, que todos os dias nas redes escutamos ...
11/02/2025

Num momento histórico em que tantos "especialistas" se propõem a ensinar a viver, que todos os dias nas redes escutamos alguém dizendo que sabe o caminho das pedras, que irá contar o que ninguém te contou até hoje, é preciso resgatar a noção de que na vida somos todos amadores.

Como cantou meu compositor favorito, "Se fosse fácil achar o caminho das pedras/Tantas pedras no caminho não seria ruim.".

Adeus, Marina Colasanti!
28/01/2025

Adeus, Marina Colasanti!

Há muitos anos escuto falar sobre a escrita de José Luís Peixoto, mas foi neste final de ano que escolhi um de seus livr...
24/01/2025

Há muitos anos escuto falar sobre a escrita de José Luís Peixoto, mas foi neste final de ano que escolhi um de seus livros para conhecer sua obra. Em "Morreste-me" , o luto pela morte do pai é contado de uma forma linda, poética. Como se o autor falasse ao pai da dor que sua ausência causara. Sem diálogos, como uma carta que não poderia ser entregue, José Luiz Peixoto descreve de forma dolorida o que a morte provoca. O cotidiano torna-se violento por continuar exatamente igual, mas nada mais poderia ser olhado do mesmo modo. Afinal, também enxergamos a vida e a nós mesmos pelo olhar do outro.
Ao terminar a leitura, me fez desejar reinicia-la.

Inspirada nas coisas que vejo e escuto por aí.
09/01/2025

Inspirada nas coisas que vejo e escuto por aí.

Endereço

Rua Néo Alves Martins, 3176/Sl 164
Maringá, PR

Notificações

Seja o primeiro recebendo as novidades e nos deixe lhe enviar um e-mail quando Geisi Mara Rodrigues Casemiro - Psicanálise e Cultura posta notícias e promoções. Seu endereço de e-mail não será usado com qualquer outro objetivo, e pode cancelar a inscrição em qualquer momento.

Entre Em Contato Com A Prática

Envie uma mensagem para Geisi Mara Rodrigues Casemiro - Psicanálise e Cultura:

Compartilhar

Share on Facebook Share on Twitter Share on LinkedIn
Share on Pinterest Share on Reddit Share via Email
Share on WhatsApp Share on Instagram Share on Telegram

Categoria