29/01/2020
Nas relações, supomos que nossos sentimentos (afetuosos e hostis) são facilmente compreendidos e interpretados pelo outro. Dizemos: “Ora! Isso é óbvio”. A experiência clínica parece nos mostrar uma oposição para a crença popular, pois o “óbvio” não é definitivamente perceptível. Ou seja, o óbvio também precisa ser dito, anunciado, experimentado e expressado. Ao verbalizar e demonstrar o sentimento que julgávamos ser claro, nos deparamos com a realidade de que aquilo que sentíamos apenas era perceptível para nós mesmos, e não para o outro. Em resumo, o óbvio, no campo das emoções, pode não passar de uma dificuldade do próprio sujeito em reconhecer e expressar seu mundo interno. Não há óbvios, em seu sentido puro, nas relações, qualquer aspecto necessita ser dito, como: “Eu te amo”, “Estou com raiva disso”, “Estou triste”, “Me desculpe por ter dito ou feito algo”, “Me sinto desconfortável com a situação”, “Estou feliz por ter você ao meu lado”, “Tenho medo de algo acontecer”, etc. Portanto, dizer o “óbvio” alimenta as relações e fortalece os vínculos.
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Raphael E. Dutra
Psicólogo Clínico – CRP 08/22516
Mestre em Psicologia – Processos Clínicos e Psicanálise
Contato: (44) 99808-5040
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