08/08/2020
As figuras parentais são fundamentais na estruturação psíquica da criança, independentemente de quem as exerce, visto a pluralidade do conceito de família. Ao falar sobre o pai, em psicanálise, falamos em função paterna – que não caracteriza necessariamente o pai biológico, mas aquele que exerce essa função simbólica.
Para ocupar tal lugar, é necessário que esse pai não seja apenas presente fisicamente, mas que sua função seja operante – o pai é aquele que representa proteção, amparo, limite, autoridade, referência. Ele é essencial para apoiar, cooperar e sustentar emocionalmente a mãe para que esta possa exercer a função materna. Ele precisa suportar estar inicialmente “excluído” para que o vínculo mãe-bebê seja intenso e praticamente exclusivo, o que permite os passos iniciais da estruturação psíquica.
No entanto, é ainda mais necessário e estruturante para a mente da criança que esse pai possa exercer o corte, possa introduzir a separação na relação mãe-bebê. Aos poucos, é necessário que a mãe se desligue desse vínculo exclusivo e passe a incluir outros interesses e afetos em sua vida, e o pai é essencial nesse processo. Pai não é aquele que ajuda a mãe, ele precisa exercer sua função - e a mãe precisa dar espaço a ele, valorizar seu lugar e suas particularidades na forma de cuidar da criança.
Assim, uma das funções do pai é a imposição do limite, no sentido de barrar a fusão entre a figura materna e a criança e apresentar ao filho o mundo externo. Ele permite a descoberta do mundo, os parâmetros da cultura e da lei, a inserção da criança no mundo social. Essa função é fundamental para um desenvolvimento psíquico saudável e permite o processo de singularização e diferenciação do filho.
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📝 Fernanda Qu***ia Franzini
CRP 08/18666