18/03/2025
Sentir é humano. Sentir é plural. Sentir é experimentar o mundo e a vida. Sentir não é uma questão de escolha, e não existe a possibilidade de sermos seletivos com relação àquilo que sentimos. "Eu não quero sentir raiva!", "Eu não quero sentir medo."... Meus amigos, nem a Madre Tereza de Calcutá conseguiu essa proeza.
Talvez desejamos isto por viver numa sociedade que demoniza algumas experiências afetivas, deprecia outras, e endossa a ideia de que existem aquelas que são mais dignas e nobres.
Mas fato é: a gente sente, e sente tudo! As vezes mais, as vezes menos, as vezes tudo junto, as vezes separado... E o que a gente sente não precisa definir quem a gente é.
Sentir raiva não faz de você uma pessoa agressiva.
Sentir cansaço não faz de você uma pessoa preguiçosa.
Sentir tristeza não faz de você uma pessoa deprimida.
Sentir ciúmes não faz de você um(a) mal parceiro(a).
Sentir inveja não faz de você um(a) amigo(a) ruim.
Sentir alegria não faz de você, necessariamente, uma pessoa feliz.
Mas se a gente não assume o que sente (e não é nem sobre assumir para os outros, é sobre nós mesmos), não dá um lugar para que isso se inscreva. E não dar um lugar para esta inscrição não faz com que, simplesmente, o afeto deixe de existir. Na verdade, ele vai precisar encontrar outras vias para se colocar. E ele acha, viu?
O curioso é que, para não dar esse lugar ao sentimento, a gente faz de tudo: se sufoca, se culpa, se apaga, se anula... Se desrespeita. Respeitar e dignificar o que se sente é, por fim, dar um lugar para isto. É poder pensar sobre. É poder falar, poder elaborar. Poder entender melhor para além de sentir. É poder ter clareza, a ponto de questionar o que é que se quer fazer com isto.
Agora, se você não puder respeitar isso, eu sinto muito.
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Mariane Gobbi
Psicologia (CRP 08/26260) & Psicanálise
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