28/09/2024
Na Psicologia e já no senso comum há uma resistência à Análise do Comportamento. Essa resistência se dá, em parte, pela aversão à noção de controle. De fato, talvez haja uma certa infelicidade na escolha do termo (podemos pensar em algum outro, talvez "influência"). Ainda assim, boa parte da rejeição permanece porque encarar a ideia de que "somos controlados" e "controlamos" uns aos outros pode soar como frio, mecânico e desumano.
Mas a grande chave é: o que é desumano não é o controle, mas sim a coerção. O controle usado deliberadamente para o poder e para a exploração; o controle usado para que as pessoas ajam conforme eu gostaria é o verdadeiro problema.
De resto, as relações de controle entre pessoas (leia-se, relações de influência) existem o tempo todo, quer gostemos ou não.
Diante desse fato, o melhor que podemos fazer é compreender, explicitar e divulgar o máximo possível essas relações de controle. Só assim conseguimos identificar o que, dentro dessas relações, é coerção. E essas sim combateremos.
Nossa recusa ao "controle" é justamente um dos sintomas da coerção. Somos tão coagidos o tempo todo (em casa, no trabalho, na escola) que tememos esse nome.
De todo modo, a negação de que somos controlados o tempo todo é perigosíssima, justamente porque nos afasta de identificar as verdadeiras causas dos nossos males. E aqui me refiro a males de vários tipos, dos males sociais ao sofrimento psicológico individual.
Boa parte do que sofremos individualmente acreditamos ser fruto de um diagnóstico ou transtorno. Dizemos que temos TDAH, ansiedade, que somos neuróticos, loucos, ciumentos, inseguros, desorganizados, impacientes, agressivos e egoístas.
Para todos esses sofrimentos, encontramos o problema no mesmo lugar: nas relações de influência. Sentimos o que sentimos, fazemos o que fazemos e somos o que somos pelas relações que tivemos.
Se você quer se compreender, será indispensável olhar para a família que você teve, os amigos e parcerias amorosas, além de se perguntar a todo momento: o que fizeram comigo? - o que eu fiz depois?
Sim, cansa.
Mas viver bem, sem usar coerção, nunca foi fácil.