31/03/2025
No começo, você acha que ainda é a mesma. Só um pouco mais cansada. Só um pouco mais ocupada. Mas, aos poucos, percebe que algo dentro de você mudou de forma irreversível.
O dia começa antes do sol nascer. Você acorda porque um chorinho miúdo chama seu nome. Levanta no automático, como se seu corpo já soubesse o que fazer.
No meio da madrugada, enquanto embala aquele pequeno ser contra o peito, percebe que está tão exausta que mal consegue pensar.
Mas não importa. Você continua.
A antiga versão de você teria reclamado do cansaço, mas essa nova mulher aprendeu a seguir, mesmo sem forças.
No banho rápido, sem tempo para rituais de autocuidado, você vê no espelho um rosto diferente. Mais olheiras, mais marcas. Mas, de alguma forma, mais forte.
A casa está bagunçada. A pia tem louça. A comida do almoço esfria na mesa porque o bebê precisou de colo. Você tenta segurar as pontas, ser tudo ao mesmo tempo. Mas, em algum momento, se dá conta: aquela mulher que conseguia controlar tudo não existe mais.
E, por incrível que pareça, está tudo bem.
Porque, no meio do caos, existe um cheirinho doce de bebê, aquele que você tanto esperou.
E você entende.
A mulher que existia antes da maternidade se despediu no momento em que seu filho nasceu.
Mas a que ficou…
Ah, essa nunca foi tão forte. Tão intensa. Tão capaz de amar.