De possível retardada à mestre e mentora de profissionais de psicologia e Arteterapia. Hoje eu sou analista e mentora de muitas pessoas e quando eu conto minha história as pessoas f**am chocadas!
Como foi que isso aconteceu? Na verdade como foi que acharam que eu era retardada?
No pré eu comecei a escrever, eu gostava tanto da Prof. Tatiane, que essa foi a primeira palavra que aprendi, para mim isso era um suprassumo de felicidade, para meus pais e professora também.
Então fui para o 1 ano, e lá que a coisa ficou difícil! No primeiro dia de aula, a professora pediu para copiar um título e criar um desenho. E eu me neguei, eu não conseguia explicar para a professora que na minha cabeça o caderno de desenho é só para desenho! Poxa vida! O nome do caderno já diz a função dele! Assim eu pensei, e empaquei.
Essa situação me fez f**ar de castigo na escola, chamaram a psicóloga, a coordenadora, a diretora, ou sei lá quem era, e ela me obrigou a copiar do quadro senão eu não iria embora. Na minha cabeça veio rápida a imagem de eu dormindo no chão frio no canto da sala sem maus pais. Eu comecei a chorar e a esbravejar, até que minha mãe chegou e ela me levou embora com a prerrogativa de me orientar a respeitar a professora.
Bom, eu entendi mais ou menos o recado, e já no dia seguinte eu fui direcionada para outra turma, a turma dos “difíceis”, que tinha uma professora mais “ditadora”. Ela usava um método simples para manter minha atenção, uma régua de 1m de madeira estalava na minha mesa quando eu estava imaginando.
E adivinha? “A Paula não aprende!”- disse a professora, a psicóloga e a coordenada para minha mãe. Sorte minha que minha mãe é brava como uma onça e inteligente como uma águia, e ela lutou por mim! Foram infinitas listas de exercícios, horas e horas de dedicação, frustração, cansaço, alegria e tristeza.
Mas a menina não estava aprendendo mais. Mas como ela já havia começado a escrever no pré? - Todos se pegavam pensando nisso, e se perguntavam: “O que fazer diante disso?”.
Até que houve um concurso de desenhos, e eu desenhei a santa ceia. Foi aí que perceberam que eu tinha memória, sabia contar, havia uma lógica específ**a no desenho, eu sabia contar a história, e inclusive para minha faixa etária ganhei o concurso, em dinheiro! Isso me salvou! Sai da zona do retardo para “há ela aprende e expressa por desenhos”.
Ufaa me salvei, mas eu continuei travada emocionalmente na aprendizagem. E assim foi por muito tempo na minha vida, baixa estima escolar e recuperações era todo ano.
Ainda com toda essa labuta eu tinha um sonho grandioso, queria ser médica pois adorava a minha pediatra, adorava como ela me cuidava e eu queria cuidar das pessoas. Até hoje tenho vontade de revê-la,Dra. Elen é seu nome, querida saiba que você é até hoje uma joia na minha história.
Mas sobre ser médica meu pai dizia: “Com essas notas você nunca será médica!”. E não havia o que dizer, para mim ele estava certo, e a vontade de ser médica foi murchando à medida que minha autoestima também. Cada vez me sentia menos capaz de ser algo ou alguém na vida. E assim o tempo foi passando, e no início da adolescência, mudamos de bairro e escola, “São novos ares!” meu pai dizia. Ele e minha mãe estavam conquistando o sonho de ir subindo de vida. Na nova escola percebi que estava difícil fazer novos amigos, e as dificuldades escolares de mantinham.
Há não!! O terror se manteve, porque meu Deus?
Fiquei com raiva de Deus, dos pais, da casa, da escola, de tudo. Como defesa o que eu fazia? brigava, batia, me isolava, sofri Bullying. E só havia um lugar que eu sentia que era meu, a pintura.
E lá pelos 17 anos eu queria desbravar o mundo, fiz intercambio para o México, e lá conheci a história de Frida, uma artista que pintou a alma, a dor, a alegria, a angustia,... Nossa! Me identifiquei e me descobri “uma pintora livre”, e a partir daí comecei a pintar imagens de dentro. Isso me deixava focada e em paz, f**ava horas apreciando a obra feita, como se eu estivesse degustando ela, até que hora ou outra, surgia a vontade de pintar outro sentimento.
Lá no México foi também quando me apaixonei pela primeira vez, e foi reciproco. Com tantas descobertas maravilhosas sobre mim, foi difícil voltar a minha “velha” família. Ficou bem claro para mim que eu não era mais e a Paula de antes. Eu descobri que havia uma alma em mim e um sentido para minha vida.
Dito e feito, eu voltei na época do vestibular e queria fazer qual curso?? Artes! Mas meus pais se negaram “Porque artes não dá dinheiro, é coisa de preguiçoso”-eles diziam, e me deram duas possibilidades ou passa na UEM (Universidade Estadual de Maringá) em Psicologia, ou fará psicologia na faculdade privada e estudará a noite com meu pai, pois ele dizia que seu sonho era ter feito psicologia. Conseguem ver a incongruência? Eu sim.
Então vamos lá psicologia! Passei na UEM. E aquilo tudo que eu havia descoberto de mim mesma, se abafou, entristeceu. Foram longos anos de graduação, lá fiz grandes amigos, e percebi que na infância e adolescência eu me sentia o próprio patinho feio! E com o encontro de amigos na universidade, eu encontrei minha turma. Gente eu tinha 19 anos quando isso aconteceu! Já tinha vivido muita solidão e me sentindo a pessoa errada, mal interpretada, má, tudo de ruim sobre mim. Foi um alívio me identif**ar com pessoas da mesma idade. Foi um alívio.
Mesmo assim, todo início de ano eu queria desistir e meus pais diziam: “Desistir é coisa de fracassado!”, e eu tinha a nítida percepção que se eu fosse uma fracassada ai sim eu nunca conseguiria sair da casa deles e dessa situação que eu me sentia amarrada. Então decidi me manter firme e forte, estudei psicologia, mas o que eu mais fiz foi pintar, pintei muito e isso me manteve com a chama viva que o meu sonho um dia seria realizado...
E esse senho começou a ser verdade quando ao 4 ano de graduação em psicologia, uma grande amiga me apresentou a ARTETERAPIA. Nós fomos convidadas à fazer um PIC (Projeto de Iniciação Científ**a) com portadores de HIV, só que eles tinha uma peculiaridade, eles não gostavam de psicólogos. Esse convite “fora de mão” me fez pensar: “Como assim ser convidada a fazer algo científico e academico, ganhar bolsa do CNPQ, logo eu a burra?”. Realizar esse projeto foi um bálsamo para minha auto estima, e ainda mais quando os paciente amavam! Amavam por se sentirem livres em contar sobre suas vidas, por construir algo representativo para eles, e isso não importava a ninguém mais, só a eles.
Essa experiência me fez tão bem que então finalmente a psicologia se encaixou na minha vida! A alegria e a motivação retomou seu lugar no meu peito, e me deu uma direção:“Farei a formação em Arteterapia”! Mas a formação é longe, e agora? Estou namorando, e agora? Naquele tempo a minha sensação e emoção me dizia: “Essa é a única maneira de você ser feliz, lute por ela!.” E assim foi, convenci meus pais, e mesmo a contragosto me apoiaram, o namorado decidiu ir junto e logo que me formei fomos direto para Vitória, ES.
Foram 3 anos que pareceram 100, fiz a formação em Arteterapia, enquanto isso comecei com trabalho voluntário com grupo de mulheres em uma Ong, logo comecei outro trabalho voluntaria no Hospital Militar na ala psiquiátrica, até que consegui um trabalho remunerado na Socioeducação. Ufa, finalmente um lugar ao sol.
E aí que a coisa ficou grande, e eu fiz mais uma pós, em Saúde Pública com ênfase em saúde mental. E dai uma “loucura” me bateu! “Quero ser importante, quero ser respeitada, quero ter dinheiro!”, e de repente além de trabalhar de segunda à sexta das 8h as 18h na socioeducação, eu ministrava 4 aulas todas as noites para o curso de graduação em Pedagogia, também em pós graduação aos sábados e pegava plantão na socioeducação no domingo.
Eita, cadê vida? Cadê Saúde Mental? Foi quando algumas coisas vieram e me tiraram do eixo. Um belo dia tipicamente quente em Vitória, que é uma capital com um índice de violência alto, eu trabalhava com a violência na socioeducação, e tinha uma sobrecarga de trabalho. essa somatória de coisas já me deixava ansiosa e alerta, e certo dia eu presenciei um assalto à mão armada, há 3 passos de mim! Essa cena me desencadeou imediatamente um episódio de pânico. Eu não sentia meu lado esquerdo do corpo, não conseguia respirar, chorava muito, eu tinha certeza que ira morrer. Fui ao psiquiatra e ela me diagnosticou com transtorno de ansiedade generalizada. Escutar isso foi uma bomba. Fiquei com medo de não sair mais dessa situação.
Ai eu vi que tinha que tomar outro rumo na vida, mas qual? Como? Iria deixar tudo o que construí? Não tinha forças para sair da situação. Eu me sentia travada na areia movediça, eu estava na cama de gato que eu mesma armei. Na minha cabeça não via solução.
Tive ajuda de amigos, dos meus pais, meu irmão e cunhada, todos me diziam para eu voltar para minha cidade. Demorei 3 meses para decidir, e quando falei “Agora vou!”, nossa! eu chorei uma semana. Até que pedi minha exoneração com uma dor no peito miserável, e peguei minhas coisas e meu gato, e voltei. E o namorado? Nesses tempo a relação já tinha acabado.
Sabe qual foi a minha sensação ao voltar? Que eu estava com uma mão na frente e outra atrás, sabe? Voltei desolada, esgotada, frustrada, mal amada, só os cacos. Minha família e meus amigos daqui e de lá continuaram me apoiando.
Sabe que por fora a situação não era ruim, eu tinha casa, carro, contas quitadas, dinheiro na poupança, apoio, mas por dentro minha gente!, não tinha nada, nada nada nada, só conseguia ver as perdas. E você acha que olhando para as perdas eu achava forças para seguir? Nesse tempo nem pintar eu tinha vontade.
Te que algumas amigas começaram a me dar boas ideias, uma delas foi a Melina, e ela disse bem animada: “Pegue algumas aulas, faça workshop, vá clinicar, estude para concurso”. Mas eu estava amarga, estava sem personalidade, as perguntas que não saiam da minha cabela eram: “Que sou eu? Para que sirvo? Em que sou boa?”. E nenhuma se respondia, não importasse com quem eu conversasse.
Então, comecei um processo de análise com uma psicóloga junguiana, a Renata. Nossa, foi como uma boia salva vidas que me tirou do lodo e começou a me ensinar a nadar. dessa forma retomei um grama de mim, e dai comecei pequeno nos atendimentos ao público, primeiro subloquei uma sala por hora, enquanto eu divulgava meu trabalho de arteterapia que ninguém conhecia e nem dava importância. Fazia trabalho voluntário, trabalhei em ONG.
A ainda em análise minha psicóloga disse “se você é uma fada arteterapeuta por que está querendo ser a fada ferreira”. Isso reascendeu meu coração, eu não deveria desistir da minha paixão, foi ela que me salvou de ser taxada como “retardada” na infância, foi ela que me acolheu na adolescência, foi ela que me fez encontrar o sentido na psicologia, então é por minha paixão, que sempre me moveu, que devo seguir. Decidi! Bora voltar a estudar.
Então com esse propósito fiz a prova para mestrado na UEM, reprovei duas vezes, fiquei furiosa comigo, com o mundo! Sabe o trabalho voluntário? nunca vingou um emprego lá, sabe a Ong, fui mandada embora, a primira vez foi porque eu não era da mesma igreja, e a segunda vez foi porque eu não estava disponível amorosamente para meu chefe. Eita fase de provações para meu Ego que era tão cheio de si.
Uma amiga “anja” falou: “Faz mestrado particular, vai parar sua vida?”. A Audrey e minha mãe me persuadiram e eu fiz a prova, passei como bolsista, não gastei um real! Minha gente, nenhum real! Pensa se eu não tivesse tentado e me dedicado a conseguir a bolsa? A alegria foi tamanha.
Nossas quanta Graça Divina, as coisas começaram a entrar nos trilhos, consegui algumas aulas na pós graduação, mas ainda recebi infinitos foras de faculdades, “justo eu que já ministrei aula em graduação, pós graduação e estou fazendo mestrado?” e minha analista disse “se você levasse a sério os nãos que a vida está te dando, o que te faz pensar?” eu disse: “Pararia de gastar energia com docência e f**ava só na psicologia analítica e arteterapia!”. E então ela disse sorrindo “pois bem, pense nisso!”. Eu pensei, honrei os compromissos que tinha, finalizei o que era para deixar para traz, e foquei minha energia nos estudos e na clínica.
Há como eu estudei e divulguei e me virei nos 30! Até que encontrei um grupo de supervisão na psicologia analítica, estudos! MUITOS estudos. E então esses estudos foram me educando, me nutrindo, e fui me sentindo segura, mais própria, com mais propósito e assertiva na minha atuação.
Com as melhoras também minha vida amorosa evoluiu. Meu atual marido na época era meu namorado, e ele me falava “ah, como é difícil vender coisas que não são concretas”. Afinal o meu atendimento não é material físico, não tem uma garantia de melhora do paciente, e até esse tempo em minha vida isso também era um problema para mim! Eu não conseguia ainda ver tanto valor naquilo que eu fazia, por mais retornos positivos de pacientes, tudo isso ainda era pouco para mim. E por um tempo me fez pensar negativamente sobre mim e o que eu fazia, pensei várias vezes em desistir e montar um comércio de “coisas materiais”.
Foi aí que eu encontrei e apliquei em mim 3 passos, que me guiaram a mim mesma! E é essa ferramenta que tenho omo objetivo, e me comprometi a levar a todos, tanto aos terapeutas quantos os pacientes.
Os três passos são: ANÁLISE-SUPERVISÃO-ESTUDOS. A análise pelo autoconhecimento, a medida que vamos nos conhecendo vamos alimentando coisas boas internas, e limpando e transformando coisas que nos prendem e nos impedem de avançar e ser feliz. Supervisão porque “Quando falo sobre Pedro, falo mais de mim do que de Pedro.”, então a supervisão serve para analisarmos nossos óculos da vida e recolhemos projeções, aprendemos muito de nós mesmos com isso. E estudos porque eles dão base e ajudam a ampliar a consciência. e Claro, sabendo de tudo isso, eu ofereço esses três passos de muitas formas diferentes e para públicos de leigos e curiosos, até profissionais avançados.
Veja! Quando minha paixão se uniu ao proposito interior, a criatividade emergiu e isso gerou demanda. A paixão por fim se alinhou com o propósito de vida, ser e atuar cada vez melhor com todos, tanto na vida pessoal e profissional. Eu nunca mais tive dúvida! Hoje eu estou comigo e assim vou permanecer.
Nesta história se passarem apenas 34 anos, que foi vivida a milhão, e que hoje está bem focada, e isso me trás muita tranquilidade em dizer, hoje eu não busco mais clientes ou pacientes, eles me encontram pelo meu trabalho, mas principalmente eles se identif**am com minha energia positiva, persistente, direta e orientadora.
Hoje eu consigo dizer “eu vivo a vida que sonhei, planejei e faço acontecer todos os dias”. É por isso que eu adoro f**ar em casa nos finais de semana e amo segundas-feiras, porque cada pedacinho disso foi cuidadosamente construída por mim e que só foi possível pela minha abertura ao meu autoconhecimento.
Para vocês terem uma ideia vou contar rapidinho uma história. Certo tempo uma amiga dizia “há não, eu sou muito gorda, não consigo tal coisa” e eu dizia “se você quiser, e se atrever a escutar seus desejos internos, e a mudar sua situação de vida, você consegue!’. Dois anos depois ela me mandou uma mensagem no Orkut, ela me agradecia porque ela tinha perdido um emprego, e o novo que conseguiu ela teria que subir muitas ladeiras, ela chegou a pensar em desistir pelo peso, mas ela disse que se lembrou de mim e pensou “não vou desistir, é isso que tem para hoje e é isso que eu quero fazer, me superar”. Ela emagreceu, e logo conseguiu uma nova oportunidade de trabalho e também um novo amor.
Outra história era uma paciente que viveu vários anos um casamento frustrado, e já estava há alguns anos separada. Com o processo de análise ela me disse certo dia “ tu é uma bruxinha boa mesmo! Como é isso da gente fazer uma sessão sobre o amor e eu abrir meus olhos e ter um encontro na mesma semana? Hahahahah esses são os pequenos milagres que a análise pode proporcionar, abrir seus olhos.
E outra paciente que iniciou processo de supervisão comigo, desmotivada, quase sem clientes, descrente em conseguir exercer a arteterapia. Após um curso de mandalas e algumas supervisões online comigo, me retorna dizendo “ a arteterapia está de vento em polpa, vamos agendar mais supervisões”. Porque é isso minha gente, se você investe em você e nos seus objetivos, dá. Se f**a na dúvida e na desmotivação, não tem como vingar.
Se você tem o mal costume de deixa para depois, não vai dar nunca; se você prioriza seu dinheiro em suprir outras coisas, nunca vai gerar mais dinheiro para você mesmo. Vai permanecer patinando no mesmo lugar!Você precisa se decidir e dizer para você mesmo: “Vou superar1”; dizer alguns nãos para as outras pessoas, e até para aquela vozinha interior que sabota a nossa vida.
Esses tipo de relatos que mencionei, sobre a amiga, a paciente e a supervisionanda me motiva muito, é como um sorriso interior. Fico satisfeita em ser uma “mentora suficientemente boa”, nem boa, nem má, uma analista carinhosa e acolhedora, disciplinada e organizada, que facilita o encontro do eu verdadeiro, da satisfação interior, e no propósito de vida pessoal e profissional.
Assim como relatei, eu passei pelo processo de fogo e cura, e continuo me colocando a fogo para criar novas formas cada vez melhor de me reinventar, flexibilizar, amar.
Tenho muita satisfação de imaginar que essa história possa inspirar muitas pessoas a sair da zona de “conforto”, que na verdade é a zona conhecida mas que “desconforta”, para trilhar comigo a jornada da vida.
E mais motivada ainda fico quando alguém se identif**a e me escolhe como mentora, pois sinto que toda essa jornada da minha vida pessoal sempre teve uma direção, só que eu não sabia, mas o meu eu interior já previa! E que bom que eu o escuto hoje. E que bom que você agora pode acreditar e que você também pode começar a escutar.