26/11/2020
A intimidade é uma palavra que aponta para profundidade, âmago da alma. De origem latim “intimus”, denota interior, aquilo que é intrínseco, morada para os desejos e emoções.
Na contemporaneidade, pensar em intimidade, desperta uma inquietação.
Desenfreadamente, vê-se um desejo por relações íntimas mas pouca disposição para construção de algo tão profundo. Vivemos uma “era” onde se relacionar assumiu diversas vicissitudes e controversas.
É comum nomear as relações com rótulos, mas pouco se interessar pelo conteúdo que compõe a embalagem. É possível amizades duradouras, de longa data; e ao mesmo tempo, optar por relação fugazes, no qual nem se sabe o nome da pessoa com quem expôs sua sexualidade.
Novas configurações vinculares que nos levam sempre a compreensão do que isso significa para cada ser humano. Na prática clínica, estamos sempre antenados no modismo; e, reflexivos sobre o desdobramento desses modelos de relações dentro do contexto analítico.
Transitar na esfera íntima dos pacientes é sempre o que buscamos, para que, só assim, consigam dar sentido e eclodir conteúdos encobertos. Utiliza-se de flexibilidade e criatividade para entender aquilo que habita o seu interior, que, às vezes, é desconhecido até mesmo pelo paciente.
Ousa-se propor no contexto clínico uma vivência de aprofundamento naquilo que se é, sendo que isso pode inclusive ir na contramão daquilo que lá fora está em voga. É claro, as dificuldades aparecem na medida que avançamos de algo superficial para outro extremo, aquilo que está nas entranhas de cada indivíduo.
Todas as configurações de relacionamentos hoje padecem de um entendimento, já que serão esse os padrões empregados também com o terapeuta.