12/06/2024
Na psicanálise, o conceito de amor próprio está intimamente ligado à estruturação do ego e ao desenvolvimento saudável do indivíduo. O amor próprio é visto como uma forma de autocompreensão e aceitação, que se desenvolve através das relações interpessoais e da internalização de figuras significativas, como os pais ou cuidadores.
Freud, o fundador da psicanálise, discutiu o conceito de narcisismo, que é um componente central para entender o amor próprio. O narcisismo primário refere-se ao estágio inicial da vida em que a libido (energia psíquica) é direcionada ao próprio ego. Com o desenvolvimento, essa libido é gradualmente deslocada para objetos externos (outras pessoas), o que permite a formação de relações amorosas. No entanto, um nível saudável de narcisismo, ou seja, uma quantidade adequada de amor próprio, é necessário para que o indivíduo mantenha sua autoestima e sua integridade psíquica.
Além disso, Winnicott, um psicanalista pós-freudiano, enfatizou a importância do “self verdadeiro” e do “self falso”. O desenvolvimento de um self verdadeiro, que é autêntico e espontâneo, está relacionado com a capacidade de experimentar o amor próprio genuíno. Por outro lado, um self falso, que se desenvolve como uma defesa contra experiências emocionais traumáticas ou não reconhecidas, pode prejudicar a capacidade de um indivíduo de experienciar amor próprio autêntico.
Em resumo, na psicanálise, o amor próprio é considerado uma forma saudável de narcisismo, essencial para o desenvolvimento equilibrado do ego. É visto como o resultado de uma boa internalização de figuras parentais e de um desenvolvimento emocional saudável, que permite ao indivíduo manter uma autoestima estável e relações interpessoais saudáveis.
Maiana D R Gislotti
Psicóloga
CRP 06/136936
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