10/03/2025
Os dados do Ministério da Previdência Social indicam mais uma vez o aumento na concessão do benefício de afastamento por transtornos mentais, se de 2022 para 2023 aumento havia sido de 38%, de 2023 para 2024 subiu para 68%. O maior número em 10 anos.
E isto é reflexo da pandemia? Não só. No mínimo, diz respeito à urgência de tratarmos o tema com a seriedade e respeito que ele merece.
Esses dados se relacionam aos trabalhadores CLT, um recorte de nossa população adoecida. Revelam que a maior parte dos afastamentos está entre o s**o feminino. O que infelizmente não é uma surpresa. Dadas as condições de sobrecarga e violências sofridas pelas mulheres.
Em maio entra em vigor a atualização da NR01 que aponta para a necessidade de mapeamento dos riscos psicossociais no plano de gerenciamento de riscos das empresas. Muito alarde, desinformação e oportunismo vieram com a atualização.
O fato é que as empresas precisam rever aspectos da organização do trabalho (assédio, sobrecarga, contexto e condições de trabalho precárias, jornada de trabalho, conflitos interpessoais, etc) que podem ter efeito muitas vezes indelével na saúde mental do trabalhadores. Persisto na quase utopia de que o trabalho PODE e DEVE SER PROTETIVO À SAÚDE MENTAL. Uma vez que nos dá propósito, acessos, organização e sentido.
E ressalto, não é com uma ação de mindfulness que as empresas estarão promovendo saúde mental no trabalho. Sem atacar a fonte de sofrimento esse tipo de ação se torna um cosmético. A clínica recorrentemente me mostra o quanto as lideranças têm contribuido para a saúde ou a doença dos profissionais. Mas, ela não é a única responsável. Nossa cultura reforça cada dia mais essa ideia de "melhor versão", "trabalhe enquanto eles dormem" e "dobro da meta".
O custo está dado.
Saúde mental é responsabilidade de todos.
Atente-se a sua e não perca de vista a do coleguinha.