psicologo_amarildobombonato

19/04/2023

"Nunca saberemos exatamente o que faz o coração bater mais forte ou mais fraco, o fundamental é mantê-lo batendo. (...) A abertura à sensibilidade me leva para outro mundo, ao qual me servirei de sensações, afetos, palavras, fantasias... É assim que uma música nos toca, um filme nos toca, um livro nos toca, um amor nos toca... O toque é um encontro com a percepção, um atiçar o corpo dos sentidos, despertar da alma. Sabemos que podemos nos proteger do toque, da sensibilidade, do erotismo. Podemos nada sentir, mas não podemos escolher quando ser tocados. A vida é assim, ou se entra de corpo inteiro, ou se é retirado, devorado pela indiferença apática.". (CURADO, 2022, p.168-171)

28/05/2022

Raw é cru. Pode sim revirar o estômago e é feito para isso. Mas não é repulsivo. É um grande filme que navega entre a conformidade, corpo e sexualidade. É de uma beleza perturbadora.

04/05/2022

O que é a muda para os pássaros, a época em que trocam de plumagem, é a adversidade ou a infelicidade, os tempos difíceis, para nós, seres humanos. Uma pessoa pode ficar neste tempo de muda; também pode sair dele como que renovada.
(Vincent Van Gogh, carta 133 a Theo.)

26/03/2022

03/02/2022

"Libertação é complexidade; por vezes, traz mais angústia, mais medo, não pavor. O alívio pode ser apavorante quando seda e entrega os pontos de amar e sofrer, fazendo um morto-vivo. Enquanto isto fizer sentido, haverá literatura. E psicanálise. A vida não é fácil, assim como a boa leitura. Fácil é medicar-se, ver vídeos, ouvir conselhos, ler autoajuda, jogar games - o mercado sabe disso. Talvez Bettelheim, Lafforgue e outros especialistas já o tivessem dito, mas estou dizendo agora do meu jeito. Ler e escrever são aprender a dizer do próprio jeito. É mais difícil e mais eficaz, outra mensagem dos contos tradicionais. (...) A verdadeira saúde mental consiste em poder imaginar." (GUTFREIND, 2014, p.48-49)

27/01/2022

"Na literatura e na psicanálise, as emoções ocupam o primeiro plano. Em outra parte do seu livro clássico - A psicanálise dos contos de fadas-, Bettelheim (1976) revisou-se ao escrever que cada criança se apropria de cada conto conforme as suas necessidades. Lá pelas tantas, ele diz que, com João e Maria, os pequenos aprendem uma grande lição: brincar com os símbolos é menos grave do que agir na realidade. Há um mundo de sensatez e esperança na ideia do autor. (...) Uma madrasta. Uma casa feita de guloseimas. Pedaços de pão. Pedrinhas. Tudo abre espaço para que a criança se projete no que precisa e possa sentir - até mesmo o medo - sem pânico. Não há vida digna nem saúde mental sem liberdade para sentir medo, tristeza, alegria. Por isso, os contos clássicos superam certa literatura contemporânea de autoajuda; eles não abrigam frieza ou a onipotência do conselho, mas o calor de um sentimento. Este sim pode libertar, porque não está ali para resolver, responder, aliviar, mas para oferecer a intensidade da experiência, apontar possíveis novos caminhos para experiências ainda mais amplas. Lembra a experiência analítica." (GUTFREIND, 2014, p.48)

25/01/2022

Um filme sobre cuidar de feridas subjetivas. Sentimentais.“C’mon C’mon” é em sua essência sobre o aprender a ouvir, a escutar realmente o que o outro tem para dizer.

20/01/2022

"Entre essas satisfações pela fantasia se destaca a fruição de obras de arte, que por intermédio do artista se torna acessível também aos que não são eles mesmos criadores. Quem é receptivo à influência da arte nunca a estima demasiadamente como fonte de prazer e co***lo para a vida. Mas a suave narcose em que nos induz a arte não consegue produzir mais que um passageiro alheamento às durezas da vida, não sendo forte o bastante para fazer esquecer a miséria real." (FREUD, 2011, p.25)

18/01/2022

Que sutileza. Um filme necessário.
Revela a importância de buscar formas de compreender e acolher o funcionamento e sofrimento psíquico em mães. Seus medos, fantasias, angústias e sua autoimagem. As distorções e os lutos. A quebra com a magia da maternidade. Como pensa Manonni: " quando uma "doença" irrompe, é de fato um drama que se desvela, um não-dito que se põe a falar na violência do sintoma." (1990, p.63).

29/11/2021

"Peter Pan, os meninos perdidos e a fada Sininho não passavam de crianças abandonadas pela mãe que desejavam reaver. A nossa neurose também é feita de abandonos (traumas, faltas), que a psicanálise historia, faz contar, representa. Preenche. É a sua forma de reaver. A título de exemplo, Peter conta a sua história:

Achava que minha mãe também ia deixar sempre a janela aberta para mim. Por causa disso, fiquei longe de casa durante muitas e muitas luas, até que um dia voei de volta. Mas a janela estava com grades, porque minha mãe tinha esquecido de mim completamente, e havia outro menininho dormindo na minha cama. (Barrie, 2006, p. 164).

A mãe que dá direito à infância e garante o dever de perdê-la através do encontro com as histórias e o crescimento. Encontro ou reencontro, porque uma sombra da mãe deve ter existido minimamente para que se procure o sol de outra. E, por dentro, nunca seja perdida.". (GUTFREIND, 2014, p.43)

26/11/2021

"A criança que se analisa também quer ouvir histórias. Ela vem para refazer a história de sua vida. Como o adulto, com a diferença que o faz brincando, desenhando, fabulando. (...) Ora, para crescer é preciso ouvir histórias. Somente elas podem nos conter para nos soltar, dar um nome aos sentimentos, construir memórias, consolar do crescimento, da vida e da morte. Para que possamos nos tornar menos despóticos, menos narcisistas, menos onipotentes. E mais humanos.". (GUTFREIND, 2014, p.42)