07/06/2025
No dia de ontem, ganhei um livro de um paciente meu, e ele não imagina como esse gesto foi um verdadeiro suspiro de alívio em meio ao turbilhão que vivi no mês de maio. Aprendi ainda mais a importância do controle das emoções, sobre lidar com frustrações e, sobretudo, sobre encontrar força nos momentos de maior vulnerabilidade. Foi um presente simples, mas que me fez lembrar do poder que os livros têm de nos oferecer co***lo e esperança.
Assim como Malala em Eu Sou Malala, encontrei no poder das palavras um caminho para me fortalecer. Ela, mesmo em meio a um cenário de violência e injustiça, encontrou na educação e na leitura a chave para resistir, para sonhar e para lutar. Eu, por minha vez, cresci sem a base de um lar estruturado, sem a presença de uma figura paterna e em uma família muito pobre. Passei por muitos traumas na infância e adolescência — e, assim como Malala, foi a história que me salvou. Foi ela que alimentou meus dias sóbrios, que me permitiu sonhar e acreditar que eu poderia alcançar voos maiores.
Malala tinha o apoio de um pai que a encorajava a estudar, apesar de todas as ameaças. Minha mãe, ao contrário, não pôde me ensinar a ler, pois é analfabeta. Mas encontrei na dor do diagnóstico de esquizofrenia do meu irmão o impulso para ingressar na psicologia, um caminho que, assim como para Malala, me ofereceu propósito e força.
Hoje, digo com orgulho que me encontrei. No consultório, me sinto acolhida, presente e comprometida em dar o meu melhor como profissional. E entendo, assim como Malala entendeu, que a verdadeira liberdade está em não se calar, em não desistir dos nossos sonhos, em não permitir que as dificuldades nos impeçam de ser quem somos.
A história dela ecoa na minha: ambas, de formas diferentes, aprenderam que mesmo as maiores dores podem se tornar força quando acreditamos no poder de mudar, seja através da educação, seja através do cuidado com o outro.