24/06/2025
Construo hoje essa mensagem com o coração apertado, em solidariedade a tantas mulheres que, como a Juliana Marins, sonham alto, carregam coragem na mala e um senso de independência que, em vez de ser admirado, tantas vezes é punido.
É doloroso ver como, diante de uma tragédia, tanta gente ainda encontra espaço para apontar os dedos, não deveríamos propor reflexões? É nítido que não deveríamos definir o valor de uma vida pela forma como ela decidiu viver um dia de aventura.
Juliana Marins foi vítima. Vítima de um acidente, sim, mas também da negligência, da falta de amparo, da resposta tardia. Fico imaginando o que ela sentiu naquele momento. O medo. A fome. A sede. A solidão. A esperança de ser resgatada. A confiança que talvez tenha depositado em quem deveria protegê-la.
É claro que precisamos discutir com seriedade os perigos de certos trajetos, a ausência de guias melhor capacitados, a falta de estrutura e informação. Isso tudo precisa, sim, ser debatido.
Mas esse texto não é para gerar raiva, é para impedir que a culpa recaia, de novo, sobre a mulher.
Juliana não pode se defender agora e é por isso que tantas de nós precisamos escrever, falar, sentir por ela e por tantas outras.
A dor da sua família, das suas amigas, de tantas mulheres que se viram nela nesses últimos dias, não precisa de críticas. Precisa de abraço e de respeito.
Que possamos, hoje, recolher nossos julgamentos e permitir que um pensamento mais amoroso ocupe esse espaço. Que nossos olhos não enxerguem mais uma “história de imprudência”, mas uma vida que importava.
Uma mulher que sonhava, que acreditava no mundo e que merecia ter sido amparada quando precisou.
Que nossos pensamentos se abrandem.
E que, diante do sentimento de abandono, possamos também acreditar, mesmo com o peito apertado, que Juliana esteja, agora, em paz.
Que tenha encontrado um lugar de luz, onde sua liberdade seja honrada e sua coragem, acolhida como merece.
Com carinho e respeito,
Dra. Ludmila Aguiar