
24/07/2025
Começar uma mudança pode até doer, mas costuma vir com uma certa euforia.
Há um entusiasmo inicial, quase uma esperança embriagada, de que o novo irá, enfim, libertar.
Mas sustentar a mudança...
É aí que mora o verdadeiro desafio.
É quando a névoa passa, o encantamento se dissipa e o que sobra é o real: nu, imprevisível, às vezes duro, outras vezes absolutamente simples.
Sustentar a mudança é aceitar que aquela versão idealizada do amor, da família, do futuro, era uma construção: necessária, sim, mas agora estreita demais.
É enxergar que aquela segurança era controle disfarçado.
É perceber que aquele papel que você representava no mundo, e que até fazia sentido um dia, agora já não serve.
E é nesse exato momento, quando não dá mais para voltar, mas ainda é difícil seguir, que muitos recuam.
Não por fraqueza, mas porque o real exige presença.
E estar presente é uma das tarefas mais árduas que existem para quem aprendeu a sobreviver desconectando.
Mas é também aqui que algo verdadeiro pode nascer:
a coragem de não fugir,
a capacidade de olhar para o que é,
e a escolha de sustentar o que emerge quando você se entrega: sem garantias, mas com alma.
Você não se torna mais forte porque dominou tudo.
Você se torna mais vivo porque está, pela primeira vez, inteiro na experiência.
Presente no risco, na instabilidade, na beleza não filtrada da vida.
E então, mesmo com medo, mesmo com desconforto, algo em você sussurra com firmeza:
“Eu posso sustentar isso.”
Não porque é fácil,
mas porque agora faz sentido.
E talvez, no fim das contas, esse seja o verdadeiro amadurecimento:
sustentar a vida como ela é — imperfeita, real, pulsante —
e escolher viver sem precisar fugir.
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Dr. Yuri Coutinho Vilarinho • Psicólogo • CRP 05/38712