
14/05/2025
Ela quis começar a sessão em silêncio, típico do silêncio que só quem engole o choro conhece.
"Eu tô cansada de ser forte o tempo todo", ela mw contou logo querendo desabar. Enquanto embaralhava o tarot, senti a vibração daquelas palavras pesando no ar. Era um pedido de socorro que parecia leve, mas vinha de alguém que já chorou no banho, que segurou a barra pra todo mundo e esqueceu de si.
A segunda carta então virou: 3 de Espadas. Ela mandou um áudio, achando que era um castigo.
Mas eu ri com doçura."Essa carta não tá aqui pra te machucar. Ela tá aqui pra te permitir sentir."
Expliquei que o 3 de Espadas é a dor que a gente esconde no fundo da gaveta pra continuar dando conta. É o luto de partes nossas que foram silenciadas pra caber em relações, empregos, famílias.
É a ferida que pulsa dizendo: Olha pra mim. Eu ainda tô aqui. E quando a gente olha... não pra julgar, mas pra acolher... algo muda. O choro vem, mas não é queda, é liberação. É o corpo exalando a dor que carregou sozinha por anos. Ela chorou. E ao invés de se desculpar, ela respirou fundo.
"Obrigada por me deixar chorar"!
O 3 de Espadas não veio pra punir.
Veio pra permitir.
Permitir o luto, a pausa, a tristeza, o recomeço.
E no fim da consulta, ela não saiu “forte”.
Saiu inteira.