07/05/2020
Mudanças...
Talvez a primeira imagem que venha a nossa mente, quando mencionamos a palavra mudança, seja um amontoado de caixas. Como vou conseguir organizar tudo isso? Tenho que levar tudo comigo? Posso me desvencilhar de algumas coisas? Mudanças geram medo, insegurança, euforia, sonhos, um misto de emoções.
A palavra também pode nos remeter a uma mudança de vento, de direção. De repente o tempo vira e a chuva nos pega desprevenido. Alguns ficam furiosos outros saboreiam e “cantam na chuva”.
Vocês devem se lembrar de matérias recentes que mostravam crianças e adultos daltônicos, sendo apresentados a um mundo colorido através de óculos desenvolvidos por cientistas. Quando lecionava, sempre utilizava a metáfora dos óculos para mostrar que cada paciente, cada ser humano, enxerga o mundo através de uma lente que é única. Cabe a nós terapeutas, colocar esse óculos para procurar entender como esse paciente enxerga o mundo. A esse “se colocar no lugar do outro”, nós chamamos de EMPATIA. Calçar os sapatos de outrem, requer observação, desprendimento e ao mesmo tempo percepção de nossos limites.
Mudança lembra transformação. Nos tempos de pandemia, tivemos que mudar hábitos, rotinas, ideias, nos reinventar em muitas situações. Na maioria das transformações que passamos ao longo da vida, a mudança nem sempre pergunta se pode se achegar. Na maioria das vezes ela acontece de forma abrupta, sem pedir licença, nos mostrando que a ideia de “controle” que temos da situação é uma mera ilusão.
Na música, uma mudança de andamento, pode nos levar de um movimento de dança, a um movimento de reflexão. Uma alteração de tonalidade ascendente ou descendente também nos proporcionará sensações de mudança. Vocês já devem ter escutado versões diferentes de uma mesma canção. Cada nova roupagem nos surpreende e traz com ela novas sensações.
Mas e quando as pessoas pedem nosso auxílio para a mudança, será que realmente estão preparadas para esse processo ou desejam uma receita rápida dada por nós terapeutas? Fazer as mudanças necessárias requer coragem, busca e reconciliação consigo mesmo. Reconhecer os limites dos pacientes, nesse processo, é um ato de respeito. Nós, terapeutas, temos o dever de auxiliar nesse processo de mudança, mas sempre cientes de nossos limites. A mudança, a realização dela é um ato que cabe apenas ao paciente fazê-lo!
“Você pode levar um cavalo até a água, mas não pode fazê-lo beber. Beber é um problema dele. Mas, mesmo que o cavalo esteja com sede, ele não pode beber a não ser que você o leve. Levar é o seu problema.” – Gregory Bateson, 1980.