29/01/2025
Riscos - Pesquisa da FMUSP descreve um conjunto de casos de pacientes que desenvolveram grave dependência do Zolpidem, medicamento prescrito para insônia. Admitidas no Promud, o Programa de Tratamento para Mulheres Dependentes de Dr**as do Hospital das Clínicas (HC), essas mulheres apresentavam tolerância, quando a mesma quantidade não faz mais tanto efeito e são tomadas doses cada vez maiores; fissura, que é o desejo intenso de consumir a substância; e sintomas de abstinência, quando havia a tentativa de retirada – algumas vezes com consequências graves, como convulsões.
A dependência e os sintomas de intoxicação, como episódios dissociativos (um estado “crepuscular”, comparável ao sonambulismo, em que não se está totalmente acordado nem dormindo), perda de memória, redução da atenção e quedas podem ser atribuídos ao uso inadequado, tanto em relação à dosagem, quanto ao tempo estendido de uso e à finalidade: consumido como droga recreativa ou para alívio da angústia, por exemplo.
“A literatura mostra que acima de cerca de 20 miligramas de Zolpidem, algumas pessoas já têm o efeito de euforia, então muitas usam durante o dia para isso. Mas a maior parte das pacientes com quem tivemos contato começou de fato a usar durante a noite, para induzir ao sono. Só que com o tempo, pelo mecanismo de tolerância, foram precisando de doses maiores e daí passaram a usar durante o dia também, buscando um efeito de alívio da sensação de angústia”, explica Talita di Santi, autora do artigo. Ela destaca que esse é um mecanismo da própria dependência. “Tem a ver com fissura, tem a ver com o tempo de ação do fármaco. É uma coisa que a pessoa não controla, que tem relação com os efeitos químicos da droga mesmo.”
A retirada, enfatiza a Talita, precisa ser gradativa, caso contrário há risco até mesmo de vida, a depender das condições do paciente. “No nosso estudo, duas das pacientes tiveram convulsões após uma retirada abrupta, que não é recomendada.”
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