27/04/2023
Ser sacerdote é muito mais que vestir uma roupa bonita, portar fios de contas lindos. Ser sacerdote ou como chamamos na Umbanda Pai ou Mãe no Santo é levantar todos os dias e agradecer a Nzambi por mais este dia poder cuidar dos Orixás e seus filhos a nós confiados. Ser sacerdote é muito mais do que as pessoas veem. É levar a diante uma bandeira, uma ancestralidade, uma hereditariedade. É ser humilde, firme, correto, perseverante, grato, entre tantas outras características que vamos adquirindo com o passar do tempo e nosso amadurecimento pessoal e espiritual. Por vezes somos alvo de perseguições de vizinhos ou fanáticos religiosos fundamentalistas que em vez de pregar o amor e a compaixão pregam a nossa condenação como "criminosos da fé" apenas por não termos na Bíblia nosso livro sagrado, por termos em nossos Orixás, que vivem dentro de nós e na natureza a nossa escritura mais sagrada, por nossos ensinamentos serem transmitidos através das tradições, da oralidade. Ainda assim encontramos força e dignidade para levantar a cabeça, pegar uma vassoura, varrer os cacos do que se quebrou e reconstruir com amor e fé o que foi destruído por ódio e intolerância, porém sem nunca nos subjugar a quem quer que seja, pois aprendemos com nossos ancestrais que não reagir não é se acovardar, mas uma forma de resistir. E resistiremos até o fim de nossos dias quando nosso Orixá virá nos buscar no momento em que chegarmos ao fim de nossa missão. Cabe, em tempo, ressaltar que é fundamental cuidar dos mais novos no axé, por que deles depende a continuidade de nossas tradições.