Psicóloga Taiana Dalle Zotti Annes

02/07/2025

Sem guerra interna não há transformação.
É dentro que a coisa vira.
E é dentro que nasce outra coisa.
Mais viva. Mais nossa.

28/06/2025

Era madrugada ainda, talvez quatro, talvez cinco da manhã. Comecei a escutar gritos, mas não eram somente gritos, eram gritos de desespero.

Gritos de muita dor.

Era um homem na rua gritando desesperadamente a seguinte frase. Que acabou comigo. Que acabou com o meu sono, que acabou com tudo.

Ele dizia: “Alguém me mata, por favor!!Alguém me mata! Alguém me mata, por favor! Alguém me mata!!! Eu não aguento mais!!!”

Ele gritava copiosamente, com muita força, com muito sofrimento. E ele não repetiu essa frase em gritos apenas uma vez, ou duas vezes, ou três vezes.

Eu acredito que ele tenha gritado umas oito vezes essa frase. Esse pedido de socorro. Ali eu já não consegui mais dormir. Eu não sabia se eu levantava, se eu ligava para alguém, se eu abria a janela, se eu procurava por ele.

Me deu medo.

De um jeito inexplicável, ou explicável, me deu muito medo.

Que dor era essa? O que será que estava acontecendo com ele?

Fiquei pensando nele. Parece uma vida que não está bem, e disso eu tenho certeza.

Ele queria ser escutado. Eu escutei, mas não sei o que estava se passando.

A voz dele ainda ecoa.

Ps: a imagem foi feita em outro momento, mas fala por si.

22/06/2025

Macabéa não sabia de si.
Não sabia do próprio corpo, do próprio desejo, da própria voz.

Era como se vivesse na superfície dos dias, sem nunca mergulhar.
Como se quase não existisse.

Muitas vezes, seguir em frente é apenas repetir, cumprir rotinas, atravessar as horas sem se escutar.
É continuar viva, sem ser.

Clarice nos mostra a dor de uma existência apagada.

20/06/2025

As palavras nos dão forma.

20/06/2025

Macabéa não sabia de si.
Não sabia do próprio corpo, do próprio desejo, da própria voz.

Era como se vivesse na superfície dos dias, sem nunca mergulhar.
Como se quase não existisse.

Muitas vezes, seguir em frente é apenas repetir, cumprir rotinas, atravessar as horas sem se escutar.
É continuar viva, sem ser.

Clarice nos aponta a dor de uma existência apagada.

06/06/2025

Desde que ouvi falar sobre o Eduard Louis, algo me fisgou. A primeira pessoa que vi exaltando a escrita dele foi a Tati Bernardi. Ela disse, em uma publicação:

“…em breve será publicada a entrevista que tive a honra de fazer com o escritor da minha vida. Eu estou aqui, nem sei dizer como. Já chorei, já não dormi, já não comi por um dia inteiro. Ele me emociona como nenhum outro autor jamais me emocionou e me deu o maior presente que uma arte pode dar: ele me deu a sensação de pertencer a um lugar.”

Quando vi que uma autora que eu admiro tanto — e com quem me identifico profundamente, tanto na forma de escrever quanto no estilo literário que gosto de ler, dizia que ele era o escritor da vida dela, pensei: preciso conhecê-lo.

Primeiro li o último lançamento da Tati Bernardi, A boba da corte, e nunca tinha dado tanta risada lendo um livro, ao mesmo tempo em que me sentia profundamente tocada por alguns recortes. O jeito que a Tati escreve me leva para um lugar conhecido, um lugar onde me sinto em casa.

Depois, lendo meu primeiro livro do Eduard Louis, Lutas e metamorfoses de uma mulher, entendi profundamente quando a Tati disse:

“Ele me emociona como nenhum outro autor jamais me emocionou e me deu o maior presente que uma arte pode dar: ele me deu a sensação de pertencer a um lugar.”

Tati escreve como Eduard.
Eduard escreve como a Tati.
Mas Eduard tem uma história de vida bem diferente da dela.

Eduard tem uma história em que precisou fugir para sobreviver. Precisou ler e estudar para sobreviver. Se afastar da família para sobreviver. Precisou escapar da própria realidade para inventar outra. Precisou quebrar.

Eduard escreve sobre sua vida.
Que quase não foi vida.
Foi sobrevivência.

Ele fala sobre como saiu de uma miséria do real, uma miséria de tudo, mas também de uma miséria do interno e do simbólico.

Os livros dos dois falam sobre classe social.
Sobre a luta para existir.

Ps: Monsieur Louis, vou ler todos os seus livros.

02/06/2025

Falo para existir.

Água viva - Clarice Lispector

22/05/2025

Pode-se olhar uma coisa por muito tempo sem vê-la, até que um dia se vê.

Eu quero ver, Clarice.

O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.

🫀

07/05/2025

Uma flor nasceu no consultório hoje no meu retorno, viva, aberta e resistente.
No aniversário de Freud, celebro também o que floresce: seu legado, ainda fecundo, pulsante, atravessando tempos.
A psicanálise segue viva, porque insiste em escutar o que insiste em viver. 🫀

07/05/2025

16/04/2025

Tocar com a alma.
Se deixar atravessar.

10/04/2024

Em nós floresce
O que verdadeiramente somos.

🌷