Psicóloga Marciane Sossmeier

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Estamos todos atraídos pela imagem do Eu e pela forma como somos reconhecidos. E nenhum transtorno terrível se localiza ...
09/04/2025

Estamos todos atraídos pela imagem do Eu e pela forma como somos reconhecidos. E nenhum transtorno terrível se localiza aí! A constituição do Eu está articulada ao reconhecimento. Quando os pais olham para o bebê e enxergam mais do que um pedaço de carne desengonçado, oferecem à criança palavras que lhe dão contornos, identificações, orientações, lugares… muitas vezes, a gente se agarra nisso para se posicionar na vida. “Essa menina é esperta, ela não incomoda, ele é tranquilo como o avô, ele é chorão, ela é forte quando sente dor, esse menino é sensível, bravo, bonzinho…”

O imaginário e o simbólico revestem o nosso corpo desajeitado, amenizam o colapso diante da incompletude e constituem o que chamamos de Eu com suas identificações, ideais e fantasias. Quantas vezes estufamos o peito para dizer “eu sou isso e aquilo…”? O narcisismo possibilita que tenhamos alguma consistência diante das incertezas, das incongruências e do sem sentido da vida. Sem o suporte narcísico, cairíamos no desamparo toda vez que nos deparássemos com alguma adversidade. Se não for possível reconhecer em si alguma potência, não será possível supor que daremos conta em alguma medida e, assim, nenhum passo será dado. Não é à toa que muitos autores situam a depressão ao lado do narcisismo.

Porém, não é apenas a falta de consistência na imagem do Eu que nos amortece. A necessidade de um Eu 100%, consistente e completo, também nos joga no abismo quando a imagem é desmontada.

Se a captura pela imagem do eu ideal é excessiva, há um esforço desesperado em protegê-la. E, sim, somos capazes de absurdos em nome do narcisismo. Tudo que ameaça essa ilusão é rechaçado porque indica que há insuficiências intoleráveis. Ao perder o emprego, ser rejeitado, não ser o preferido, não saber tudo, a gente se depara com o abismo que separa o eu do ideal. Quando a imagem que gostaríamos de ter é abalada, nosso narcisismo é afetado. Quanto mais alguém resiste em abandonar a imagem de um eu completo, mais a angústia lhe consome e paralisa, afinal não há solução para a nossa incompletude fundamental.

Só caminham aqueles que se topam o risco de cair.

Gostamos de pensar que o empenho para agradar alguém é efeito de um “coração bondoso”, contudo, olhando mais de perto, e...
25/07/2024

Gostamos de pensar que o empenho para agradar alguém é efeito de um “coração bondoso”, contudo, olhando mais de perto, encontramos a busca por um lugar aos olhos do Outro.

Há neuróticos muito empenhados em tentar consertar a insuficiência dos outros, mesmo que para isso ele próprio se quebre. Falam sim quando, na verdade, queriam dizer não. Impulsionados por seus fantasmas, ideais e toda a amarração neurótica, a ilusão é de que existe uma forma de deixar o Outro satisfeito e, assim, obter admiração e reconhecimento… outras palavras para falar de amor. Lacan enfatizava que amar é dar o que não se tem, mas a encrenca neurótica é acreditar que tudo é possível, basta se empenhar e nada faltará.

Porém, falta. A frustração de não ser reconhecido e a impotência ao perceber que não importa o que faça, o outro, sempre insatisfeito, vai querer algo mais, alimentam o ressentimento. Para quem insiste em se quebrar para causar um brilho no olhar de alguém, nem uma tonelada de reconhecimento será suficiente para reparar as fraturas e os cortes.

E a vida passando… enquanto estamos distraídos fabricando uma imagem para oferecer à validação do Outro.                ...
14/03/2024

E a vida passando…

enquanto estamos distraídos fabricando uma imagem para oferecer à validação do Outro.

Os pequenos espelhos de outrora viraram paredes inteiras refletindo a nossa imagem. Ninguém resiste a uma olhadinha quan...
04/03/2024

Os pequenos espelhos de outrora viraram paredes inteiras refletindo a nossa imagem. Ninguém resiste a uma olhadinha quando entra no elevador. Andamos com a cara enfiada em dispositivos que registram e compartilham a nossa imagem. Contudo, é um equívoco acreditarmos que atualmente há um culto ao corpo porque o que cultuamos, na verdade, é a imagem de um corpo com manipulações e ilusões.

O corpo tem manchas e assimetrias. A imagem tem pele sem poros. O corpo atravessa a vida colecionando marcas. A imagem apaga rugas e também a história. O corpo é mergulhado no real, é imprevisível e indomável. A imagem que ostentamos não quer mostrar o quanto curtimos e cuidamos do nosso corpo, mas o quanto conseguimos controlá-lo.

Se o sucesso tem a ver com se governar até alcançar o ideal, o feio é o fraco e inadequado que fracassou no domínio do próprio corpo. Como remediamos o que é insatisfatório? Consumindo. Então, o feio também é sinônimo de pobreza, já que basta consumir uma variedade de procedimentos e produtos para eliminar as rugas, modificar os traços e reeditar a imagem. A promessa é de manipulação sem limites em um corpo que serve para servir às nossas ilusões narcísicas.

Para quem está capturado nessa teia, as correções na imagem não têm fim, sem perceber que o “feio e inadequado” não passam de uma invenção social na qual se alienou, se reduzindo à uma pobre ilusão.

Tem neurose que mede o valor de algo pelo seu grau de dificuldade. Há quem não se cansa de contar as agruras que suporto...
27/02/2024

Tem neurose que mede o valor de algo pelo seu grau de dificuldade. Há quem não se cansa de contar as agruras que suportou até a gratificação chegar, coberta de sangue, lágrimas e suor orgulhosos. • O martírio que antecede a satisfação seria uma justificativa para estar autorizado a g***r da vida com dignidade?

Não é só no discurso religioso que há purgatórios necessários para ser merecedor. As fantasias neuróticas podem incluir um ideal de ser reconhecido como quem luta, sofre e persiste. Essa demanda torna a vida uma batalha, e o valor dela e de si se atrelam ao tanto de sacrifícios que aceita - e, por vezes, sem reclamar, pois é preciso gratidão por tudo - .

A pressão pelo prazer imediado e pela plenitude tem aumentado. Abarrota-se o armário com novas compras e o corpo com novos procedimentos, se anestesia e se exige aceleração ou pausa do tempo para não lidar com nenhuma falta. Essas são tentativas fracassadas de tamponar as incongruências desagradáveis, mas há prazeres possíveis que o contemporâneo sufoca. Encontrar um bom amigo ou um bom parceiro, conquistar algo sem pagar com a vida, receber um presente, dançar ou apreciar um brigadeiro ou um filme em uma tarde qualquer… prazeres fáceis demais? Pouco dignos?

É vergonhoso experimentar algo agradável sem antes sofrer?

Para aqueles que só podem usufruir depois de sofrer, uma boa notícia: a condição humana oferece naturalmente uma série de adversidades, privações e angústias. Já aos que não estão interessados em exibir uma imagem virtuosa de acordo com ideais sádicos e querem curtir o intervalo entre um desprazer inevitável e outro, a penitência não é a ponte para merecer alegria e amor. Embora a vida peça coragem e implicação, ela não impõe um suplício e podemos decidir o trajeto, as “regras” às quais nos submetemos e a imagem de si pela qual “pagamos”.

Como uma espécie de justificativa para se entregar a certos prazeres, o carnaval subverte a ordem cotidiana. Ao vestir a...
07/02/2024

Como uma espécie de justificativa para se entregar a certos prazeres, o carnaval subverte a ordem cotidiana. Ao vestir a fantasia, muitos expulsam os deveres entediantes e os limites que sufocam a liberdade. Com riso solto e corpos dançantes, o flerte se estende ao proibido e até ao mortífero. Os foliões são sedentos por extrair o máximo de prazer possível, afinal… a quarta-feira chegará e é preciso aproveitar esse período onde a cobrança por uma imagem ideal abre brecha para a permissão para ser quem quiser e curtir as fantasias.

Liberdade! Até parece que a gente a deseja! Ser livre assusta! Não é à toa que passamos a vida solicitando a orientação dos outros. Basta uma dúvida ou dilema para buscarmos alguém ou algo que “nos dê um sinal” do que escolher, diga para onde ir, estabeleça o nosso caminho, ou seja, que nos limite! A liberdade nos atormenta. Somos livres, mas preferimos que alguém decida por nós, assim, além de acharmos que a responsabilidade não é nossa, não corremos o risco de desapontar as expectativas dos outros. A liberdade é tão apavorante que ao vermos alguém fazendo o que quer, o reprimimos. Quem ousa escolher o que quer, desagrada duplamente: não corresponde aos ideais do Outro e ameaça afundar o barco dos alienados ao anunciar que é possível escolher e vestir a fantasia que quiser, sem delegar o sentido da vida para o Outro.

Bom carnaval! Brinquem com as fantasias, mas não esqueçam que “rir de tudo é desespero” 😬 e satisfação total é ausência de vida ⚰️

Se nossa opinião não é aceita, outra pessoa é escolhida ou o nosso convite é recusado, algo em nós se contorce dolorosam...
01/02/2024

Se nossa opinião não é aceita, outra pessoa é escolhida ou o nosso convite é recusado, algo em nós se contorce dolorosamente. A rejeição escancara uma verdade amarga: não somos e nem temos tudo para satisfazer alguém. Isso fratura a imagem que gostaríamos de ter.

Nessa tragédia narcísica, alguns tratam a dor inflando o ego: “ele não me merece, não sabe valorizar, não vê que sou maravilhos@, conheço 100 países, sou a mais inteligente, o mais legal…”. Outros até tentam restituir a sua potência com uma imagem mais atraente (como se estivessem restituindo a dignidade perdida) e investem em carro novo, corrida frenética para o sucesso profissional ou corpo esculpido. O resultado catastrófico dessa inflação chega com a próxima frustração, estourando a bolha. Quem muito infla o eu com certezas imaginárias de onipotência e completude, cedo ou tarde, se encontrará com quem não o reconhece nesse lugar e prefere outra coisa. Uma bolha que estoura, murcha ou se despedaça. É um terreno fértil para o desânimo e desistência.

Não saímos ilesos de uma rejeição, mas evitar as relações tem a ver com uma tentativa narcísica de proteger o eu. Sem arriscar novos passos, não há frustração e nem perdas… mas também não se ganha nada.

É válido refletir sobre o que é interessante mudar em nós, mas sempre há um outro, separado, diferente e mergulhado em suas próprias questões. E ele pode simplesmente não nos escolher, seja para ir a uma festa ou para casar eternamente. Uma pessoa não te querer não significa que ninguém te quer. Sofremos por querermos ser o que atende ao desejo do outro, preocupados em sermos amados e quase sempre esquecendo de amar. Ninguém concorda, admira ou ama todas as partes de alguém. Não sofremos por querermos amor, mas por querermos ser amados por tudo (e todos) para não lidarmos com a impossibilidade de satisfazer completamente alguém.

Colega do "tá pago", surgiu o "terapia em dia" como mais um ideal para corrermos atrás, alimentando a ilusão de que é po...
18/01/2024

Colega do "tá pago", surgiu o "terapia em dia" como mais um ideal para corrermos atrás, alimentando a ilusão de que é possível viver sem abalos e sem buracos. O termo é usado quase como um selo de normalidade e adequação de uma criatura sem dilemas porque se conhece plenamente, ama e respeita cada célula sua, do mau hálito até às neuroses chatas (que espera que alguém idolatre). A criatura com a terapia em dia não possui insatisfações, inseguranças e nem medos, não stalkeia ex, não se irrita e nem se afeta com críticas e, mesmo que tenha batido o dedo mindinho na quina, exibe uma expressão plena e agradecida. A diferença dessa criatura para qualquer outra é que ela se desdobra para tentar esconder e aniquilar a sua condição humana.

Sentar na poltrona do consultório do psicólogo ou deitar no divã do analista semana após semana, não garante que aquela criatura se lançará rumo ao estranho que lhe habita e que criará um jeito seu e menos sofrido de lidar com suas questões para poder se enlaçar e curtir com os outros. Além disso, ninguém se cura de ser humano, isso não é doença. Na constituição de cada um há ambivalências e incoerências que nos confundem. Há amor e ódio, querer e não querer a mesma coisa, repetir o que jurou não fazer mais e tantas outras "humanices", que podemos ressignificar e inventar modos interessantes de lidar, mas não conseguimos extirpar a nossa estrutura de onde algo sempre escapa. Pintar uma imagem de si absoluta, que exclui os impasses, limites e brechas é efeito da nossa eterna tentativa narcísica de sermos completos, conhecer e controlar tudo. Muito do nosso cansaço é fruto desse alto investimento no na ilusão de um ego/eu pleno.

As utopias são necessárias para lidarmos com o real, elas dão cor à vida, mas querer viver nelas é outra história...

Férias acabando e nelas uma questão me marcou: o tempo. O tempo das férias é esquisito ou esquisito é o tempo acelerado ...
08/01/2024

Férias acabando e nelas uma questão me marcou: o tempo. O tempo das férias é esquisito ou esquisito é o tempo acelerado do cotidiano ao qual nos adaptamos?

▫️O tempo nas férias é diferente, como se elas subvertessem a aceleração que nos consome diariamente. Estamos mais livres para modelarmos o ritmo conforme o nosso tempo particular. Facilmente nos perdemos sem saber que dia é hoje, mas o desnorteamento das férias é prazeroso, diferente do desnorteamento angustiante de quem não vê o tempo passar por estar submerso nas multitarefas e preocupações cotidianas.

▫️ A tranquilidade é um efeito da descompressão? É comum viajar e se afastar do seu lugar habitual, que pode ser marcado por pressão, compromissos castradores e malabarismos que sustentam uma imagem e uma perfomance produtiva (que possibilita consumir mais e mais). Aliás, a descompressão das férias subverte até o consumo. Entregar-se ao intervalo sem a crueldade da culpa e suspender as respostas às demandas barulhentas do mundo, permite largar o celular, evitar consumir frivolidades e se recusar a ser consumido pela velocidade, rígida e pobre de sentido.

▫️ A velocidade cotidiana atropela a subjetividade e a vida, que tentam respirar entre os esmagamentos causados por ela. O tempo veloz entorpece e, embora nos espantemos com ele, ficamos incapazes de percebê-lo passando. Em quantas experiências da vida estamos realmente presentes? Os menos alienados desconfiam que não estão usufruindo da vida, alguns se fixam no ressentimento, mas há os que questionam e inventam um ritmo menos sofrido e mais vívido.

▫️Vale lembrar que, dependendo da aceleração e da pressão dos ideais, o “tratamento” oferecido por 15 ou 30 dias de férias não será suficiente para evitar um colapso ou uma vida achatada.

▫️A gente insiste em esquecer que o tempo que extraviamos não pode ser recuperado. Ele é indomável, as férias acabam e a vida também. Contudo, ele não é um algoz que impõe uma velocidade perversa, ele é como uma dança cujo ritmo e passos quem define é o dançarino.

#2024

Se a opinião é do outro, por que pode nos afetar tanto? Talvez porque o modo como somos vistos sacode o nosso narcisismo...
17/12/2023

Se a opinião é do outro, por que pode nos afetar tanto? Talvez porque o modo como somos vistos sacode o nosso narcisismo, pois não há nada mais humano que querer ser reconhecido e amado.

Investimos no eu ideal - a imagem de si que equilibra todos os pratos da vida e é livre de insuficiências - e colocamos o Outro no trono de quem avalia e afirma se temos valor.

Não é fácil mitigar o impacto dos ideais e expectativas dos outros porque imaginamos que se não correspondermos exatamente ao que querem, seremos rejeitados. E, de fato, às vezes, quando deixamos de servir às vontades e recusamos a posição de objeto em algumas relações, algumas pessoas não suportam os limites e vão embora.

É pobre e árido viver norteado apenas pela própria satisfação. Não precisamos rechaçar tudo o que é importante para aqueles com os quais queremos compartilhar a vida. Contudo, alimentar a alienação ao Outro nos faz objeto, mata o desejo e a possibilidade de inventarmos uma vida que nos afaste do ideal do Outro.

É uma escolha complexa: questionarmos o lugar que achamos que o Outro nos deu nessa relação e corrermos o risco dele ir embora diante da frustração que ele próprio não sabe lidar ou vivermos engessados em seus moldes na tentativa de sermos totalmente amados de acordo com os termos dele?

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Marciane Sossmeier
Psicanalista e Psicóloga
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