28/04/2020
Reflexões sobre a Impaciência
Estamos diante de um dos males psicológicos mais comuns na atualidade.
O relógio, tortura do mundo atual, inquieta as pessoas, cuja existência se desenvolve saturada com demandas de urgência.
O progresso tecnológico tornou evidente as inúmeras complicações que agora perturbam a vida.
Com o contínuo desenvolvimento material, cujos avanços melhoraram muitos aspectos da nossa existência, fizeram crescer também diversos problemas.
Ao superexcitar o nosso ânimo, o estilo de vida moderno faz com que tropeçamos na impaciência.
Em tal estado, qualquer demora ou inconveniente vinculado a preocupações ou responsabilidades fazem explodir o indivíduo, que a ninguém perdoa.
Hoje em dia, são poucos os que não experimentam os efeitos das mudanças ocorridas no mundo.
Os inconvenientes que surgem diariamente e as demoras suportadas, com a consciência do tempo que se perde, estimulam o impulso da urgência.
A impaciência adquire, frequentemente, caráter de obsessão. Quando atinge tal extremo, qualquer espera, por menor que seja, assume uma dimensão de tragédia.
A pessoa impaciente supõe que tudo se conjurou para tortura-la, só respirando com satisfação quando vence algum contratempo.
A pessoa sem paciência é uma escrava do tempo. Do mesmo tempo que ela desperdiça com trivialidades. Pois ela desconhece o seu real valor.
A impaciência estimula a aflição do tempo e a faz viver em uma contínua afobação interna.
Quem permite ser apoderado do mal da impaciência vive em um constante apressamento das coisas. Principalmente sobre as coisas em que ela não tem qualquer controle.
Já para aquilo em que ela tem total gerência, tende a ser negligente. Mas, isso é assunto para um outro email.
Pessoas assim tendem a perder excelentes oportunidades na vida, caso seus esforços não sejam dirigidos de forma inteligente e positiva.
A pessoa impaciente tem muita dificuldade em entender que cada processo, pessoa ou situação requer um tempo.
A impaciência possui uma única utilidade: combustível para a truculência emocional.
O que não signif**a que devemos ser lenientes. Na verdade, existe uma linha bastante tênue entre ser paciente e leniente.
A impaciência como obstáculo ao progresso interior
Toda pessoa que está empreendendo o cultivo de uma vida mais elevada, provavelmente, percebeu que o processo é lento.
Não ocorre em um piscar de olhos. Mas, requer esforço, disciplina e uma vontade firme em querer elevar-se.
Somos testados diariamente, sob as mais variadas circunstâncias. Somos provados de todas as maneiras.
A impaciência tende a enxergarmos essas situações com um superdimensionamento que, na realidade, não existe. Exceto em nossa mente.
Ora, é evidente que isso se levanta como um denso obstáculo ao nosso avanço.
Enquanto não vencermos esta debilidade, atrairemos as mesmas situações.
A paciência consciente
Todo defeito possui o seu oposto. No caso da impaciência, a paciência. Sim, é óbvio.
Mas, é incrível como a gente tende a não praticar o óbvio.
Muitos vivem atrás do botão mágico, da lista com 10 dicas imperdíveis para você ser uma pessoa melhor. Da técnica com apenas 3 passos simples para você descobrir sua verdadeira missão (se possível, em poucos minutos porque um amigo te enviou um zap e você precisa olhar).
Estou convencido, pela própria experiência, que a paciência consciente é o melhor antídoto para a impaciência.
Ao indicar a paciência consciente, quero dizer paciência ativa. Não me refiro, portanto, à espera passiva, mas aquela que cria serenidade e nos torna mais compreensíveis. Novamente, uma linha tênue.
A paciência ativa nos torna atentos aos nossos direitos e deveres durante todo o processo abrangido pela espera.
A paciência é uma das qualidades mais ricas e difíceis de se desenvolver.
No entanto, seu pleno domínio não é impossível, caso a vontade esteja firmemente engajada em sua conquista.
Espero que esta reflexão tenha ajudado você de alguma forma.
Texto de Daniel Fidelis.