23/09/2015
RG by
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A dieta do Dr. Atkins, ou simplesmente “Dieta da Proteína” causa polêmica. Muitos dizem que ela traz resultados e digo que, assim como a Dieta Dukan, ela parece eficaz em curto prazo. O problema está em como acontece o processo de emagrecimento, e é isso que pretendo explicar hoje! Primeiramente, vamos apresentá-la: ela foi criada pelo cardiologista americano Robert Atkins, e sua principal regra é restringir severamente a ingestão do carboidrato em todas as refeições, priorizando o consumo de proteínas (alimentos de origem animal como carnes, ovos, peixes, bacon, embutidos e queijos amarelos). Ela funciona inicialmente limitando as fontes de carboidratos, que se reduzem à 20g, sendo obtido apenas com o consumo de vegetais. O que acarreta um processo bioquímico onde o fígado converte a gordura corporal em ácidos graxos e corpos cetônicos, que substituem pessimamente os carboidratos na hora de serem utilizadas como fontes de energia para o nosso corpo. Isso resulta em uma queda de peso e rápida recuperação, aquele velho efeito sanfona. Ao meu ver, os pontos falhos estão na permissão da mistura de proteínas em uma mesma refeição, pois não existe exigência! Os tipos industrializados e as quantidades exageradas, ou seja, proteínas “sujas”, pois este excesso (que não é nenhum pouco refinado), não é saudável. E o problema maior está na Cetose, que permite a maior saciedade do organismo. Querem entender? Já que não há consumo de carboidratos para fonte de energia, o corpo sofre adaptações metabólicas, passando a usar corpos cetônicos como fonte, poupando um pouco de glicose para o cérebro, seu principal dependente. Em alguns dias, o organismo se libera da dependência de carboidratos e passa a utilizar as gorduras como fonte de energia, aumentando a saciedade. Na teoria parece ótimo, não é? Mas a revista científica Lancet publicou um artigo onde especialistas americanos descreveram o caso de uma mulher de 40 anos que seguia esta dieta e acabou desenvolvendo um problema grave no sangue. A paciente seguia rigorosamente a dieta porque apresentava um quadro de obesidade, mas em 2004 ela chegou ao setor de emergência do Hospital Lennox Hill, queixando-se de dificuldades para respirar, sendo imediatamente transferida para o centro de terapia intensiva. os exames confirmaram que ela apresentava quadro de cetoacidose, um problema grave que ocorre quando os níveis de substâncias ácidas, chamadas cetonas, se acumulam no sangue. Estas substâncias são produzidas quando os níveis de insulina caem devido à falta de alimentação (carboidratos) ou diabetes. Segundo o professor Klaus-Dieter Lessnau, que liderou a pesquisa, "a paciente teve uma Cetose causada pela dieta Atkins e desenvolveu um quadro grave de cetoacidose, possivelmente quando seu consumo oral estava comprometido devido a uma leve inflamação do pâncreas ou gastroenterite". O criador da dieta, entretanto, diz que a cetose é essencial para o emagrecimento.
Como sempre digo, estas dietas (quando indicadas) devem ser acompanhadas por nutricionistas, pois se limitarmos as fontes de nutrientes do nosso corpo, temos que ter certeza que isso será benéfico. Não adianta fazer, emagrecer, mas depois ter problemas por conta disso (ou não conseguir fazer a manutenção, o que é muito comum)!
Nada substitui alimentação saudável e exercícios físicos regulares, lembrem-se! ë necessário reeducar-se em quesito alimentar, e não fazer este tipo de restrição que na verdade peca muito ao não priorizar a qualidade de uma boa alimentação!
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Sempre costumo dizer aos meus pacientes: nenhuma "dieta" que restrinja muito algum tipo de alimento (a não ser os alimentos que são inteiramente nocivos, como os industrializados por exemplo) é eficaz por muito tempo. Trabalho com a ideia de que devemos ter/adquirir um hábito alimentar que possa ser mantido pro resto de nossas vidas, e não apenas por um determinado período. Reduzir o consumo de carboidratos, melhorar a qualidade deles, realmente traz resultados positivos, mas sou contra restringi-los!
Lembrem-se sempre: a palavra chave é equilíbrio!