15/04/2020
Ah, as escolas...
O que estão fazendo com as nossas crianças em época de confinamento?
Eu já li alguns textos a respeito do assunto. Me identifiquei completamente, como profissional e como mãe. Também vou escrever um pouquinho para trazer o mínino de reflexão, e assim poder aliviar o meu coração aflito.
Guilherme tem 8 anos. Está no terceiro ano e estuda em uma escola particular aqui da cidade, e não tem sido diferente o nível de cobrança e exigência da escola para cumprir o conteúdo das disciplinas durante as aulas online, assim como todas as outras. Professores atarefados, sendo cobrados e expostos em vídeos. Alunos desmotivados, cansados e sem concentração. Pais de cabelo em pé.
Lembro à todas escolas, que não estamos de férias. Que muitos pais seguem trabalhando, fora ou dentro de casa. Que temos outros filhos para atender. Que a dinâmica de cada família é diferente. Que nem todos os alunos estão conseguindo estarem presentes nas aulas. Que a internet cai, que o computador trava, e que não estamos conseguindo dar conta de sermos pais, profissionais, e também professores.
Estamos vivendo uma pandemia. Tempos difíceis, atípicos. As crianças estão presas dentro de casa, sem contato com os avós, com os amigos, sem poder ter a liberdade de sair, de ir a praça ou fazer qualquer atividade ao ar livre. Não acho justo que seja atribuído a elas uma carga escolar e emocional maior do que conseguem suportar. Não era assim antes, porque deve ser agora?
O momento exige a adaptação e a reinvenção de todos nós, hoje e daqui para frente... Quando as aulas retornarem, mais importante do que o conteúdo das disciplinas na sua forma tradicional, seria interessante poder trabalhar com os alunos, dentro de cada matéria, o atual momento que estamos vivendo.
Como eles estão entendendo tudo isso que está acontecendo no mundo?
O que eles tem aprendido com essa experiência?
Quais as dificuldades e frustrações?
Quais os valores?
Tenho claro que, tudo pode ser recuperado depois, inclusive o ano escolar. Mas a saúde mental dos nossos filhos, essa deve ser acolhida e preservada hoje, tanto por nós pais, quanto pela instituição escolar em que eles estão inseridos.
Cuidado com as nossas crianças, é só o que peço!
Patrícia Tavares
Psicóloga - CRP 07/13300
Pelotas/ RS