11/07/2020
O PESO DA CRÍTICA
Por Bruna Kopke
A crítica é o tipo de influência desnecessária que todo mundo recebeu a mais, e de graça, porque ninguém pede para ser criticado. Por esse motivo armazenamos um estoque de crenças de medo que produzem muitos efeitos contraproducentes em nossos comportamentos.
Existem alguns medos básicos que norteiam a mente humana e causam as maiores crenças limitantes que nos impedem de atingir os resultados desejados.
Um dos medos mais prejudiciais é o medo da crítica - que nós temos num grau altamente desenvolvido. É um medo que paralisa nossas ações, porque ataca um de nossos valores mais importantes: a aprovação social. As pessoas desejam ser amadas, aceitas e aprovadas pelo grupo que fazem parte.
Historicamente essa necessidade se origina do período em que os homens começaram a se organizar em sociedade, e para estabelecer a ordem, precisaram impor regras de conduta, onde aquele que não se adequava era sumariamente excluído para evitar desalinhamento nas relações sociais. E o excluído tinha pouquíssima chance de sobreviver.
Essa ideia de autoproteção foi transmitida através de gerações e passamos a criar uma regulação interna de forma inconsciente, onde estabelecemos critérios sobre até onde podemos ir para evitar sofrer as consequências da desaprovação social.
EFEITOS DO MEDO DA CRÍTICA
Esse medo cria um complexo de inferioridade que destrói a iniciativa e desencoraja a imaginação. As pessoas não conseguem ser a sua própria referência e copiam sistematicamente os exemplos externos para impressionar e garantir os elogios. Causa aversão social, manifestada pelo nervosismo e timidez diante de situações que fogem da zona de conforto, e essa falta de confiança nas próprias ideias e atitudes interfere diretamente nos resultados, pois mina a livre iniciativa e desencadeia uma preguiça física e mental. A insegurança causada por esse medo faz com que as pessoas desistam diante da primeira oposição, criando o hábito de aceitar e se resignar diante das derrotas.
Não há como sair vencedor procurando do lado de fora o que está dentro de nós. Não existe isso de f**ar procurando a palavra certa, o jeito certo, o caminho certo, o “grande segredo”. Mas vamos lá: se você quer mesmo saber qual é o “grande segredo”, experimente parar de se criticar e começar a se perguntar: “O que eu sinto que eu quero fazer?” “O que eu quero experimentar agora que vai me deixar feliz e realizado?” Se não consegue sequer sentir o que deseja, pense sobre o que você não quer. Pelo contraste você encontrará a resposta.
O CRÍTICO INTERNO
O crítico interno é uma voz interior de desencorajamento que sopra nos ouvidos e condiciona as pessoas a exagerar o negativo e a encontrar defeitos em si mesmo, nos outros e nas circunstâncias porque reforça as nossas crenças. Ele é muito sutil e age às escuras, no inconsciente, e provoca boa parte da nossa ansiedade, aflição e sofrimento, além de causar muitos conflitos de relacionamentos.
As crianças aprendem desde cedo, na escola e em casa, que tudo deve ser igual para todo mundo, que todos devem receber o mesmo tratamento, ignorando que essa igualdade deveria se limitar aos direitos e às obrigações, e que as peculiaridades de cada um precisam ser identif**adas e desenvolvidas. Então o padrão reativo dos responsáveis geralmente é: se um filho apronta, todos os irmãos sofrem as consequências, se um grupo pequeno desrespeita a professora, todos f**am sem recreio. Mas aquele que consegue as melhores notas na escola e faz tudo “corretamente”, aquele que é simpático com todo mundo, é o mais elogiado e recebe a maior atenção dos professores e colegas, o que não é garantia de nada. Isso vai criando a ideia de que quanto mais igual e regulado for o comportamento, ou, quanto maior o esforço em agradar e ser adequado, melhor será o desempenho e a aceitação.
É evidente que o senso comum entende que é mais agradável lidar com pessoas “sociáveis”, mas, ao levar esse aprendizado para a vida adulta como uma regra para atuar e criar resultados, começam a surgir pensamentos de perfeccionismo que desencadeiam uma preocupação de não ser bom o suficiente, e consequentemente a perda do ânimo para agir. Uma “preguiça” de fazer diferente.
Quando surge alguém com uma regulação maior que a nossa, porque tem coragem de se jogar nas experiências sem a preocupação em agradar os outros, e com isso consegue resultados melhores, não entendemos como aquilo aconteceu, e aí nós criticamos, porque ao encontrar um defeito no universo alheio, nos sentimos mais confortáveis com o que falta em nós.
Entenda que toda crítica feita ao outro ou é falta de coragem - provocada pelos pensamentos sabotadores - ou excesso de arrogância, por se achar tão bom a ponto de não admitir errar.
O processo de comparação com o outro joga as pessoas num espaço de inveja, que incomoda e causa dor. Todos passamos por isso em nosso processo evolutivo. É preciso compreender e aceitar, portanto, que não dá para medir todo mundo com a mesma régua. As pessoas são diferentes. Tudo pode acontecer: às vezes fazemos tudo certo e dá errado; às vezes fazemos tudo errado e dá certo. E está tudo bem! Só há como conhecer o resultado de experiências vividas - tudo mais é pura especulação.
Imagine que você está em um encontro incrível com os seus amigos dos tempos de faculdade e todos se reúnem alegremente para tirar fotos e registrar aquele momento. O que mais importa? O resultado da foto (se você saiu bem ou não) ou a experiência em si?
Será que a memória afetiva daquele momento não é mais importante do que o seu sobrepeso ou o cabelo mal penteado? Se você é a pessoa que prefere segurar a câmera para não aparecer porque sente vergonha, você está se esquivando daquele desfrute e para sempre você vai olhar para aquela foto e se arrepender de não ter se envolvido como gostaria, quando na verdade, você fazia parte e merecia estar ali. Então, somente “rasgando a camisa-de-força” que te prende às dores do medo da crítica, que você conseguirá se libertar. Porque no final das contas, não é o resultado que importa, mas sim a experimentação do prazer de ser livre para fazer o que você deseja para ser feliz.
COMO ENFRAQUECER O CRÍTICO INTERNO
Como esse sabotador acomete a todos indistintamente, em maior ou menor grau, todos somos atingidos de alguma forma. A maneira que lidamos com ele nos permite controlar a sua interferência nas nossas emoções e consequentemente no nosso comportamento. A primeira coisa para enfraquecê-lo é a tomada de consciência quando perceber que está criticando.
Perceba a sua presença, rotule-o e ria dele. Simplesmente deixe passar. Isso mesmo! Ao invés de dizer “Não consigo” ou “Essa é uma situação que eu não vou conseguir lidar” Diga: “Meu crítico diz que eu não consigo” ou “Meu crítico diz que essa é uma situação que não conseguirei lidar”. Se preferir, pode até escolher um nome da sua preferência para rotulá-lo. Ele perde boa parte da sua força e do seu poder quando é isolado, porque é covarde e vai minguar quando entender que você é quem manda. Se não fizer isso, você não se condiciona a olhar para a “parte boa” que existe em você, e esse é um dos venenos mais nocivos, porque mata as suas relações e a sua capacidade criativa. Deixe que as pessoas sejam quem elas quiserem ser e você também será quem quiser. Isso é libertador!
Exerça o autoperdão e seja empático consigo mesmo – para se perdoar pelos erros que cometeu e pelos quais sente vergonha, é preciso que eles fiquem claros para você. Procure visualizar essas situações do passado que ainda te afetam. Anote as situações em que você mais se julga e que mais te levam ao sentimento de culpa. Clareza é poder.
Ninguém consegue mudar o que desconhece.
Procure olhar para essas situações como se fosse um expectador - Se você estivesse assistindo a um filme sobre a sua vida, como você veria essas situações? O que você diria a si mesmo? Se preciso for, coloque-se como um personagem.
Depois, escreva uma mensagem de apoio dizendo que você foi o que conseguiu ser e fez o que podia fazer com os recursos que tinha na época, e que se perdoa pelas “falhas” cometidas. Que perdoa as pessoas que, na sua concepção, falharam com você, porque elas também entregaram o que tinham a oferecer, principalmente se essas pessoas forem os seus pais.
Comprometa-se com um novo olhar. Escreva e guarde na memória: “Eu me comprometo a ser mais compassivo comigo mesmo e com as pessoas ao meu redor, a entregar o que eu tenho para alcançar meus resultados e a buscar dentro de mim, as respostas que procuro”.
Por fim, procure sempre se lembrar que novos resultados exigem novos comportamentos – não há como ter resultados diferentes sendo a mesma pessoa. Portanto, ouse, mude suas atitudes, gere novos resultados e experimente uma vida surpreendente.
Faz sentido para você?
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kopke
Pós-graduanda em Coaching Pessoal, Profissional e Mentoring - UNIFAA
Formada em Crenças Limitantes – CRENÇAS PRO
Agendamentos pelo zap (24) 98837-6007
Publicado em 11-07 - 08h40
Última atualização em 11-07 - 08h40