
13/02/2025
Cresci inserida na bolha do padrão social, onde o roteiro da vida amorosa parecia já estar escrito: encontrar uma única pessoa, construir uma relação exclusiva e seguir esse caminho até o fim da vida. Essa “história da minha vida” sem que eu realmente tivesse consciência se era para mim, foi reforçada por filmes, músicas, família e amigos.
Com o tempo, depois de viver por 7 anos uma relação monogâmica, comecei a questionar se aquele modelo era, de fato, o único caminho possível — e, mais importante, sentia cada vez mais que não fazia sentido para mim.
Foi um processo que exigiu coragem. Olhar para dentro, com honestidade, foi o primeiro passo. A psicoterapia me ajudou a entender que muitas das minhas angústias não vinham de uma falta de amor ou compromisso, mas da sensação de estar me encaixando em um molde que não me servia. Meu desejo por conexões mais livres e autênticas nunca foi um desvio, mas uma parte essencial de quem eu sou.
Aprofundei-me em pesquisas, estudos sobre relacionamentos e sexualidade, e descobri que a monogamia não é uma verdade universal, mas uma construção social. Encontrei histórias, referências e comunidades que mostravam inúmeras formas de amar, e que cada uma delas pode ser tão válida e significativa quanto o modelo tradicional.
Aceitar minhas tendências naturais e minhas necessidades afetivas foi libertador. Percebi que a não monogamia não significa falta de compromisso ou amor, mas sim um convite à transparência, à comunicação e ao respeito mútuo. Significa construir relações baseadas em acordos conscientes, e não em imposições herdadas.
Esse processo me permitiu ajustar minha relação para viver amores mais genuínos, sem o peso da posse e do ciúme irracional. É importante lembrar que meu parceiro, Marcio, também escolheu sair da bolha monogâmica, e juntos escolhemos que a melhor forma para nós era a NMC.
A não monogamia não é para todos, assim como a monogamia também não. A minha jornada não foi a mesma do Marcio, assim como a sua também será única. Mais do que ter ou não exclusividade nas relações, a não monogamia nos lembra que para ser feliz, não precisamos ser o que todo mundo quer que a gente seja.
Marina Roty