
25/06/2025
Caminhada a pé rumo a Aparecida: 20/07/2015
Hoje amanheceu um frio cortante aqui em Piracaia, e a sensação me transportou, como um sopro no tempo, para aqueles dias de travessia sagrada. Naquela ocasião, meu corpo ainda carregava as marcas recentes de duas cirurgias: uma retirada de vesícula por nódulos, seis meses antes, e uma apendicite, três meses antes. Além disso, eu enfrentava os efeitos de 20kg acumulados pelo uso de corticoides. Minha pele brilhava, meu reflexo já não me reconhecia, a aparência distorcida era apenas o retrato exterior do que também se transformava por dentro.
Foi nessa jornada que conheci o Tião do Pito (esse da foto). No início, confesso, ele me irritava. Fazia bagunça demais, enquanto tudo o que eu queria era dormir um pouco, depois de acordar de madrugada nos pousos improvisados. Mas, a partir do segundo dia, ele se tornou meu anjo da guarda. Um anjo irreverente, que tomava muito do tal “suco” (pinga, no vocabulário dele), mas que não me deixou sozinha nem por um segundo a mais do que eu aguentaria estar.
Atravessamos estradas extensas. Tive crises de febre. Encontramos um cachorro, depois dois filhotes, que eu e o Tião levamos conosco até Piracaia. Minha mãe e minha vó Maria me levaram até a “largada”, rezaram por mim e por nós. Caminhei lado a lado do meu Papito e do Flávio. E isso… isso fez toda a diferença.
Ninguém permanece o mesmo após uma travessia. Aprendi tanto. Lapidei valores. Escutei, com o coração atento, os ensinamentos do meu pai durante todo o percurso. Descobri que era ainda mais forte do que imaginava. Depois, os médicos me disseram que eu corri risco de vida pela minha condição física (isso que eu não sabia das outras tantas condições que tenho). Mas eu não pedi permissão a eles. Eu queria retomar o domínio do meu corpo e, acima de tudo, provar a minha fé para mim mesma.
Comemorei meu aniversário, 23 de julho, num dos pousos, ao lado dos aniversariantes: a Patrícia e o próprio Tião do Pito. E quando finalmente cheguei à Terra Santa… ajoelhei. Atravessei assim, de joelhos, diante da Mãe Aparecida. Será que ela queria isso de mim? Ela é mãe. Provavelmente teria me poupado.
Mas eu precisava. Porque se meu PAI estivesse aqui, se ele me convidasse… eu faria tudo de novo, obrigada PAI por me ensinar o valor da VIDA! ❤️🩹